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VAIDADE NA VISÃO ESPÍRITA


Maria Thereza dos Santos Pereira


Vaidade, segundo o dicionário, é “característica daquilo que é vão; que não possui conteúdo e se baseia numa aparência falsa, mentirosa”.


Assim, aquele que é vaidoso tem o desejo de ser admirado por outras pessoas em razão de qualidades físicas ou intelectuais que sequer possui, mas tem necessidade de exibir, ostentar e vangloriar-se por uma aparência ilusória.


Desta feita, é fácil concluir a partir da própria etimologia da palavra que o vão pode ser atribuído ao vazio da nossa própria alma, que em algum momento, todos aqui na Terra já sentiram ou sentem pela natureza das provas e expiações que temos passar aqui.


A dúvida consiste em como satisfazer uma necessidade de preenchimento de vazio que mal podemos explicar?


O homem é um eterno insatisfeito e ainda bem! Isso porque permite que sempre busque respostas, novos conhecimentos e aprendizados.


Noutro giro, também pela insatisfação humana, não raro as pessoas buscam posições elevadas que não possuem requisitos ou condições para ocupá-las, como altos cargos na carreira profissional, títulos religiosos, “status civil”, a fim de obter satisfação, admiração e preenchimento de um vazio que certamente não vem da mera idolatria alheia.


Buscar satisfação em coisas mundanas significa alimentar o corpo, e não o vazio da alma!


Por vezes, as pessoas que não sabem lidar com esse vazio, não levam em consideração que posições de destaque trazem consigo grandes responsabilidades e construir uma imagem sem base sólida, pode ser um perigo.


Afinal, as pessoas tendem a seguir a imagem daquele que alcançou aparente sucesso, disseminando um comportamento que é rechaçado não apenas na doutrina espírita.


Também, se vangloriar e enaltecer exacerbadamente pode, inclusive, trazer o efeito inverso, que é o indivíduo ser motivo de chacota em vez de adoração.


A imagem do vaidoso, que não é virtuoso, não se sustenta por muito tempo, pois em algum momento a pessoa vai se contradizer ou alguém ligado a ela vai mostrar a mentira por trás da aparência polida, do casamento de fachada ou do título recebido indevidamente.


Para o vaidoso admitir um erro é muito difícil, pois significa ofuscar o próprio brilho. Com relação ao perdão, como alguém poderia ofender alguém tão importante, como é o vaidoso? Por isso o perdão para o vaidoso é complexo e a característica dificulta sua evolução espiritual, tendo em vista que o perdão é um ato de amor e caridade ao próximo essencial para o crescimento.


Remediar a situação nesse estágio, quando já se é vaidoso, é um desafio muito maior do que evitar adquirir a vaidade.


Portanto, exercitemos o combate: quantas vezes em uma discussão precisamos ter a última palavra? Admitimos quando o outro tem razão? Sabemos elogiar as conquistas alheias?


Cristo foi um dos maiores exemplos de humildade na Terra (que é justamente a característica inversa à vaidade) e Ele deixou a seguinte lição:


“Bem-aventurados os pobres de espírito, pois é deles o reino dos céus.” (Mateus, cap. V, v. 3.)



Segundo a compilação de Kardec (2019), os pobres de espírito seriam os humildes, não vaidosos e orgulhosos que buscam um lugar privilegiado na Terra ou acima dos demais.


O Evangelho Segundo o Espiritismo corrobora com esta reflexão na seguinte passagem: “Não procureis pôr-vos acima dos outros, se não quereis ser obrigados a descer; procurai ao contrário, o mais humilde e o mais modesto, pois Deus saberá dar-vos um lugar mais elevado no céu, se o merecerdes” (KARDEC, 2019).


Por todo exposto, sigamos o exemplo daquilo que é bom, preferindo a humildade à vaidade, almejando um lugar ao lado D’ele do que na Terra, orando e vigiando nossos atos diariamente para, no momento certo, termos o merecimento, condições e discernimento ao preenchimento do vazio de nossas almas, que ocorrerá num futuro breve!


Referências:


Dicio, Dicionário Online de Português, disponível em:


https://www.dicio.com.br/vaidade/. Acesso em: 02 de março de 2020.


KARDEC, Allan; Tradução de Matheus Rodrigues Camargo. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 43ª reimp. São Paulo: Editora EME, 2018.

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