O Espiritismo e o Jardim do Éden: Interpretações Sobre a Criação e o Pecado
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José Braga Falcão Neto
Uma pergunta que povoa o pensamento de muito, senão todos, de onde viemos? Ou, como ocorreu a criação do ser humano?
Muitos tentam responder; a Filosofia, através dos mais variados filósofos buscam essa resposta.
Falar em Jardim do Éden é responder a essa indagação, colocando em pauta como o planeta Terra foi povoado.
O livro A Gênese, da Codificação Kardequiana, capitulo XII, item 12, com o título “Gênese Mosaica”, assim explica:
“12. Para espíritos incultos, sem nenhuma ideia das leis gerais, incapazes de apreender o conjunto e de conceber o infinito, essa criação milagrosa e instantânea apresentava qualquer coisa de fantástico que feria a imaginação. O quadro do Universo tirado do nada em alguns dias, por um só ato da vontade criadora, era, para tais espíritos, o sinal mais evidente do poder de Deus. Que configuração, com efeito, mais sublime e mais poética desse poder, do que a que estas palavras traçam: “Deus disse: Faça-se a luz e a luz foi feita!” Deus, ao criar o Universo pela ação lenta e gradual das leis da Natureza, lhes houvera parecido menor e menos poderoso. Fazia-se-lhes indispensável qualquer coisa de maravilhoso, que saísse dos moldes comuns, do contrário, teriam dito que Deus não era mais hábil do que os homens. Uma teoria científica e racional da criação os deixaria frios e indiferentes.
Não rejeitemos, pois, a Gênese bíblica; ao contrário, estudemo-la, como se estuda a história da infância dos povos. Trata-se de uma época rica de alegorias, cujo sentido oculto se deve pesquisar; que se devem comentar e explicar com o auxílio das luzes da razão e da Ciência. Fazendo, porém, ressaltar as suas belezas poéticas e os seus ensinamentos velados pela forma imaginosa, cumpre se lhe apontem expressamente os erros, no próprio interesse da religião. Esta será muito mais respeitada, quando esses erros deixarem de ser impostos à fé, como verdade, e Deus parecerá maior e mais poderoso, quando não lhe envolverem o nome em fatos de pura invenção.” (KARDEC, 2019, p. 218-219).
Conforme podemos destacar na citação evidenciada, O Espiritismo explica o tema Jardim do Éden, Criação e pecado, pelo aspecto das luzes da razão e da ciência. Fazendo uma comparação entre a gênese mosaica e os esclarecimentos espiritas embasados pela razão e pela ciência.
Para a gênese mosaica, o Jardim do Éden, também chamado de Paraíso, seria um Reino criado por Deus, onde havia um jardim com muitas árvores e, dentre elas, a árvore da vida; foi colocado um homem primordial neste Jardim, lhe permitindo que pudesse comer qualquer fruto de todas as plantas, menos da árvore da vida. Capítulo XII, item 13 do livro a Gênese:
“13. — CAPÍTULO II. — 9. Ora, o Senhor Deus plantara desde o começo um jardim de delícias, no qual pôs o homem que ele formara. — O Senhor Deus também fizera sair da terra toda espécie de árvores belas ao olhar e cujo fruto era agradável ao paladar e, no meio do paraíso 2, a árvore da vida, com a árvore da ciência do bem e do mal. (Ele fez sair, Jeová Eloim, da terra (min haadama) toda árvore bela de ver-se e boa para comer-se e a árvore da vida (vehetz hachayim) no meio do jardim e a árvore da ciência do bem e do mal.)
15. O Senhor tomou, pois, do homem e o colocou em o paraíso de delícias, a fim de que o cultivasse e guardasse. — 16. Deu-lhe também está ordem e lhe disse: Come de todas as árvores do paraíso. (Ele ordenou, Jeová Eloim, ao homem (hal haadam) dizendo: De toda árvore do jardim podes comer.) — 17. Mas, não comas absolutamente o fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porquanto, logo que o comeres, morrerás com toda a certeza. (E da árvore do bem e do mal (oumehetz hadaat tob vara) não comerás, pois que no dia em que dela comeres morrerás.)” (KARDEC, 2019, p. 219).
