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A Importância da Oração



Rafaela Paes


Vivemos tempos difíceis! Violência, corrupção, catástrofes naturais, uma guerra que não sabemos se irá chegar; e diante de tantas mazelas, nossa imperfeição humana permite que nasçam dentro de nós sentimentos de desesperança, ódio, falta de fé e, muitas vezes, o desejo pela lei do olho por olho, dente por dente.

Os mais sensíveis percebem que a energia está diferente. Muitos não dormem, outros sentem angústia, peso, tristeza. E aí, podem perguntar: O que fazer diante desse quadro? A resposta é simples, curta e objetiva: ORAR!

O item 23 do capítulo XXVII do Evangelho Segundo o Espiritismo nos mostra a importância e a beleza da oração ao dizer: “Homens incrédulos! Se soubessem que grande bem faz a fé ao coração e leva a alma ao arrependimento e à oração! Ah! Como são tocantes as palavras que saem da boca daquele que ora! A oração é o orvalho divino que aplaca o calor excessivo das paixões. Filha primogênita da fé, ela nos eleva ao caminho que conduz a Deus. No recolhimento e na solidão, estão com Deus; para vocês, não há mais mistérios; ele os desvenda. Apóstolos do pensamento, para vocês é a vida; sua alma se desliga da matéria e revoa por esses mundos infinitos e etéreos, que os pobres humanos desconhecem”.

Temos consciência de que nosso pensamento atrai companhias espirituais afins, e que esses mesmos pensamentos se juntam com os pensamentos de outros encarnados. Pois bem! Se nos deixamos invadir pelos sentimentos citados ali no início, estaremos emitindo para o mundo tudo de negativo, e aí, nos tornamos corresponsáveis pelo agravamento da situação com a nossa falta de esperança e de oração.

Orar, segundo a questão 659 do Livro dos Espíritos, “é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar nele, se aproximar dele e colocar-se em comunicação com ele. Pela prece pode-se propor três coisas: louvar, pedir e agradecer.

Muitos podem dizer que orar não vai mudar a situação, e realmente sabemos que aquilo que precisa acontecer irá acontecer de qualquer forma, mas a prece fortalece a nós e aos outros. “Vossas provas estão entre as mãos de Deus e há as que devem ser suportadas até o fim, mas, então, Deus tem sempre em conta a resignação. A prece chama para vós os bons Espíritos, que vos dão força para suportá-las com coragem, e elas vos parecem menos duras. Já o dissemos: a prece não é jamais inútil, quando ela é bem feita, porque fortalece, e é já um grande resultado. Ajuda-te, e o Céu te ajudará, sabes isso. Aliás, Deus não pode mudar a ordem da Natureza ao capricho de cada um, porque aquilo que é um grande mal sob o vosso ponto de vista mesquinho e a vossa vida efêmera, é, frequentemente, um grande bem na ordem geral do Universo. Depois, quantos males não há de que o homem é o próprio autor por sua imprevidência ou por suas faltas! Ele é punido pelo que pecou. Entretanto, os pedidos justos são mais frequentemente atendidos, como não pensais. Credes que Deus não vos tem escutado porque ele não fez um milagre por vós, enquanto ele vos assiste por meios tão naturais que vos parecem o efeito do acaso ou da força das coisas. Frequentemente, ou o mais frequentemente mesmo, ele vos suscita o pensamento necessário para vos tirar da confusão”. (Questão 663, O Livro dos Espíritos).

É nosso dever cristão enviar ao universo nossos desejos de paz, de fé, de amor, de respeito, de resignação e de caridade. Orar é praticar a caridade, é se colocar no lugar do outro, é sentir a dor daquele que sofre, mesmo que há quilômetros de distância. Caridade não é apenas ajudar materialmente ou estar ali presente. Quando isso não é possível, uma prece bem feita, sincera, ajuda tanto quanto. Emitir sentimentos sinceros não significa orar maquinalmente, orações decoradas, que saem de nossas bocas de forma mecânica. Nos orienta Jesus, no item 4 do capítulo XXVII do Evangelho Segundo o Espiritismo: “quando orarem, diz ele, não se ponham em evidência, mas orem em segredo; não se preocupem em orar muito, pois, não é pela multiplicidade de palavras que serão atendidos, mas pela sinceridade delas; antes de orar, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoem-no, pois, a oração não poderia ser agradável a Deus, se não partisse de um coração purificado de todo sentimento contrário à caridade; orem, enfim, com humildade, como o publicano, e não com orgulho, como o fariseu; examinem seus defeitos e não suas qualidades e, se se compararem aos outros, procurem o que há de mau em vocês”.

