Planeta Terra – A Era da Regeneração
Diana Cappuzzo
Ao levantarmos a cabeça para o alto, numa noite límpida, vemos apenas um tiquinho absurdamente pequeno do que é o Universo, um espaço ocupado por milhares e milhares de estrelas, constelações, nebulosas, buracos negros, galáxias e planetas. Desse olhar, surge a sensação de sermos grãos de areia mergulhados em um oceano imensurável de éter e fluidos.
O que somos? Onde estamos? Para onde vamos?
Conhecemos nossa morada no Universo, a Via Láctea. Nela, majestosamente brilha a estrela da fonte da vida, o Sol. Conhecemos, apenas de longe, nossos vizinhos de órbitas, os planetas. Alguns deles nos são mais próximos, como Vênus e Marte, e apesar de tentarmos alguma aproximação, permanecemos distantes, sem muita comunicação. Somos terráqueos, nosso endereço final é o Planeta Terra e conhecemos muito bem a história que envolve nossa humanidade.
Segundo revelações, somos considerados, nesse sistema solar, os menos adiantados física e moralmente. Há relatos de que, na pré-história, convivemos junto com os primeiros homens (os “primatas”) espíritos exilados de outro mundo. Eles foram banidos de lá, pois ainda alimentavam dentro deles a rebeldia, o orgulho, o egoísmo e a violência e, se ali permanecessem, dificultariam imensamente a evolução daquele lugar que já era habitado por povos cheios de virtudes, prontos a novos avanços.
Esses espíritos, exilados do mundo de Capela, passaram a ser conhecidos aqui na Terra, como a raça adâmica. O objetivo de eles estarem literalmente em um mundo novo, em formação, era para expurgar as más tendências, esforçar por edificar a consciência e cumprir o dever de solidariedade e amor ao próximo.
A descida dessa raça maior causou, como era natural, no que respeita à vida de seus habitantes primitivos [...].
[...] Formidável impulso, em consequência, foi então imprimido à incipiente civilização terrestre em todos os setores de suas atividades primitivas.
De trogloditas habitantes de cavernas e de tribos selvagens aglomeradas em palafitas, passaram, então, os homens, sob o impulso da nova direção, a construir cidades nos lugares altos, mais defensáveis e mais secos, em torno das quais as multidões aumentavam dia a dia.
ARMOND, Edgard. Os Exilados da Capela. 3ª. ed. São Paulo: Aliança, 2000.
E, Allan Kardec, no livro “A Gênese” (1944, p. 231), nos diz um pouco mais sobre a importância e necessidade da chegada dos capelinhos à Terra.
A raça adâmica apresenta todos os caracteres de uma raça proscrita. Os Espíritos que a integram foram exilados para a Terra, já povoada, mas os homens primitivos, imersos na ignorância, que aqueles tiveram por missão fazer progredir, levando-lhes as luzes de uma inteligência desenvolvida. Não é esse, com efeito, o papel que essa raça há desempenhado até hoje? Sua superioridade intelectual prova que o mundo donde vieram os Espíritos que a compõem era mais adiantado do que a Terra. Havendo entrado esse mundo (Capela) numa nova fase de progresso e não tendo tais Espíritos querido, pela sua obstinação, colocar-se à altura desse progresso, lá estariam deslocados e constituiriam um obstáculo à marcha providencial das coisas. Foram, em consequência, desterrados de lá e substituídos por outros que isso mereceram.
Como vimos, a história de um mundo conta também a história de seus habitantes. Falar sobre o Planeta Terra é falar sobre nós mesmos, como um povo. É relembrar nossas sucessivas trajetórias de vidas, em diferentes períodos, que foram marcadas pelo abuso de poder, pela brutalidade, pelo sexo desenfreado, pela vaidade, pela avareza, pela ganância e por inúmeras práticas perversas no mal, alimentadas pelo nosso orgulho e egoísmo. Fazer parte da história da Terra é relembrar os motivos das nossas constantes quedas, provas e expiações e, nesse sofrimento humano, reconhecer a misericórdia divina e a urgência de viver o Evangelho Redentor de Jesus.
Há alguns milhões de anos, estávamos todos revestidos pela vestimenta do primata, que nos impulsionou a dar os primeiros passos ao desenvolvimento da inteligência e nos atendeu às necessidades de sobrevivência. Éramos puramente instintivos e ignorantes. O tempo percorreu seus anos e eras e nesse caminhar o que antes era primitivo agora é civilizado.
