O Espiritismo e a ética do consumo: Reflexões sobre consumo consciente
- editoraletraespiri
- 27 de ago.
- 3 min de leitura

Rafaela Paes de Campos
Os avanços que assistimos se desenvolverem ao longo do tempo, trouxeram grandes possibilidades aos seres humanos; melhores condições de vida, direitos, conforto, tecnologia. O desenvolvimento, neste sentido, também é muito importante e sabemos que tudo o que nos chega é permitido por um propósito maior. Entretanto, qual o limite?
Podemos dizer que os avanços que a intelectualidade constrói são quase imparáveis, pois tudo por aqui anda mudando com uma rapidez enorme, mas, quais são os meus, os seus limites? E os limites do planeta que nos abriga?
O Livro dos Espíritos nos traz uma primeira reflexão sobre o tema:
715. Como pode o homem conhecer o limite do necessário?
Aquele que é ponderado o conhece por intuição. Muitos só chegam a conhece-lo por experiência e à sua própria custa (KARDEC, 2022, p. 267).
Sejamos sinceros: Nós sabemos que precisamos de pouco para viver. E não, não é errado ou moralmente condenável que se busque mais, que se tenha sonhos, que se almeje melhorar de vida. Mas o limite do necessário, este que conhecemos quase instintivamente, é o equilíbrio.
E novamente nos socorre O Livro dos Espíritos, com mais um ponto a refletirmos:
716. Mediante a organização que nos deu, não traçou a Natureza o limite das nossas necessidades?
Sem dúvida, mas o homem é insaciável. Por meio da organização que lhe deu, a Natureza lhe traçou o limite das necessidades; porém os vícios lhe alteram a constituição e lhe criaram necessidades que não são reais (KARDEC, 2022, p. 267).
Sim, muitos de nós fere o equilíbrio por querer sempre mais e mais. Exemplos facilitam, certo? Então vamos lá:
Podemos ter um bom carro, mas não precisamos trocar de carro todo ano; podemos ter um celular que nos ajude em nossas atividades e nas trocas com os que estão longe, mas não precisamos trocar de celular sempre que um novo sai; a nossa imagem pessoal é importante, podemos estar bem vestidos, mas não há necessidade de comprar roupas e sapatos por impulso, estes que acabam ficando esquecidos no guarda-roupas.
A chave de tudo é o equilíbrio. Todos sabemos que estamos vivenciando tempos de um planeta desgastado, com mudanças climáticas intensas, catástrofes diversas, e isso também sofre com a influência de um consumo descontrolado, pois tudo o que compramos consome, energia, matéria-prima, uma gama extensa de impactos ambientais que até não percebemos de forma imediata, mas que têm consequências profundas no longo prazo.
O desperdício de recursos naturais e o acúmulo de resíduos não só números em gráficos, mas sim uma realidade que afeta ecossistemas e claro, as gerações futuras. Precisamos nos conscientizar da urgência de alinharmos as nossas “necessidades” ao cuidado com o meio ambiente. Como alcançaremos isso? Mudando não apenas os nossos hábitos de consumo, mas também transformando a nossa mentalidade.
Uma visão mais sustentável e consciente, que considere como e porque consumimos o que compramos, é uma forma de respeitarmos os limites do planeta. Quando agimos com sabedoria nós conseguimos minimizar os impactos e favorecemos que o futuro seja mais harmônico para a coletividade. O equilíbrio está na capacidade de repensar o que é realmente necessário, redefinindo a nossa relação com os recursos naturais.
Como ainda nos ensina O Livro dos Espíritos, o limite entre o essencial e o essencial não é absoluto. Nossa sociedade criou e ainda cria necessidades que antes não existiam, e não significa dizer que devamos viver privados de tudo. A razão é o guia para que consigamos equilibrar as coisas. Nossa evolução coletiva aprimora o nosso senso moral a mesmo tempo que cultiva a solidariedade, incentivando que nos apoiemos mutuamente (KARDEC, 2022, p. 268).
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Referências:
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, tradução de Guillon Ribeiro. Campos dos Goytacazes/RJ: Editora Letra Espírita. 2022.
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