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O Abandono Paterno na Visão Espírita



Muito hoje se discute sobre o aborto e a legalidade do mesmo, as opiniões são divergentes, porém, para o espiritismo, não há dúvida do grande erro que é este ato e, com grandes erros, colheremos grandes consequências. Começo esta reflexão falando deste tema, pois entre alguns argumentos proferidos pelas pessoas que apoiam a legalidade do aborto, está o “aborto paterno” com inúmeros artigos espalhados pela internet intitulados com este nome.

A definição de grande parte destes artigos é que, na teoria, é crime a mãe abortar a criança, porém na prática, o pai pode “abortar” o filho sem maiores consequências. Apesar de ser uma analogia, não soa bem definir com esse nome o ato de abandono paterno. Existe a grande diferença entre o pai abandonar um filho e este, ainda assim, crescer saudável e ter a chance de passar pelas provações necessárias para a evolução, do que ceifar a vida de um ser, o impedindo de encarnar e passar pelas experiências que levou tempo planejando no plano espiritual.

Esclarecida essa má impregnação da palavra, que está sendo difundida em muitos meios, podemos enfim falar sobre o tema desta reflexão. É fato que planejamos bem antes de encarnar tanto nossas provas, quanto nossas famílias. Viemos em meio a esses laços que deveriam ser unidos por amor, justamente por ter algumas pendências para resolver e conseguir juntos, caminhar para a evolução. Podemos ter um maior entendimento sobre este assunto na questão 258 do Livro dos Espíritos, codificado por Allan Kardec com ajuda de nossos irmãos espirituais e que muito nos ajudaram na nossa compreensão e evolução.

258. No estado errante, antes de nova existência corpórea, o Espírito tem consciência e previsão do que lhe vai acontecer durante a vida?

Ele mesmo escolhe o gênero de provas que deseja sofrer; nisto consiste o seu livre-arbítrio.

Não é Deus quem lhe impõe as tribulações da vida, como castigo?

Nada acontece sem a permissão de Deus, porque foi ele quem estabeleceu todas as leis que regem, o Universo. Perguntareis agora por que ele fez tal lei em vez de tal outra! Dando ao Espírito a liberdade de escolha, deixa-lhe toda a responsabilidade dos seus atos e das suas consequências; nada lhe estorva o futuro; o caminho do bem está à sua frente, como o do mal. Mas se sucumbir, ainda lhe resta uma consolação, a de que nem tudo se acabou para ele, pois Deus, na sua bondade, permite-lhe recomeçar o que foi malfeito. É necessário distinguir o que é obra da vontade de Deus e o que é da vontade do homem. Se um perigo vos ameaça, não fostes vós que o criastes, mas Deus; tivestes, porém, a vontade de vos expordes a ele, porque o considerastes um meio de adiantamento; e Deus o permitiu.

Somos então responsáveis por nossas provações desde o ato falho cometido, à escolha de quando iremos resgatar essa dívida. Escolher para ter como pai e mãe um espírito com quem temos uma pendência vindas de outras vidas para resolver, é muito mais fácil para conseguir sanar nossos erros. Com a justiça de Deus, podemos esquecer das nossas falhas para com o próximo e das falhas dos próximos para conosco, sendo assim, muito mais fácil transformar um inimigo em um irmão amado, se esquecemos o mau que este nos fez e se passamos uma encarnação envolto do amor familiar e da ligação que temos com nossos entes, torna mais fácil a caminhada do perdão pelos males passados.

Na história, sempre ficou na mão das mulheres, todo cuidado e criação dos filhos, sendo antigamente, muito comum os pais serem ausentes para prover o sustento familiar. Porém, com a evolução da nossa sociedade, hoje tanto o pai como a mãe trazem o recurso financeiro para dentro do lar, ficando também, na responsabilidade dos dois (o que sempre deveria ter sido) a criação e educação do filho. Estudando mais a fundo o Livro dos Espíritos, podemos absorver de conhecimento na questão 208, o que os nossos irmãos iluminados elucidam:

“208. Nenhuma influência exercem os Espíritos dos pais sobre o filho depois do nascimento deste?

Ao contrário: bem grande influência exercem. Conforme já dissemos, os Espíritos têm que contribuir para o progresso uns dos outros. Pois bem, os Espíritos dos pais têm por missão desenvolver os de seus filhos pela educação. Constitui-lhes isso uma tarefa. Tornar-se-ão culpados, se vierem a falir no seu desempenho.”

Podemos entender então, o que nossa consciência sempre nos apontou, sim, somos responsáveis não somente pela saúde física, mas a saúde mental e espiritual de nossos filhos. Crescer sem um pai, em determinados casos, é melhor do que crescer tendo um pai como mal exemplo e espelho para seguir. Talvez se um homem ainda não chegou em um nível de abdicação, onde seja capaz de largar os péssimos hábitos e vícios (tanto vícios mate