Continuando a narrativa da gênese mosaica, o livro A Gênese, publicado por Kardec, informa que a mulher (Eva) que formava o casal com Adão (homem primordial), resolve comer do fruto da árvore proibida cometendo assim o pecado. Conforme a citação a seguir, capítulo XII, item 14:
14. — CAPÍTULO III. — 1. Ora, a serpente era o mais fino de todos os animais que o Senhor Deus formara na Terra. E ela disse à mulher: Por que vos ordenou Deus que não comêsseis os frutos de todas as árvores do paraíso? (E a serpente (nâhâsch) era mais astuta do que todos os animais terrestres que Jeová Eloim havia feito; ela disse à mulher (el haïscha): Terá dito Eloim: Não comereis de nenhuma árvore do jardim?) — 2. A mulher respondeu: Comemos dos frutos de todas as árvores que estão no paraíso. (Disse ela, a mulher, à serpente, do fruto (miperi) das árvores do jardim podemos comer.) — 3. Mas, quanto ao fruto da árvore que está no meio do paraíso, Deus nos ordenou que não comêssemos dele e que não lhe tocássemos, para que não corramos o perigo de morrer. — 4. A serpente replicou à mulher: Certamente não morrereis. — Mas, é que Deus sabe que, assim houverdes comido desse fruto, vossos olhos se abrirão e sereis como deuses, conhecendo o bem e o mal.
6. A mulher considerou então que o fruto daquela árvore era bom de comer; que era belo e agradável à vista. E, tomando dele, o comeu e o deu a seu marido, que também comeu. (Ela viu, a mulher, que ela era boa, a árvore como alimento, e que era desejável a árvore para compreender (léaskil), e tomou de seu fruto, etc.) (KARDEC, 2019, p. 219-220).
Utilizando como base essa história alegórica, necessitamos encontrar as verdades morais contidas em tal passagem. Precisamos responder: Quem é Adão? Quem é Eva? O que é essa árvore da vida? O que é a serpente?
À primeira e à segunda perguntas, temos a resposta conforme a questão 50 de O Livro dos Espíritos:
“50 – A espécie humana começou por um só homem?
- Não; Aquele a quem chamais de Adão não foi o primeiro, nem o único que povoou a terra.” (KARDEC, 2022, p. 60).
Desta forma, Adão e Eva, representam a Humanidade que, estando no planeta Terra, isto é, vivendo em um mundo material, estão sujeitos a ela, no sentido de que precisam da matéria para alimentar o corpo físico. Necessário se faz conviver com a material, mas utilizando dele para conseguir sobreviver, apenas como meio, não como fim. A essência é o Espirito que deve evoluir, para tanto, utiliza-se da matéria para apreender lições valiosas.
Já a árvore da vida, fica clara com a interpretação descrita no livro A Gênese, capítulo XII, item 16.
“A árvore, como árvore de vida, é o emblema da vida espiritual; como árvore da Ciência, é o da consciência, que o homem adquire, do bem e do mal, pelo desenvolvimento da sua inteligência e do livre-arbítrio, em virtude do qual ele escolhe entre um e outro. Assinala o ponto em que a alma do homem, deixando de ser guiada unicamente pelos instintos, toma posse da sua liberdade e incorre na responsabilidade dos seus atos.
O fruto da árvore simboliza o objeto dos desejos materiais do homem; é a alegoria da cobiça e da concupiscência; concretiza, numa figura única, os motivos de arrastamento ao mal. O comer é sucumbir à tentação. A árvore se ergue no meio do jardim de delícias, para mostrar que a sedução está no seio mesmo dos prazeres e para lembrar que, se dá preponderância aos gozos materiais, o homem se prende à Terra e se afasta do seu destino espiritual.” (KARDEC, 2019, p. 222).
Deus ao criar o Espírito, portanto Seus filhos/criaturas, quando lhe possibilita a vivencia corporal (encarnação), abre a possibilidade de aprender com a matéria. O Ser, criado simples e ignorante, com a faculdade do livre-arbítrio, desde sua criação tende à evolução. Se não nascemos perfeitos, evoluir se faz necessário.
A professora matéria é esse lugar, espaço, tempo, que pode ser Paraíso ou Pecado, conforme as nossas escolhas. Se pudéssemos renomear o título ‘a árvore da vida’, viável seria chamá-la de escolha. E nós, Humanidade, precisamos aprender a escolher, privilegiando o Ser em Espírito que utiliza-se da matéria para se tornar melhor, não para se aprisionar por ela; sem egoísmo, vaidade e orgulho, o Espírito estará livre.
A serpente somos nós mesmos, quando escolhemos cobiça, buscando o enriquecimento material acima de tudo e de todos; estaremos mortos em Espírito, pois estagnados em nossa evolução moral.
Liberte-se, evolua, depende apenas de você.
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Referências:
KARDEC, Allan. A Gênese. Brasília: Editora FEB. 2019.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, tradução de Guillon Ribeiro. Campos dos Goytacazes/RJ: Editora Letra Espírita. 2022.
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