O poder da oração que fazemos está no nosso pensamento, então, imaginem o efeito para o mundo, se todos nós, conhecedores da Doutrina, emitíssemos uma oração sempre que diante de algo que nos fere ou agride, mesmo que indiretamente? Ao invés de desejar que um assassino tenha o mesmo fim de sua vítima, ORE! Ao invés de maldizer os políticos corruptos, ORE! Ao invés de olhar os terremotos, furacões, tsunamis, tufões, de forma fria, porque está muito longe de você, se coloque no lugar do outro e ORE! O item 15 do capítulo XXVII do Evangelho Segundo o Espiritismo nos diz “A oração em comum tem uma ação mais poderosa quando todos aqueles que oram se associam de coração num mesmo pensamento e têm um mesmo objetivo, porque é como se muitos clamassem juntos e em uníssono [...]”.

Julgamos ser pouco, mas não imaginamos a grandeza de uma oração sincera! E a grande de várias orações sinceras sendo emitidas o tempo todo. Que saibamos pedir a Deus, não o fim imediato das mazelas, o cessar de tragédias, pois tudo acontece por um objetivo maior, mas que coloquemos em nossas orações pedidos por paciência, fé, resignação, coragem, paz de espíritos, para nós e para os outros. Munidos desses sentimentos, atravessaremos o tempo até que a melhoria chegue de forma calma, resiliente, e sempre orando, sem pesos, sem medo, sem revolta. “O que Deus lhe concederá, se a ele se dirigir com confiança, é a coragem, a paciência, a resignação. Também lhe concederá os meios de ele próprio conseguir desvencilhar-se das dificuldades, por intermédio das ideias que lhe fará sugerir pelos bons Espíritos, deixando-lhe dessa forma o mérito da ação; assiste aqueles que se ajudam a si mesmos, segundo esta máxima: “Ajuda-te, que o céu te ajudará”; mas não assiste aqueles que tudo esperam de um socorro estranho, sem fazer uso de suas próprias faculdades; na verdade, na maioria das vezes, o homem preferiria ser socorrido por um milagre, sem ter de fazer absolutamente nada”. (Capítulo XXVII, item 7, Segunda parte – O Evangelho Segundo o Espiritismo).

O poder de fazer o bem ao próximo ainda é reafirmado no Livro dos Espíritos, em sua questão 662: “Pode-se orar utilmente por outrem”? Ao que responderam: “O Espírito daquele que ora age por sua vontade de fazer o bem. Pela prece, ele atrai para si os bons Espíritos que se associam ao bem que quer fazer”. E ainda, nos traz Kardec em nota à questão: “Possuímos, em nós mesmos, pelo pensamento e a vontade, um poder de ação que se estende além dos limites da nossa esfera corporal. A prece por outros é um ato dessa vontade. Se ela é ardente e sincera, pode chamar em sua ajuda os bons Espíritos, a fim de sugerir-lhe bons pensamentos e dar-lhe a força do corpo e da alma de que necessita. Mas aí ainda a prece do coração é tudo, a dos lábios não é nada”.

Orar não é pedir um milagre, e nem achar que ela só tenha sido válida quando se alcança aquilo que se pede de forma rápida. Orar é pedir forças para cumprir e aceitar os desígnios maiores, é crer na mudança trazida pelo caos, é esperar em Deus a melhora de situações que, aos nossos olhos, apenas trazem o mal. Orar é ser solidário, atencioso, é sentir a dor do nosso irmão e pedir por ele. Elevemos nossos pensamentos em uma breve e sincera oração, deixamos que do nosso coração saiam energias de amor e paz, e que juntas, elas possam aliviar os sofrimentos daqueles que se encontram em tormenta.

De forma singela, termino esse artigo, com fé na oração de todos, e deixando as palavras do Chico Xavier, pelo Espírito Maria Dolores, que de forma muito meiga, nos deixa uma mensagem intitulada “Beneficência”, no livro “A vida conta”:

“Ante a pessoa que sofre,

Nunca digas “impossível”.

Nas sendas de qualquer nível,

Podes doar do que tens;

Para os outros, muitas vezes,

Na prova amarga como é,

Uma só frase de fé

Define o maior dos bens.

Poucos sabem quanto valem

Para uma casa singela

Alguns metros de flanela

Em forma de cobertor,

O pão cortado aos pedaços

Para o conforto da mesa,

A força da gentileza

De quem oferta uma flor.

Enxuga com teu sorriso

A lágrima que te alcança,

Estende alguma esperança

A quem se note sem luz;

Qualquer migalha de auxílio

É plantação que se faz,

Rendendo frutos de paz

Nos créditos de Jesus”.

REFERÊNCIAS

O Evangelho Segundo o Espiritismo

O Livro dos Espíritos

A Vida Conta – Chico Xavier, pelo espírito Maria Dolores

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