Todo esse processo é lei da natureza. Reencarnar é nos servirmos de um corpo emprestado para que conscientizemos nosso espírito. É importante existir as reencarnações e isso explica o avanço que nosso planeta teve desde a antiguidade. Para nós, significa até dizer que conseguimos quitar alguns de nossos débitos, modificar hábitos movidos pelo instinto, sensibilizar nosso coração com sentimentos mais fraternos e amorosos, depurar nosso espírito e elevá-lo em Deus. É, portanto, a progressão dos espíritos em constante atuação. É da lei divina estarmos onde estamos agora.
Allan Kardec, na “Gênese” (1944, p.210-211) vem em nosso auxílio para dar mais esclarecimentos sobre esse processo tão importante para o crescimento de um mundo e de seus habitantes.
O corpo é, pois, simultaneamente, o envoltório e o instrumento do Espírito e, à medida que este adquire novas aptidões, reveste outro invólucro apropriado ao novo gênero de trabalho que lhe cabe executar, tal qual se faz com o operário, a quem é dado instrumento menos grosseiro, à proporção que ele se vai mostrando apto a executar obra mais bem cuidada.
Para ser mais exato, é preciso dizer que é o próprio Espírito que modela o seu envoltório e o apropria às suas novas necessidades; aperfeiçoa-o e lhe desenvolve e completa o organismo, à medida que experimenta a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra, talha-o de acordo com a sua inteligência. Deus lhe fornece os materiais; cabe-lhe a ele emprega-los. É assim que as raças adiantadas têm um organismo ou, se quiserem, um aparelhamento cerebral mais aperfeiçoado do que as raças primitivas. Desse modo igualmente se explica o cunho especial que o caráter do Espírito imprime aos traços da fisionomia e às linhas do corpo.
A trombeta do progresso é entoada todos os dias, ao raiar do Sol. A cada despertar, sua mensagem se torna mais alta e pulsante, mais viva e presente em nossos dias. Se, nós, habitantes desse mundo avançou, significa que o planeta também. Podemos dizer que a Terra, governada por Jesus, mudou, cresceu, aperfeiçoou, se conscientizou.
Os mundos progridem, fisicamente, pela elaboração da matéria e, moralmente, pela purificação dos Espíritos que o habitam. A felicidade neles está na razão direta da predominância do bem sobre o mal e a predominância do bem resulta do adiantamento moral dos Espíritos. O progresso intelectual não basta, pois que com a inteligência podem eles fazer o mal.
KARDEC, Allan. A Gênese. 20ª. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1944.
Quando um mundo entra em um processo de transformação, é certo que ele sofrerá por uma separação, isto é, haverá entre seus residentes, uma seleção natural. É o joio se desvinculando do trigo, é a prevalência do bem sobre o mal; do sentimento sobre o instinto; da consciência espiritual sobre a material. É a lei divina dando sinal de seu cumprimento, cujo objetivo maior é o progresso moral.
Logo que um mundo tem chegado a um de seus períodos de transformação a fim de ascender na hierarquia dos mundos, operam-se mutações na sua população encarnada e desencarnada. É quando se dão as grandes emigrações e imigrações. Os que, apesar da sua inteligência e do seu saber, perseveraram no mal, sempre revoltados contra Deus e suas leis, se tornariam daí em diante um embaraço ao ulterior progresso moral, uma causa permanente de perturbação para a tranquilidade e a felicidade dos bons, pelo que são excluídos da humanidade a que até então pertenceram e tangidos para mundos menos adiantados, onde aplicarão a inteligência e a intuição dos conhecimentos que adquiriram ao progresso daqueles entre os quais passam a viver, ao mesmo tempo que expiarão, por uma série de existências penosas e por meio de árduo trabalho, suas passadas faltas e seu voluntário endurecimento.
KARDEC, Allan. A Gênese. 20ª. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1944.
Somos velhos moradores da história de nosso mundo, e se ainda estamos por aqui, é por que temos muito trabalho pela frente e um chamado a cumprir: a transformação de nós mesmos e a de nosso amado planeta. É chegada a hora. É o começo do fim da era de provas e expiações para a era da regeneração.
No entanto, fica uma pergunta: Seremos os novos capelinos em um outro mundo em formação ou permaneceremos na Terra e ascender com ela na nova fase?
Então: O que eu preciso fazer? Pelo que eu posso passar? Como vivenciar o bem e regenerar-me dia a dia? Como se dará a seleção natural? O que de fato pode acontecer com as pessoas ao meu redor? Que eventos nos acometerá nesse processo?
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