A importância da prece e da meditação na prática espírita

Nubia Miller

De acordo com os ensinamentos espíritas, assim como em muitas outras crenças, devemos utilizar meios de nos conectarmos a Deus e a Espiritualidade Superior, e as práticas da prece e da meditação são duas formas, que quando bem utilizadas, auxiliam nessa conexão mental. Tanto práticas da prece quanto da meditação podem ser capazes de nos iluminar interiormente. O ganho é muito grande para nosso Espírito e para aqueles que nos cercam e nos acompanham na jornada terrena e espiritual.

A prece é um tipo de apelo que permite a pessoa entrar em sintonia com a Espiritualidade a fim de receber auxílio e proteção. Em O Livro dos Espíritos, na questão 659, a Espiritualidade conceitua a prece: “A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar n’Ele; é aproximar-se d’Ele; é pôr-se em comunicação com Ele (KARDEC, 2022, p. 250). Complementando esse conceito, em O Livro dos Médiuns, Kardec através de suas indagações, explicam os Espíritos: “A prece é uma evocação que atrai os Espíritos. Tanto maior ação terá, quanto mais fervorosa e sincera for” (KARDEC, 2023, p. 124).  

Uma prece pode ser, segundo Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, “uma invocação, mediante a qual o homem entra, pelo pensamento, em comunicação com o ser a quem se dirige. Pode ter por objeto de um pedido, um agradecimento, ou uma glorificação” (KARDEC, 2023, p. 289).  Assim, podemos dizer que a prece tem o poder de elucidar, consolar, direcionar ou mesmo acalmar o Espírito de quem a realiza. Podemos orar por nós ou por outrem, pelos vivos ou pelos mortos. Não há um modelo pronto de prece, mas que seja realizada com o pensamento elevado, humildade e boa intenção.

Já a meditação é uma técnica de concentração muito utilizada pelos povos orientais, que consiste em desenvolver a atenção plena. Permite uma percepção ampla de si e do que nos cerca, é um estado mental receptivo que permite uma sensação de equilíbrio emocional e paz interior. Através da meditação pode-se chegar a um estado tão avançado de contemplação, em que se percebe plenamente a realidade, porém a mente aquieta os pensamentos e julgamentos a tal ponto que é como se estivéssemos sem pensar (SOUSA, 2013). A meditação leva ao cultivo da paz e do equilíbrio interior, é um exercício que se ajusta aos postulados espíritas, notadamente cuidando-se de uma proposta de autoconhecimento, e pode servir como útil ferramenta à vida de um praticante da Doutrina Espírita.

A meditação proporciona melhorias no nível social, pois nos permite transmutar nossas sombras e acessando nossas potencialidades, com melhoria nos nossos relacionamentos familiares, conjugais, profissionais e sociais, diminuindo, inclusive, a violência social; e no nível espiritual, nos conecta com a nossa essência; fortalece a nossa imunidade espiritual; protege-nos contra as influências obsessivas; expande os nossos sentimentos de amor genuíno, compaixão, perdão, altruísmo, fraternidade, generosidade, gratidão e otimismo (FRANCO, 2004).

No livro Os Mensageiros, André Luiz nos explica: “A oração, filha do amor, não é apenas súplica. É comunhão entre o Criador e a criatura, constituindo, assim, o mais poderoso influxo magnético que conhecemos (XAVIER, 2012, p. 158). Logo, quando oramos ou mesmo meditamos, vibrações mentais se espalham no fluido cósmico por intermédio das correntes do pensamento. A energia emitida através dessas correntes magnéticas carrega as emanações e, é assim que os Espíritos ouvem a prece que lhes é dirigida, qualquer que seja o lugar onde se encontrem e, também é dessa forma que os Espíritos se comunicam entre si, transmitindo-nos suas inspirações, estabelecendo a relação à distância entre encarnados.

A prece e a meditação nos fortalecem interiormente. Os benefícios são grandes para o nosso Espírito e para aqueles que nos cercam, principalmente se praticadas frequentemente. Através delas, temos a chance de nos conhecermos melhor, acessando nossos pensamentos e sentimentos mais íntimos. Aprendemos a controlar as emoções negativas, como raiva, medo e ansiedade e manter foco. Desenvolvemos qualidades como paciência, serenidade e compreensão. E acima de tudo, nos aproximamos do Mundo Espiritual, captando intuições valiosas para nossa jornada de aprendizado e aperfeiçoamento.

Como Espíritas, não podemos negligenciar essas práticas tão elevadas e essenciais. A esse respeito, orienta André Luiz: “A prece, a meditação elevada, o pensamento edificante, refundem a atmosfera purificando-a” (XAVIER, 2009, p. 57). Meditemos com fé, constância e propósito de nos tornarmos melhores, atraindo para junto de nós Bons Espíritos, que compadecem de nós, amparando-nos, guiando em direção à luz imperecível da prática do bem. Meditemos e iluminemos o mundo, iluminando as consciências e, acima de tudo amparando-nos uns aos outros nessa longa e edificante jornada como seres de luz que somos.

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Referências:

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, 1ª edição, Campos dos Goytacazes-RJ. Editora Letra Espírita, 2022.

KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns, 1ª edição, Campos dos Goytacazes-RJ. Editora Letra Espírita, abril, 2023.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, 1ª edição, Campos dos Goytacazes-RJ. Editora Letra Espírita, novembro, 2023.

SOUSA, Breno Henrique de. Estilo de vida: meditar é mais simples do que se imagina. Revista Espiritismo.net., publicado em 19/06/2013. Disponível em: https://www.espiritismo.net/node. Acesso em 06/11/24.

FRANCO, Divaldo Pereira. Momentos de Esperança. Espírito Joana de Ângelis. Editora Alvorada, Salvador-BA, 2004.

XAVIER, Francisco Cândido. Os Mensageiros. Espírito André Luiz. Editora FEB, Rio de Janeiro-RJ, Edição 45ª, 2012.

XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da Luz. Espírito André Luiz. Editora FEB, Rio de Janeiro-RJ, Edição 43ª, 2009.

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