O Ecumenismo de Deus
Rafaela Paes
No artigo de hoje você, leitor, não irá encontrar nenhuma referência ao Livro dos Espíritos, ao Evangelho Segundo o Espiritismo e nem a qualquer outro. O artigo de hoje quer apenas falar com o seu coração!
Você que lê essas palavras, neste momento, como se denomina? Espírita, Católico, Evangélico, Ateu, Simpatizante do Espiritismo, Umbandista? Hoje, isso não importa. Aliás, nunca importa.
Quando nos inserimos dentro de uma religião, seja ela qual for, temos a impressão de que essa atitude nos obriga moralmente a aceitar apenas as verdades que ela ensina. Mas acontece que o ser humano não é linear, o ser humano tem sentimentos que na maior parte das vezes, são bem maiores e falam bem mais alto que a razão. De repente, podemos ser espíritas com simpatia pelas palavras pronunciadas por um Padre Católico, ou sermos Católicos e acreditarmos em reencarnação, ou sermos Evangélicos e simpatizarmos com a moral pregada pelo Espiritismo, ou sermos Umbandistas com os dois pés no Espiritismo, e assim por diante... São inúmeras as possibilidades. Muita gente vive bem com a dualidade, e não enxerga nisso um grande problema. Mas existem pessoas que vivem uma verdadeira crise interna quando sente, de alguma forma, que não sabe em que acreditar, que uma lição não se encaixa com outra, que precisam se definir... Não! Não precisa ser tão difícil, não precisa gerar sofrimento.
Religião é a fé e a devoção a tudo que é considerado sagrado. Mas isso, ouvi de um Padre, é apenas uma antessala. E de um Padre, eu Espírita, recebi uma das lições mais bonitas que eu pude ouvir nos últimos tempos. A religião é a antessala da espiritualidade (Padre Fábio de Melo). E percebam, não falo aqui da espiritualidade no sentido Espírita. A fala do Padre nos remete a sermos pessoas espiritualizadas. Ser espiritualizado deve ser a principal meta de quem pratica uma religião. Religião é meio para atingir a finalidade da espiritualidade.
Mas aí, resta saber, o que é ser uma pessoa espiritualizada.
Ser espiritualizado é buscar ser uma pessoa melhor para si e para os outros, é deixar luz e cor na vida de todos que cruzam o nosso caminho. Ser espiritualizado é saber que Deus não mora em Centros Espíritas, Terreiros de Umbanda ou Igrejas, e sim, conseguir vê-lo nos pequenos detalhes: Deus está na flor que desabrocha, na chuva que alivia o tempo seco, no sol que aquece nosso dia, na água que brota de uma nascente. Deus mora no olhar daquele estranho triste que cruza nosso caminho e que precisa apenas do nosso bom dia sincero para ficar melhor. Deus está naqueles que são invisíveis para a sociedade, naqueles que nos agridem, tratam mal e que só precisam do nosso amor para mudar de frequência. Ser espiritualizado é enxergar que Deus não é vingativo, mas que Ele apenas nos oferta àquilo que ofertamos aos outros. Ser uma pessoa espiritualizada é buscar manter-se em equilíbrio, cultivar pensamentos de amor, sorrir, ser caridoso, atencioso, solícito. É ofertar o ouvido a quem precisa falar e doar suas palavras a quem pede conselhos. Ser espiritualizado é ter na religião um meio que lhe e simpático, mas que possibilite a prática dos ensinamentos de Deus Ser espiritualizado não é viver na teoria. Ser espiritualizado é viver Deus! Ser espiritualizado nos leva ao ser verdadeiramente cristãos.
E olha, conheço Ateus muito mais espiritualizados que muitos religiosos que cruzaram meu caminho!
Eu já tive dúvidas, já me senti perdida diante de ideias aparentemente contraditórias, que depois percebi não serem. Ideias se encaixam, ensinamentos se moldam. Às vezes, a gente precisa da escuridão para se iluminar. Crie sua religião própria dentro do seu coração. Por que não?
Entendamos que não precisamos nos agredir, não precisamos impor as nossas verdades como absolutas. Ninguém está mais certo do que o seu próximo. Cada um leva dentro de si a sua verdade, e isso é saudável. Duvide! Se questione. Seja espírita e tenha santos em casa, seja evangélico e ouça o programa de um Padre, seja católico e acredite em reencarnação, seja umbandista e frequente centros “Kardecistas”, seja ateu e ame quem tem uma crença diferente da sua.
No final das contas, lá do outro lado, ninguém nos perguntará a nossa religião e nos separará por esse critério. A única coisa que importa, de verdade, e que levaremos conosco no fim dessa vida, é o bem e o amor que semeamos em nossa caminhada.
Nos amemos, nos simpatizemos, nos abracemos, aprendamos uns com outros, sejamos pessoas mais espiritualizadas do que religiosas!
Já dizia Kardec: “a nossa felicidade será naturalmente proporcional em relação à felicidade que fizermos para os outros”. Já dizia Padre Fábio de Melo: “alegrar-se mais, estender no tempo a gratidão pelo bem acontecido. Entristecer-se menos, desobrigar a vida de ser como imaginava que seria”. Já dizia Pastor Cláudio Duarte: “todos nós estamos numa fila invisível da morte onde ninguém sabe a sua senha. O melhor dia de sua vida é hoje”.
Por isso, sejamos felizes e ofertemos a nossa felicidade a todos que nos cercam. As lições se completam... o objetivo é um só! O mundo precisa de nós, o mundo precisa dessa postura! Sejamos parte da mudança.
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