Corona Vírus, Misérias e Espiritismo
Por: Ronaldo da Conceição Faria Junior
Em o Evangelho Segundo o Espiritismo capítulo III - Há Muitas Moradas na Casa de meu Pai no item Destino da Terra e Causas das Misérias Humanas, nos asseveram as entidades venerandas que participaram da codificação espírita:
“Admira-se de encontrar sobre a Terra tanta maldade e más paixões, tantas misérias e enfermidades de toda a sorte, concluindo-se quão deplorável é a espécie humana. Esse julgamento provém de um ponto de vista limitado, e que dá uma falsa ideia do conjunto. É preciso considerar que, na Terra, não se encontra toda a Humanidade, mas apenas uma pequena fração dela. Na verdade, a espécie humana compreende todos os seres dotados de razão que povoam os inumeráveis mundos do Universo. Ora, o que é a população da Terra diante da população total desses mundos? Bem menos que a de um vilarejo em relação à de um grande império. A condição material e moral da Humanidade terrena nada tem de espantosa, se pensarmos nos destinos da Terra e na natureza de sua população. Faríamos uma ideia bem falsa dos habitantes de uma grande cidade, se a julgássemos pela população dos bairros mais pobres e sórdidos. Num hospital, só vemos doentes e estropiados. Numa prisão, vemos todas as torpezas, todos os vícios reunidos; nas regiões insalubres, a maior parte dos habitantes são pálidos, fracos e doentes. Do mesmo modo, se considerarmos a Terra como um arrabalde, um hospital, uma penitenciária, um pantanal – pois ela é, muitas vezes, tudo isso a um só tempo – compreenderemos porque as aflições sobrepujam os prazeres, pois não se enviam aos hospitais as pessoas sadias, nem às casas de correção aqueles que não cometeram crimes, porque nem os hospitais nem as casas de correção são lugares prazerosos. Assim como, numa cidade, toda a população não está nos hospitais ou nas prisões, assim toda a Humanidade não se encontra na Terra. Da mesma forma como saímos do hospital quando estamos curados, e da prisão quando a pena é cumprida, o homem deixa a Terra para mundos mais felizes, quando se cura de suas enfermidades morais.”.
Principiamos o ano de 2020 com o panorama de uma terrível epidemia gerada pelo corona vírus, classe de vírus comum desde meados da década de sessenta e que ocasiona enfermidades que vão desde leves e moderadas infecções até as que possuem maior austeridade, como por exemplo a pneumonite que nada mais é que uma inflamação de nossas vias respiratórias, e que podem ocasionalmente levar aquele indivíduo infectado pelo vírus ao desencarne. O corona vírus foi identificado preliminarmente na China, em Wuran. De acordo com os estudos o vírus possui período de incubação é de 2 a 14 dias e se manifesta em sintomas de defluxão, dor de garganta, pirexia, tosse e dispneia. A cedência acontece através de tosse ou espirro; contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies que estejam contaminadas pelo vírus, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos. Desde o mês de Dezembro de 2019, quando então surgiram os primeiros casos na cidade chinesa de Wuhan, milhões de indivíduos já foram infectados e as mortes já passaram de 450 mil. Cidades são isoladas, fronteiras são fiscalizadas e como uma das consequências temos o mercado financeiro e de turismo com grandes crises, enfim, um cenário realmente assustador, pois todos os países já foram atingidos. O panorama é tão grave que a Organização Mundial da Saúde declarou estado de emergência global, advertindo que para a superação da pandemia os países deveriam manter entre si os laços de solidariedade.
Mas o que a Doutrina dos Espíritos nos esclarece a respeito das epidemias mundiais que ceifam vidas e que são capazes de desestruturas até mesmo as mais perfeitas sociedades estruturadas em nosso planeta? Na Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos - Ano Décimo de 1867, Kardec descreve uma terrível epidemia que estava devastando há aproximadamente dois anos a Ilha Maurício (antiga Ilha de França), no capítulo intitulado Epidemia da Ilha Maurício nos narra: “Vários Espíritos nos anunciaram, uns claramente, outros em termos proféticos, um flagelo destruidor prestes a nos fulminar. Tomamos estas revelações do ponto de vista moral, e não do ponto de vista físico. De repente uma moléstia estranha irrompe nesta pobre ilha; uma febre sem nome, que reveste todas as formas, começa suavemente, hipocritamente, depois aumenta e derruba a todos os que pode atingir. É agora uma verdadeira peste; os médicos não a entendem; até agora, nenhum dos que foram atingidos se curaram. São terríveis acessos que vos prostram e vos torturam durante doze horas no mínimo, atacando, cada um por sua vez, cada órgão importante; depois o mal cessa durante um ou dois dias, deixando o doente acabrunhado até o próximo acesso, e assim se vai, mais ou menos rapidamente, para o termo fatal. Para mim, vejo em tudo isto um desses flagelos anunciados, que devem retirar do mundo uma parte da geração presente, e destinados a operar uma renovação tornada necessária”. Neste texto o eminente codificador da Doutrina dos Espíritos nos expõem de maneira clara que os flagelos que abatem toda a humanidade possuem caráter de renovação e não de punição. A ideia de um Deus que pune e que constrange é substituída pela ideia de um Pai infinitamente amoroso, justo e bom que nos permite agir em plena liberdade mas que nos pede satisfação dos nossos atos através da lei de ação e reação. É bastante simples o raciocínio, tudo aquilo que plantamos com as nossas ações haverá de ser recolhido em reações que iremos experimentar, boas ações irão render boa reações e más ações estarão nos rendendo más reações. As doenças físicas e psíquicas não são nada mais que reações ruins que estamos colhendo de ações atuais ou anteriores que foram praticadas por nós mesmos. Levando em consideração este raciocínio simples e que se explica por si, podemos avaliar que o corona vírus assim como as misérias que atingem todo um planeta tem por único objetivo a renovação moral para melhor, engrandecendo não somente aqueles que são vítimas das infecções mas também aqueles que vivenciam toda a desordem causada pelo flagelo.
