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Vegetarianismo na Visão Espírita




Por: Rafaela Paes

O vegetarianismo é um regime alimentar, ou um estilo de vida, principalmente baseado no consumo de alimentos de origem vegetal, podendo fazer parte do cardápio, também, os laticínios e os ovos, dependendo do caso.


A Doutrina Espírita, em O Livro dos Espíritos, no traz as seguintes questões acerca do tema:


“723. A alimentação animal é, com relação ao homem, contrária à lei da Natureza?” - “Dada a vossa constituição física, a carne alimenta a carne, do contrário o homem perece. A lei de conservação lhe prescreve, como um dever, que mantenha suas forças e sua saúde, para cumprir a lei do trabalho. Ele, pois, tem que se alimentar conforme o reclame a sua organização” (KARDEC, 2009, p. 231).


Sendo assim, explica-nos a Espiritualidade que a carne animal é um dos alimentos necessários ao homem, em decorrência de nossa compleição física. De acordo com eles, a lei de conservação prescreve a todos nós em caráter de um dever, que mantenhamos as nossas forças e nos mantenhamos saudáveis, devendo nos alimentar daquilo que se fizer necessário para a concretização desse dever.


“724. Será meritório abster-se o homem da alimentação animal, ou de outra qualquer, por expiação?” - “Sim, se praticar essa privação em benefício dos outros. Aos olhos de Deus, porém, só há mortificação, havendo privação séria e útil. Por isso é que qualificamos de hipócritas os que apenas aparentemente se privam de alguma coisa.” (KARDEC, 2009, p. 231).

Aqui, ensina-nos, então, que a privação de alimentação animal imposta por nós mesmos, é meritória desde que ela tenha como objetivo o benefício do próximo, ou seja, essa privação deverá ser séria e útil. Caso ocorra a privação, sem que os fins a que se destine sejam os citados na resposta à questão, há a ocorrência de hipocrisia.


O tema ainda é controverso dentro da Doutrina, por isso, traremos três visões acerca do tema. A primeira foi proferida por Chico Xavier, no ano de 1971, no Programa Pinga Fogo: “Nós temos nos apropriado de cooperação compulsória dos animais há milênios. O nosso corpo espiritual está condicionado, na grande maioria, à absorção das proteínas do reino animal. Então, se estamos ainda subordinados à necessidade de valores proteicos que recebemos da carne, não devemos entrar em regimes vegetarianos de um dia para o outro, e sim educar o nosso organismo a realizar essa adaptação.” (Dos hippies aos problemas do mundo, 1972, p. 31).


Segundo a explicação de Chico, o corpo humano ainda está condicionado à ingestão de proteínas de origem animal, recomendando que não optemos drasticamente por uma alimentação vegetariana, que deve ser instituída de forma gradual.


Já Emmanuel, no livro O Consolador, dispõe acerca da alimentação de origem animal: “A ingestão de vísceras de animais é um erro de enormes consequências do qual deriva numerosos vícios da nutrição humana. É de lastimar semelhante situação, mesmo porque, se o estado de materialidade da criatura exige a ingestão de determinadas vitaminas, esses valores nutritivos podem ser encontrados em produtos de origem vegetal, sem a necessidade absoluta dos matadouros e frigoríficos.” (XAVIER, 1940, p. 47).


Interpretando a citação de Emmanuel, tem-se que os nutrientes oferecidos pela alimentação animal podem ser encontrados em alimentos vegetais, inferindo que desse tipo de alimentação advém diversos problemas nutricionais vivenciados pelos homens.


André Luiz, no livro Missionários da Luz, ensina: "E, nós outros quando encarnados, não mantínhamos nossas mesas à custa das vísceras dos bovinos e das aves? A pretexto de buscar recursos proteicos exterminávamos frangos e carneiros, leitões e cabritos incontáveis. Sugávamos os tecidos musculares, roíamos os ossos. Não contentes em matar os pobres seres que nos pediam roteiro de progresso e valores educativos, para melhor atenderem a Obra do Pai, dilatávamos os requintes da exploração milenária e infligíamos a muitos deles determinadas moléstias para que nos servissem ao paladar com a máxima eficiência. O suíno comum era preso por nós, em regime de ceva, e o pobre animal, muitas vezes à custa de resíduos, devia criar para nosso uso certas reservas de gordura, até que se prostrasse, de todo, ao peso de banhas doentias e abundantes. Colocávamos gansos nas engordadeiras para que hipertrofiassem o fígado, de modo a obtermos pastas substanciosas destinadas a quitutes que ficaram famosos, despreocupados das faltas cometidas com a suposta vantagem de enriquecer os valores culinários (...). Entretanto, em todos os setores da Criação, Deus nosso Pai, colocou os superiores e os inferiores para o trabalho de evolução, através da colaboração e do amor, da administração e da obediência. Atrever-nos-íamos a declarar, porventura, que fomos bons para os seres que nos eram inferiores? Não lhes devastávamos a vida, personificando diabólicas figuras em seus caminhos? Infelizmente, os seres inferiores e necessitados do Planeta não nos encaram como superiores generosos e inteligentes, mas como verdugos cruéis. Confiam na tempestade furiosa que perturba as forças da Natureza, mas fogem, desesperados, à aproximação do homem, excetuando-se os animais domésticos que por confiar em nossas palavras e atitudes, aceitam a faca e o cutelo no matadouro, quase sempre com lágrimas de aflição, incapazes de discernir com o raciocínio embrionário onde começa a nossa perversidade e onde termina a nossa compreensão. Se não protegemos nem educamos aqueles que o Pai nos confiou, como gérmens frágeis de racionalidade, se abusamos largamente de sua incapacidade de defesa e conservação, como exigir o amparo de superiores benevolentes e sábios, cujas instruções mais simples são para nós difíceis de suportar, pela nossa lastimável condição de infratores da lei de auxílio mútuos?" (XAVIER, 1945, p. 29).


André Luiz, portanto, nos aconselha relembrando de nossa responsabilidade diante daqueles que de nós demandam proteção. Por consequência, entendemos sua posição contrária à alimentação animal.


No livro da codificação de Kardec, a Gênese, temos que “(…) à medida que o senso moral predomina, a sensibilidade se desenvolve, a necessidade da destruição diminui; termina mesmo por se extinguir e por tornar-se odiosa; então, o homem passa a ter horror ao sangue” (KARDEC, 2018, p. 42).


Por isso, há que se entender que o consumo de alimentos de origem animal não nos torna melhor ou pior, mas aos poucos, de acordo com a escala evolutiva de cada um, essa vertente nutricional será totalmente extirpada de nossos cardápios.


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REFERÊNCIAS:


Dos hippies aos problemas do mundo. Editora FEESP, São Paulo, SP, 1971.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. Araras, SP, IDE, 182ª edição, 2009.

KARDEC, Allan. A Gênese. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. Araras, SP, IDE, 52ª edição, 2018.

XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Ditado pelo Espírito Emmanuel. 1940. Disponível em: http://www.luzespirita.org.br/leitura/pdf/l27.pdf. Acesso em: 24 de abril de 2019.

XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da Luz. Ditado pelo Espírito André Luiz. 1945. Disponível em: http://www.luzespirita.org.br/leitura/pdf/l78.pdf. Acesso em: 24 de abril de 2019.


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