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As Categorias de Espíritas



Por: Aryanne Karine


O título pode parecer apelativo, porém, essa denominação foi proferida por Allan Kardec na edição da Revista Espírita de outubro de 1860. Kardec lançou a Revista Espírita em janeiro de 1858, com recursos próprios, no ano subsequente do lançamento do Livro dos Espíritos, com o intuito de facilitar a comunicação entre a comunidade espírita, bem como divulgar as suas descobertas doutrinarias e tirar dúvidas que recebia através de cartas. As revistas são consideradas imensas fontes de ensinamentos da doutrina espírita, ficando atrás apenas das obras básicas que Kardec codificou.


Ao fazer uma visita a sua cidade natal, Lyon, Kardec se impressiona com a quantidade de adeptos espíritas que continha a região na época e descreve-os como espíritas sinceros, onde logo após, descreve sobre a distinção entre os espiritas, enumerando 3 categorias:


“Há, senhores, três categorias de adeptos: os que se limitam a acreditar na realidade das manifestações e que, antes de mais, buscam os fenômenos. Para eles o Espiritismo é uma série de fatos mais ou menos interessantes.


Os segundos veem algo mais do que fatos; compreendem o seu alcance filosófico; admiram a moral que dele resulta, mas não a praticam. Para eles a caridade moral é uma bela máxima, e eis tudo.


Os terceiros, enfim, não se contentam em admirar a moral: praticam-na e aceitam todas as suas consequências. Bem convencidos de que a existência terrena é uma prova passageira, tratam de aproveitar esses curtos instantes para marchar na senda do progresso que lhes traçam os Espíritos, esforçando-se por fazer o bem e reprimir suas inclinações más. Suas relações são sempre seguras, porque suas convicções os afastam de todo pensamento do mal. Em tudo a caridade lhes é regra de conduta. São estes os verdadeiros espíritas, ou melhor, os espíritas-cristãos”(1)


Analisando a ótica do codificador da doutrina, podemos as vezes sentir que estamos entre a segunda e a terceira definição, nos iludindo a ponto de deturpar a verdade de suas palavras, onde realmente a forma como buscamos e absorvermos as verdades do espiritismo, seja de cunho cientifico, filosófico ou espiritual, são muito bem definidas nessas três categorias mencionadas por Kardec.


Analisando a primeira categoria, temos os que talvez procurem na doutrina, a explicação para a mediunidade que possuem, que mesmo que não entendam, está ali, e buscam na doutrina o entendimento sobre esses fatos, porém, só isso não basta, pois, os efeitos mediúnicos, por exemplo, sejam eles quais forem, fazem parte de uma pequena proporção que é a mensagem que os espíritos nos esclareceram.


Na segunda categoria temos os que buscam entendem por completo o espiritismo, os que estudam e entendem que “Fora da caridade não há salvação”, mas são os que ficam nisso, detendo para si todo o conhecimento adquirido e talvez, buscando absorver cada vez mais. Por mais que tentemos nos iludir, essa é a categoria que descreve a maior parte de nós, os que estudam, compreendem e por ali param. Os que acreditam fielmente na mensagem, se dedicam para aprender cada vez mais, mas é só.


Por fim, a categoria dos que não só compreendem, como vivem o espiritismo, aperfeiçoam-se na moral, buscam viver as instruções do evangelho, tornando-se uma pessoa melhor, bem como, buscando ser melhor para o próximo. Ao fim da explicação, Kardec usa o termo espírita-cristão onde mesmo sendo 4 anos antes de lançar o Evangelho Segundo o Espiritismo, ele já entendia que somente seguindo os exemplos de Cristo é que teremos progresso em nossa evolução.


Jesus foi o maior sinônimo em vida de caridade, doando-se por nós, não para pagar nossos pecados, mas para nos deixar a lição de amor ao próximo que tanto o espiritismo vem propagar. E ainda após mais de dois mil anos da mensagem que ele nos deixou, ainda estamos vivendo sendo muitas vezes, os que contemplam a doutrina e seus ensinamentos, mais por ali param, os mornos, que pela comodidade preferem não abrir mão e aceitar as consequências da renúncia, para viver a mensagem que nosso Pai de tantas formas, a tantos séculos está tentando nos ensinar, o amor.


Não estamos aqui para julgar a intensidade com que cada um vive o espiritismo, ou Jesus em sua vida, mas sim, trazer uma reflexão sobre o quanto ainda podemos nos entregar, renunciando muitas de nossas falhas, mesmo que sejam trabalhosas como o orgulho, vaidade e tudo que entrave o nosso percurso no caminho do progresso e da redenção. É mais fácil permanecer inerte em um mundo que traz a comodidade de sermos a categoria dos que contemplam sem viver, porém, a grandeza de vivenciar o evangelho de Cristo suporta toda contrariedade que possamos receber.


Benditos os que ouvem o chamado e caminham!


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Referências:

Revista Espírita. Disponível https://www.febnet.org.br/ba/file/Downlivros/revistaespirita/Revista1860.pdf pg 443-444, Acesso: 26/05/2019


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