Espiritismo e a questão da moralidade nas novas práticas de entretenimento
- editoraletraespiri
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Ludmila Rosa
Nos dias atuais, o entretenimento desempenha um papel central na vida de muitas pessoas, especialmente no público jovem. Filmes, séries, jogos digitais e redes sociais se tornaram fontes de informação, lazer e até de influência. Contudo, à medida que essas práticas se expandem e se diversificam, surgem questionamentos sobre a moralidade envolvida nessas produções e interações, especialmente sob a ótica do Espiritismo. O que Allan Kardec nos ensinou sobre moralidade, e como isso se aplica às novas formas de entretenimento? Vamos refletir sobre isso.
A Moralidade Segundo Allan Kardec
Allan Kardec, em sua vasta obra sobre o Espiritismo, define a moralidade como o conjunto de princípios que regulam as relações humanas, baseados no amor ao próximo, na caridade, na justiça e na verdade. Em livros como O Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec destaca que a moral espírita não é apenas um código de conduta, mas sim um caminho de evolução espiritual. A verdadeira moralidade está ligada à transformação íntima do ser humano, buscando sempre o bem e o crescimento do Espírito. Na questão 629 encontrada em O Livro dos Espíritos temos a definição da moral:
“A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da Lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a Lei de Deus” (KARDEC, 2022, p. 243-244).
De acordo com o Codificador, a moral deve ser compreendida em um nível mais profundo, pois não se trata de simples normas sociais ou comportamentais, mas da vibração de nosso Espírito em relação ao mundo e ao próximo. A moral, portanto, deve orientar as escolhas que fazemos, inclusive naquilo que consumimos para o nosso entretenimento.
O Impacto das Novas Práticas de Entretenimento
Com o advento das novas tecnologias, o consumo de entretenimento tem sido cada vez mais acessível e onipresente. Jogos eletrônicos com temas de violência, filmes com conteúdos que abordam temas pesados e até as redes sociais, com suas influências constantes, são apenas alguns exemplos de como as novas práticas de entretenimento moldam a mente e a alma das pessoas, principalmente das mais jovens.
É nesse cenário que surge o grande desafio moral: como as escolhas que fazemos no consumo dessas novas formas de entretenimento refletem nossa evolução espiritual? Allan Kardec nos ensina que tudo aquilo que nos afasta do bem, da paz e do equilíbrio espiritual pode prejudicar nossa jornada de evolução. O grande risco que surge é que muitas vezes as produções contemporâneas não nos convidam à reflexão ou ao crescimento, mas sim ao imediatismo, à violência e ao vazio existencial.
Kardec em O Livro dos Espíritos pergunta como distinguir o bem do mal (questão 630), e a resposta vem certeira a fim de não deixar dúvidas:
“O bem é tudo o que é conforme a Lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a Lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la” (KARDEC, 2022, p. 244).
Sabendo fazer essa distinção é possível filtrar o que vale a pena, pois nem todo entretenimento é negativo. O Espiritismo não condena as formas de lazer, mas convida seus seguidores a refletirem sobre o impacto dessas práticas em sua evolução moral e espiritual. O conteúdo que consumimos deve ser avaliado com base em sua capacidade de agregar valores positivos, como o amor, a solidariedade, a empatia e o respeito mútuo.
A Moralidade nas Redes Sociais e Jogos Digitais
As redes sociais se tornaram um dos maiores fenômenos de entretenimento da atualidade. Elas oferecem um vasto espaço para interação, mas também para comportamentos superficiais e até destrutivos. As comparações, a busca por validação e a propagação de padrões de beleza e de vida idealizada são apenas alguns exemplos de como as redes sociais podem afetar nossa autoestima e nosso equilíbrio espiritual.
A moral espírita sugere que devemos buscar nos relacionar de maneira mais saudável e construtiva. Em vez de alimentar as comparações, podemos usar essas plataformas para promover a união, a fraternidade e o autoconhecimento. Ao compartilhar nossas vivências e aprendizados, podemos, assim, ajudar no crescimento mútuo.
No caso dos jogos digitais, muitos são imersivos e envolvem situações de violência, destruição e poder. O Espiritismo nos alerta para o perigo do consumismo desenfreado de conteúdos que promovem a violência ou atitudes egoístas. Ao escolhermos o que consumir, devemos nos perguntar: “este jogo ou série está me ajudando a ser uma pessoa melhor? Está me convidando à reflexão ou ao afastamento de meus valores mais elevados?”
A internet como um meio de tecnologia avançada que nos conecta com diversos seres em várias partes do mundo, tem promovido a segregação ao tratar de temas relacionados a religião, raça, gênero e política. A conduta dos usuários diante de uma notícia ou posicionamento é espantosa, pois tem despertado o lado feroz daqueles que estão “protegidos” atrás das telas.
Será que estamos agradando a Deus diante desse comportamento, insultando o próximo quando deveríamos estar amando, acolhendo e respeitando? Trago uma questão de “O Livro dos Espíritos” para que possamos refletir:
“642. Para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal? “Não; cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem” (KARDEC, 2022, p. 246).
Quem pode fazer o bem e não o faz, torna sua caminhada mais longa, na direção rumo a evolução espiritual.
Conclusão: A Moralidade Espírita e a Escolha Consciente
O Espiritismo nos chama a uma postura mais crítica e consciente em relação a tudo o que consumimos, incluindo o entretenimento. As escolhas que fazemos têm um impacto direto em nossa evolução espiritual. Ao optarmos por entretenimento que nos eleva, que nos faz refletir, crescer e praticar o bem, estamos colaborando com nosso desenvolvimento pessoal e com a construção de um mundo mais harmonioso.
Como jovens, temos a responsabilidade de criar e manter uma relação saudável com o mundo digital e com as novas formas de entretenimento. Podemos e devemos buscar aquilo que nos inspira a ser melhores, a viver em equilíbrio e a agir com moralidade, como Kardec nos ensina. Escolher o que assistimos, jogamos e interagimos deve ser uma decisão que reflete nosso compromisso com a evolução espiritual, buscando sempre ser melhores e mais conscientes em cada ato de nossa jornada.
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Referências:
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, tradução Guillon Ribeiro. Campos dos Goytacazes-RJ: Editora Letra Espírita. 2023.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, tradução Guillon Ribeiro. Campos dos Goytacazes-RJ: Editora Letra Espírita. 2022.
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