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O Tempo da Encarnação



Rodrigo Ludwig

Desde o surgimento do Espiritismo em sua forma codificada por Allan Kardec, no século XIX, Deus permitiu tivéssemos na Terra obras que nos respondem questões que antecedem nossa encarnação atual, falam sobre ela no agora, e nos esboçam os panoramas futuros da vida além-túmulo. Mas o que temos feito de nós mesmos no tempo mais valioso de que se tem mensuração que é o presente possível? Há mais de dois mil anos, alguém com a consciência crística já atingida, de nome Jesus, passou por aqui, deixando sua energia neste orbe em forma de uma mensagem que nos diz: sereis um dia um mundo feliz.

Muito já aconteceu, tendo em vista que atualmente estamos vivendo a transição de mundo de provas e expiações para mundo de regeneração, de modo que a gratidão deva ser nosso rito de todas as horas, já que nos foi facultada a estadia nesse abençoado planeta enquanto ele passa e passamos nós por uma limpeza na psicosfera, mas de alguma feita, como nos alerta Joanna de Ângelis no livro “Vida: Desafios e Soluções”, a maioria de nós ainda vive em um estado de sono, baseando nossas experiências nas paixões terrenas, iludindo-nos com o materialismo de variada ordem, adiando nossas responsabilidades conosco, com nossos irmãos, com Deus.

Vivemos este sono em detrimento de nossa reforma íntima, que serve para nos lograr o refinamento dos sentimentos, e não a exacerbação das sensações que nos remetem à nossa forma primitiva, da qual devemo-nos desvencilhar de vez, deixar este passado no passado e esforçarmo-nos na iluminação do espírito para Deus, já que de acordo com "O Evangelho Segundo o Espiritismo", a passagem pela Terra deve servir exclusivamente ao adiantamento moral, a construção de nossas virtudes.

Certo é que isso demanda esforço, prática, disciplina, pois precisamos deixar de lado o que nos ilude e olhar a encarnação atual de frente, percebendo-nos como imperfeitos de modo a assinalar de modo claro quais são as nossas más tendências (que são muitas, não é segredo), identificá-las, como acontecem, quando acontecem, por que acontecem, mas não para produzirmos uma consciência de culpa (da qual Joanna fala no livro “Plenitude”), e sim para findarmos este ciclo de males provenientes da nossa conduta, de modo a incorporar na nossa prática a mudança que precisamos realizar.

Assim, na obra “Vida...”, Joanna nos afirma o seguinte:


"Conscientizar-se do que é, do que necessita fazer, de como conseguir o êxito, constitui, para o ser, chamamento urgente, como contribuição valiosa para o empenho na inadiável tarefa da revolução íntima transformadora.” Então o que estamos esperando? É o momento de entendermos que se o livre-arbítrio nos permite escolher o que fazemos de nós, devemos manusear de modo mais produtivo a ideia de que “o espiritismo não proíbe nada, são relações de causa e efeito”; sim, são sim, mas a doutrina não precisa ser proibitiva para nos estampar de modo claro o quão precioso é o nosso tempo da encarnação e o que com ele devemos realizar. Não proíbe nada mas não faz apologia à inércia, ao adiamento da mudança, pois se sabemos que a reforma íntima é urgente, só depende de nós, não vai acontecer sem nossa boa vontade, e temos acesso a todas as ferramentas para lográ-la, devemos nos empenhar em esforço, “que é a única maneira de cada qual encontrar-se com sua realidade e trabalhá-la, ampliando-lhe a capacidade de desenvolvimento”.

Há muitas situações difíceis, sim, que somadas são como espinhos que nos tendem a machucar, mas mesmo nelas há uma mensagem sublime a ser apreendida, de modo que o agradecimento novamente pode fazer-se o canalizador de uma maneira aprimorada de encararmos a vida. Tantos espíritos, sabemos, regressam à pátria espiritual e lá se angustiam e nos alertam sobre o quanto tempo perderam com situações e práticas que não lhes edificaram o espírito enquanto habitavam o copo físico.

Aproveitemos o tempo da encarnação na autoanálise, sem culpa mas em pensamento de mudança, projetemos no nosso pensamento de forma concreta, prática, o que precisamos fazer para evoluir em cada caso, pratiquemos a ideia uma vez, duas, três, vinte, até que se torne nosso novo hábito. Uma situação de cada vez, todos os nossos automatismos negativos que hoje são herança do nosso primitivismo, em forma de orgulho e egoísmo, que são contrários à caridade e ao amor, serão substituídos por novos hábitos, iluminados e coerentes com nosso plano reencarnatório.

Despendamos todo esforço possível para a eliminação dos nossos maus hábitos, que junto deles cessarão a maioria senão todos os nossos sofrimentos, e quando sairmos desta encarnação sentiremos o alívio e a conquista de estarmos melhores do que quando entramos, mais lúcidos, conscientes e certamente mais perto da felicidade, que é nossa real destinação. Contemos com todo o amor que Deus colocou nessa oportunidade de estar aqui, com Jesus como guia e modelo, e ainda toda a espiritualidade amiga para nos amparar e inspirar: a hora é agora.

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