Esculpe-se a si Mesmo!

Marcelo Pereira
Por quais caminhos chegaremos ao céu?
Por qual trilha seguirei para o encontro do paraíso?
Por qual estrada acesso o Reino de Deus?
Não são vãs as nossas esperanças de alcançar um repouso seguro, a se viver após nossa caminhada nesse ambiente terreno, não raras vezes construídas em passos endurecidos pelas naturais e inevitáveis intercorrências dessa nossa peregrinação.
Sonha-se com o descanso merecido, embevecidos por floridos jardins, em campos adornados por olores adoráveis, que emanam do mais doce perfume angelical, e com imensas e infinitas cachoeiras que refrescam em suave brisa o feérico cenário de nossa imaginação criativa.
Em que lugar encontramos esse recanto de amor e ternura?
Sob os auspícios de tais inquietações, que devem nortear a nossa travessia por essa jornada de aprendizado, pomo-nos comprometidos com a melhoria de nossa condição de seres em trânsito por esse oriente de esclarecimento, que é a nossa vida encarnada, que se justifica nesse pressuposto infalível inscrito na lei do progresso e na dinâmica da lei de causa e efeito.
Ao proclamar que “seu Reino não é deste mundo”, Jesus oferece-nos a consolação amorosa de que há um mundo à nossa espera, ao final de nossa travessia terrena, e que sem a consciência da vida futura os preceitos morais não terão nenhuma razão de ser, sendo essa premissa o ponto central do ensinamento de Cristo e a chave de acesso ao Reino de Deus, como nos diz o Evangelho dos Espíritos, em seu Capítulo II.
Em outra passagem, Jesus anuncia ser Ele o caminho e a verdade, e quem quiser chegar aos Reinos dos Céus, é Nele que se estabelecerá a sua trilha.
Ao ancorar em Si os caminhos que nos levam a esse mundo de bem-aventurança, e ao projetar na observância dos preceitos morais a chave exclusiva de seu acesso, é-nos mostrado que essa caminhada há de ser feita no cultivo permanente de nossa própria individualidade, no desbaste de nossas asperezas, nessa luta inafastável com as nossas paixões, em atividade permanente na senda do bem.
Vencer as nossas paixões, é arrancar os grilhões que nos amarram a uma existência mundana, inebriada por valores materiais, e emoldurada por sensações primitivas de ódio, inveja, intolerância, violência...
Cônscio de que nossa condição é divina, e de que nosso espectro existencial é naturalmente espiritual, no que nos faz ligado a um todo universo de energia , não há modo de se acessar o Reino dos Céus senão no trabalho constante de semeadura de nosso terreno moral, em uma árdua atividade de aragem de nossas vicissitudes, lapidando-nos no cinzel do amor e da caridade, na procura de eliminar os musgos que enodoam a identificação dessa luz benfazeja, de que se compõe a nossa cristalina subjetividade íntima.
É no esculpir-se amorosamente que se fará fenecer o ser material, e em seu lugar permitir despertar a nossa original condição de seres de luz e bondade, tal qual cristais que só se mostram reluzentes ao serem cingidos no lapidário, e em tal tessitura sermos, terna e amorosamente, acolhidos nessa dimensão ensolarada que é o Reino de Deus, cujo porto é dedicado incondicionalmente a todos os seus filhos.
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