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Apocalipse Climático: O que o Espiritismo diz sobre as alterações do planeta?


Rafaela Paes de Campos


Há anos ouve-se falar sobre o aquecimento global, “nome dado ao fenômeno de aumento anormal das temperaturas do planeta Terra, tomando como referência de medição os níveis pré-industriais. Esse aumento é causado pela emissão de gases do efeito estufa (GEE), como dióxido de carbono, proveniente da atividade antrópica e das alterações que os seres humanos provocam no meio ambiente. Como resultado, tem-se mudanças nos padrões do clima global, derretimento de geleiras, aumento do nível dos oceanos e perda de biodiversidade” (GUITARRARA, s.d., on-line).

 

A grande maioria de nós sabe o conceito acima apresentado, mas o que muda diante desse conhecimento. Aparentemente, nada! Por certo que é nítido que as grandes atitudes modificadoras do problema deveriam ser tomadas pelos países e seus governantes, num movimento de efetiva mudança que viesse a solucionar ou, pelo menos, minimizar o problema. Entretanto, apesar dos tantos acordos climáticos que vemos ser assinados ao redor do mundo, pouco se vê na prática.

 

Por quê? Ganância!

 

Vivemos a era sociedade do TER. Nossos anseios mudam em velocidade jamais vista. Queremos sempre o último lançamento de celular, um carro novo a cada ano, roupas e mais roupas que acabam ficando esquecidas no armário, como exemplos... A própria indústria como um todo atua a incitar essa gana, pois as coisas hoje não são feitas para durar como antigamente e, por isso, às vezes é necessário trocar, mesmo que não se queira.

 

Ganância dos detentores da fabricação, dos tomadores de decisão e, também, nossa, pois não podemos ficar para trás! Nesse “troca-troca”, para trás fica o planeta! São inúmeros os exemplos de situações atuais que nos fazem encarar a realidade de frente: a Natureza está pedindo socorro.

 

Nós não nos contentamos com o necessário dessa vida. E não que seja errado ter sonhos materiais, mas há que se ter parcimônia. Nós criamos inúmeras “necessidades” que estão consumindo, inclusive, quem somos, mergulhados no trabalho para pagar o que queremos, sem tempo para o que verdadeiramente importa na vida. Se soubesse viver com o essencial, seria diferente. Assim ensina O Livro dos Espíritos:

 

705. Por que nem sempre a Terra produz bastante para fornecer ao homem o necessário?

“É que, ingrato, o homem a despreza! Ela, no entanto, é excelente mãe. Muitas vezes, também, ele acusa a Natureza do que só é resultado da sua imperícia ou da sua imprevidência. A Terra produziria sempre o necessário, se com o necessário soubesse o homem contentar-se. Se o que ela produz não lhe basta a todas as necessidades, é que ele emprega no supérfluo o que poderia ser aplicado no necessário. [...] Em verdade vos digo, imprevidente não é a Natureza, é o home, que não sabe regrar o seu viver” (KARDEC, 2022, p. 265).


716. Mediante a organização que nos deu, não traçou a Natureza o limite das nossas necessidades?

“Sem dúvida, mas o homem é insaciável. Por meio da organização que lhe deu, a Natureza lhe traçou o limite das necessidades; porém, os vícios lhe alteraram a constituição e lhe criaram necessidades que não são reais” (KARDEC, 2022, p. 167).

 

Alguns em maior grau, outros em menor, mas todos somos parte do problema. Nós somos elos indivisíveis do todo que forma a Humanidade, não há como uma pequena ação passar despercebida, porque ela não é isolada, ela se soma. A velha máxima de “eu sozinho não faço diferença’, não se encaixa nesse contexto!

 

Bem sabemos, como leciona o Espiritismo que Deus envia flagelos destruidores, de tempos em tempos, para que nós progridamos mais depressa, a Lei de Destruição é uma das Leis que regem a vida humana (KARDEC, 2022, questão 737, p. 273).

 

Entretanto, deixar para Deus a responsabilidade de tudo que nos alcança, é atitude de terceirização das responsabilidades que nos cabem. Temos o livre-arbítrio de criar a realidade que nos cerca, e os nossos excessos são peças-chaves na composição do problema climático global.

 

Todos podemos fazer a nossa parte, mudar de rota, agir com mais consciência, mesmo nas pequenas coisas, como economizar energia elétrica, não tomar banho como se a água fosse um bem infinito, consumir com responsabilidade, separar o nosso lixo orgânico do reciclável. Dá para fazer!

 

É possível mudar o cenário com conscientização. É o que nos ensina O Livro dos Espíritos:

 

741. Dado é ao homem conjurar os flagelos que o afligem?

“Em parte, é; não, porém, como geralmente o entendem. Muitos flagelos resultam da imprevidência do homem. À medida que adquire conhecimentos e experiências, ele os vai podendo conjurar, isto é, prevenir, se lhes sabe pesquisar as causas. Contudo, entre os males que afligem a Humanidade, alguns há de caráter geral, que estão nos decretos da Providência e dos quais cada indivíduo recebe, mais ou menos, o contragolpe. A esses nada pode o homem opor, a não ser sua submissão à vontade de Deus. Esses mesmos males, entretanto, ele muitas vezes os agrava pela sua negligência” (KARDEC, 2022, p. 274).

 

Não nos basta agir quando o caos se instala e sermos caridosos quando as dores de grandes desastres. Não adianta chorar diante da perda de vida e dos bens materiais. É preciso que sejamos proativos, é preciso caridade com o mundo que nos abriga. Nesse momento, é o que a Natureza espera de nós.


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Referências:

 

GUITARRARA, Paloma. Aquecimento global. In: Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/aquecimento-global.htm. Acesso em: 01 de julho de 2024.

 

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, tradução de Guillon Ribeiro. Campos dos Goytacazes/RJ: Editora Letra Espírita. 2022.


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