A Doutra dos Espíritos nos esclarece que as enfermidades sejam elas físicas e/ou psíquicas são parte da vida humana no Planeta Terra. No Evangelho segundo o Espiritismo, Capítulo XXVIII - Coletânea de preces espíritas na parte 5º - Preces pelos doentes e pelos obsidiados temos o seguinte esclarecimento: “As doenças fazem parte das provas e das vicissitudes da vida terrena; são inerentes à grosseria da nossa natureza material e à inferioridade do mundo que habitamos. As paixões e os excessos de toda ordem semeiam em nós germens malsãos, frequentemente hereditários. Nos mundos mais adiantados, física ou moralmente, o organismo humano, mais depurado e menos material, não está sujeito às mesmas enfermidades e o corpo não é minado surdamente pelo corrosivo das paixões. (Cap. III, nº 9.) Temos, assim, de nos resignar às consequências do meio onde nos coloca a nossa inferioridade, até que mereçamos passar a outro. Isso, no entanto, não é de molde a impedir que, esperando tal se dê, façamos o que de nós depende para melhorar as nossas condições atuais. Se, porém, malgrado aos nossos esforços, não o conseguirmos, o Espiritismo nos ensina a suportar com resignação os nossos passageiros males. Se Deus não houvesse querido que os sofrimentos corporais se dissipassem ou abrandassem em certos casos, não houvera posto ao nosso alcance meios de cura. A esse respeito, a sua solicitude, em conformidade com o instinto de conservação, indica que é dever nosso procurar esses meios e aplicá-los. A par da medicação ordinária, elaborada pela Ciência, o magnetismo nos dá a conhecer o poder da ação fluídica e o Espiritismo nos revela outra força poderosa na mediunidade curadora e a influência da prece. (Ver, no Cap. XXVI, a notícia sobre a mediunidade curadora)”.
Vemos então que o Planeta Terra, considerado como um Mundo de Provas e Expiações cumpre o seu papel de educar os espíritos encarnados e desencarnados que nela vivem através das vicissitudes que abalam as fibras mais sutis e elevam os espíritos a condição de adentrarem um mundo melhor pois já possuem um sentimento de fraternidade mais amplo e pratica a Lei de Amor. Santo Agostinho no ano de 1862 manifesta-se em uma das comunicações que fazem parte do Evangelho Segundo o Espiritismo e naquela ocasião fez uma ponderação bastante interessante sobre as dificuldade faceadas pelos espíritos encarnados e desencarnados nos mundos de Provas e Expiações: “A Terra apresenta-se, assim, como um dos tipos de mundos expiatórios, nos quais as variedades são infinitas, mas que têm como característica comum servir de local de exílio aos Espíritos rebeldes à lei de Deus. Neles, os exilados precisam lutar, ao mesmo tempo, contra a perversidade dos homens e a inclemência da Natureza. Trabalho duplamente penoso, que desenvolve ao mesmo tempo as qualidades do coração e as da inteligência. É assim que Deus, em Sua bondade, transforma o castigo em proveito e evolução para o Espírito”.
E para concluirmos o nosso artigo deixamos o prezado leitor com uma mensagem de um dos Apóstolos do Espiritismo que esteve em uma de suas romagens pele pelo Planeta Terra como a figura ilustre de Francisco Candido Xavier, a mensagem intitulada Tudo Passa foi escrita por Chico inspirado pelo seu Guia Espiritual, Emmanuel. A mensagem nos faz crer que o atual momento, apesar da gravidade, vai passar e um mundo melhor com mais amor, esperança e fraternidade espera a humanidade:
“Todas as coisas na Terra passam.
Os dias de dificuldade passarão...
Passarão, também, os dias de amargura e solidão.
As dores e as lágrimas passarão.
As frustrações que nos fazem chorar... Um dia passarão.
A saudade do ser querido que está longe, passará.
Os dias de tristeza...
Dias de felicidade...
São lições necessárias que, na Terra, passam, deixando no espírito imortal as experiências acumuladas.
Se, hoje, para nós, é um desses dias, repleto de amargura, paremos um instante.
Elevemos o pensamento ao Alto e busquemos a voz suave da Mãe amorosa, a nos dizer carinhosamente: 'isto também passará'
E guardemos a certeza pelas próprias dificuldades já superadas que não há mal que dure para sempre, semelhante a enorme embarcação que, às vezes, parece que vai soçobrar diante das turbulências de gigantescas ondas.
Mas isso também passará porque Jesus está no leme dessa Nau e segue com o olhar sereno de quem guarda a certeza de que a agitação faz parte do roteiro evolutivo da Humanidade e que um dia também passará.
Ele sabe que a Terra chegará a porto seguro porque essa é a sua destinação.
Assim, façamos a nossa parte o melhor que pudermos, sem esmorecimento e confiemos em Deus,
aproveitando cada segundo, cada minuto que, por certo, também passará.
Tudo passa... exceto Deus.
Deus é o suficiente!”
Referência:
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo - Mundo Maior Editora, 2012.
KARDEC, Allan. Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos. [Tradução de Evandro Noleto Bezerra] Décimo Volume – Ano de 1867. Editora FEB
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