Livre arbítrio: A Liberdade do Espírito na sua Trajetória Espiritual
Camila Vieira
Em leitura de algum texto ou obra espírita é bem provável que você tenha se deparado com o termo “livre arbítrio”, que nada mais é que o poder de escolha de um Espírito sobre alguma coisa. Por trás deste conceito razoavelmente simples, guarda um dos grandes pilares do espiritismo: a Lei da Liberdade.
Enquanto algumas doutrinas seguem uma linha de proibição e rígido controle das ações dos indivíduos, a Doutrina Espírita trata a liberdade como uma lei, entendida como a faculdade de escolha do Espírito. Tal liberdade se inicia desde o seu planejamento encarnatório ainda no plano espiritual. O próprio espírito tem o poder de escolha de algumas provas que deseja passar em suas encarnações, visando o desenvolvimento do seu ciclo evolutivo.
Tal planejamento não significa que o Espírito firma um “Contrato de Adesão”, pelo qual é obrigado a segui-lo à risca. O Espírito tem total liberdade de escolha na tomada de decisões no seu ciclo terreno, que podem, inclusive alterar substancialmente a jornada programada. Pensar que tudo que acontece em nossa vida é fruto de programação é equivocado, já que dependendo das decisões que tomarmos no curso do caminho seremos aproximados ou desviados do planejamento inicial.
A liberdade é uma das bases da Doutrina Espírita e a chave para a evolução: o Espírito constrói o alicerce da sua trajetória a partir das suas próprias escolhas e decisões, sendo responsável pelas suas ações. Claro que existe o amparo constante da Espiritualidade nestas decisões, mas certo que são fruto da faculdade de escolha do Espírito.
O Livro dos Espíritos contém um capítulo específico sobre a Lei de Liberdade (Capítulo 10). Estudando-o, é possível compreendermos que a liberdade faz parte da natureza do Espírito, mas não de forma absoluta[1]. Na medida que convivemos com outros Espíritos que também estão em caminhada evolutiva, há a necessidade do compartilhamento de suas liberdades. Assim, há um limite entre a liberdade de um para com o outro, visando o equilíbrio das relações.
Ainda, o Livro dos Espíritos ensina que todos os Espíritos, mesmo aqueles com faculdades limitadas, como uma criança, na medida de suas capacidades, têm o livre arbítrio de suas decisões[2]. É inerente do Espírito o poder sobre suas decisões.
Intrinsicamente ligada a ideia do livre arbítrio, vem a ideia da “ação e reação”. O Espírito tem a liberdade de escolha, mas é responsável por suas decisões.
Nesta lógica é possível compreender que a maldade não é inerente ao Espírito, na medida que ele pode escolher entre o bem e o mau. Serão as consequências das escolhas que fez durante a sua trajetória espiritual que definirão sua escala evolutiva.
Não podemos nos confundir que sendo a Terra um planeta ainda de provas e expiações, o ambiente ainda contém grande volume de espíritos com condutas desviadas para o mal, contudo não significa que todos os Espíritos aqui encarnados possuem em sua essência a maldade.
A pergunta 845 do Livro do Espíritos nos responde que por mais que existam predisposições instintivas de um Espírito que possam levá-lo à uma ação ruim, este Espírito tem o livre arbítrio.
A influência do ambiente sobre o Espírito também pode persuadi-lo, na medida que ambientes onde prevalecem paz e a bondade podem inspirá-lo para boas escolhas e ambientes mais carregados negativamente podem motivá-lo à más escolhas.
Sabendo da nossa responsabilidade perante nossas escolhas, daí a importância de buscarmos a melhor sintonia interior e exterior para que sejamos intuídos pela Espiritualidade às escolhas que mais se aproximem dos propósitos que devemos seguir nesta caminhada espiritual, por vezes tão árdua.
Afinal, “Lembrai-vos de que querer é poder”.[3]
EFERÊNCIAS
[1] Pergunta 844, Livro dos Espíritos. [2] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. [Traduzido por Renata Barboza da Silva; Simone T. Nakamura Bele da Silva].São Paulo: Petit, 1999. p.284.
[3] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. [Traduzido por Renata Barboza da Silva; Simone T. Nakamura Bele da Silva].São Paulo: Petit, 1999. p.284.
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