O Destino do Amor: Como Ficam as Uniões Amorosas no Plano Espiritual?
Janaína Magalhães
O matrimônio na Terra pode ser contraído atendendo a múltiplos fins que não o amor verdadeiro e, por isso, homens e mulheres acabam experimentando o casamento diversas vezes sem encontrarem as almas afins com as quais realizariam a união ideal. Isso, deve-se também, a necessidade de resgatar dívidas do pretérito na área sexual aplica de “maneira infeliz ante os princípios de causa e efeito” (XAVIER, 2010, P.231-232).
“Quanto mais elevado o grau de aprimoramento da alma, mais reclamará espontaneamente de si própria a necessária disciplina das energias do mundo afetivo, somente despendendo-as no circuito de forças em que se completa com a alma a que se encontra consorciada, ou, então, em serviço nobre, através do qual opere a evasão das cargas magnéticas dos seus impulsos genésicos, transferindo-as para o trabalho em que se lhe projetam a sensibilidade e a inteligência”. (XAVIER, 2010, P.239-240)
Isso acontece quando no plano físico as almas afins já se distanciaram das emoções inferiores e vulgares ajustando-se fluidicamente de maneira ideal no matrimônio. Quando acontece a interrupção da aliança matrimonial por ocasião da morte, o homem ou a mulher desencarnados se associam ao companheiro (a) em ligações construtivas para auxiliá-los no amparo aos filhos ainda necessitados de assistência, ou na “existência de obras edificantes”, uma vez que os espíritos quando “se amam verdadeiramente desconhecem o abandono ou esquecimento”. (XAVIER, 2010, P.239-240)
A reunião no Plano Espiritual acontece com a prevalência da união dos semelhantes em relação à escala das afinidades eletivas. Se os viúvos (as) das núpcias contraídas em grau de menor afinidade demonstram sadia condição de entendimento, são habitualmente conduzidos depois do desencarne ao convívio do antigo companheiro na condição de dois irmãos que caminharão lado a lado em outros “testemunhos de carinho e sacrifício pessoal para que atendam dignamente à articulação dos próprios destinos”.
Contudo, se a desesperação do ciúme ou a nuvem do despeito enceguecem esse ou aquele membro da equipe fraterna, os cônjuges reassociados no plano superior amparam-lhe a reencarnação, à maneira de benfeitores ocultos, interpretando-lhes a rebelião por sintoma enfermiço, sem lhes retirar o apoio amigo, até que se reajustem no tempo. (XAVIER, 2010, P.231-232).
Equivocam-se os que acreditam que a incontinência sexual é uma “regra de conduta nos planos superiores da Espiritualidade”. Médiuns que tenham observado regiões nas quais a libertinagem sexual acontece referem-se a lugares inferiores onde a poligamia embrutecente predomina, ainda que conceituações filosóficas de vária ordem a tentam justificar.
Nos planos enobrecidos, realiza-se também o casamento das almas, conjugadas no amor puro, verdadeira união esponsalícia de caráter santificante, gerando obras admiráveis de progresso e beleza, na edificação coletiva, e quando semelhante enlace deva ser adiado, por circunstâncias inamovíveis, os Espíritos de natureza superior aceitam, na Terra, a luta pela sublimação das forças genésicas, aplicando-as em trabalho digno, com abstenção do comércio poligâmico, tanto mais intensamente, quanto mais ativo se lhes revele o esforço no acrisolamento próprio. (XAVIER, 2010, P.237-238)
Kardec em O Livro dos Espíritos pergunta sobre como é a relação dos Espíritos simpáticos no mundo Espiritual conforme abaixo:
297. Continua a existir sempre, no mundo dos Espíritos, a afeição mútua que dois seres se consagraram na Terra?
“Sem dúvida, desde que originada de verdadeira simpatia. Se, porém, nasceu principalmente de causas de ordem física, desaparece com a causa. As afeições entre os Espíritos são mais sólidas e duráveis do que na Terra, porque não se acham subordinadas aos caprichos dos interesses materiais e do amor-próprio.”
298. As almas que devam unir-se estão, desde suas origens, predestinadas a essa união e cada um de nós tem, nalguma parte do Universo, sua metade, a que fatalmente um dia se reunirá?
“Não; não há união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos. Da discórdia nascem todos os males dos humanos; da concórdia resulta a completa felicidade.”
299. Em que sentido se deve entender a palavra metade, de que alguns Espíritos se servem para designar os Espíritos simpáticos? A expressão é inexata. Se um Espírito fosse a metade de outro, separados os dois, estariam ambos incompletos.”
300. Se dois Espíritos perfeitamente simpáticos se reunirem, estarão unidos para todo o sempre, ou poderão separar-se e unir-se a outros Espíritos?
“Todos os Espíritos estão reciprocamente unidos. Falo dos que atingiram a perfeição. Nas esferas inferiores, desde que um Espírito se eleva, já não simpatiza, como dantes, com os que lhe ficaram abaixo.”
301. Dois Espíritos simpáticos são complemento um do outro, ou a simpatia entre eles existente é resultado de identidade perfeita?
“A simpatia que atrai um Espírito para outro resulta da perfeita concordância de seus pendores e instintos. Se um tivesse que completar o outro, perderia a sua individualidade.”
302. A identidade necessária à existência da simpatia perfeita apenas consiste na analogia dos pensamentos e sentimentos, ou também na uniformidade dos conhecimentos adquiridos?
“Na igualdade dos graus de elevação.”
303. Podem tornar-se de futuro simpáticos, Espíritos que presentemente não o são?
“Todos o serão. Um Espírito, que hoje está numa esfera inferior, ascenderá, aperfeiçoando-se, à em que se acha tal outro Espírito. E ainda mais depressa se dará o encontro dos dois, se o mais elevado, por suportar mal as provas a que esteja submetido, permanecer estacionário.”
a. Podem deixar de ser simpáticos um ao outro dois Espíritos que já o sejam?
“Certamente, se um deles for preguiçoso.”
A teoria das metades eternas encerra uma simples figura, representativa da união de dois Espíritos simpáticos. Trata-se de uma expressão usada até na linguagem vulgar e que se não deve tomar ao pé da letra. Não pertencem decerto a uma ordem elevada os Espíritos que a empregaram. Necessariamente, limitado sendo o campo de suas ideias, exprimiram seus pensamentos com os termos de que se teriam utilizado na vida corporal. Não se deve, pois, aceitar a ideia de que, criados um para o outro, dois Espíritos tenham, fatalmente, que se reunir um dia na eternidade, depois de haverem estado separados por tempo mais ou menos longo.
Criadas umas para as outras – afirma Emmanuel –, as almas gêmeas se buscam, sempre que separadas. A união perene é para elas a aspiração suprema e indefinível. Milhares de seres, se transviados no crime ou na inconsciência, experimentam a separação das almas que os sustentam, como a provação mais ríspida e dolorosa, e, no drama das existências mais obscuras, vemos sempre a atração eterna das almas que se amam intimamente. Quando se encontram, no acervo dos trabalhos humanos, sentem-se de posse da felicidade real para os seus corações – a da ventura de sua união. E a única amargura que lhes empana a alegria é a perspectiva de uma nova separação pela morte, perspectiva essa que a luz da Doutrina Espírita veio dissipar. (BERNARDES, 2008, on-line)
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Referências:
BERNARDES, Thiago – Almas gêmeas e metades eternas - Site O consolador – setembro de 2008 – Disponível em: https://www.oconsolador.com.br/ano2/72/esde.html
KARDEC, Allan – O Livro dos Espíritos, tradução de Guillon Ribeiro – 1ed. Campos dos Goytacazes/RJ: Editora Letra Espírita, 2022
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo – Evolução em Dois Mundos - Ditado pelo Espírito de André Luiz. 25.ed. Brasília: FEB, 2010.
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