A Morte Cerebral e o Desencarne Total

Por: Priscila Gonçalves

Antes de entrar precisamente na visão espiritual sobre a morte cerebral, vamos entender um pouco mais sobre a ótica médica da expressão.

Na medicina, entende-se por morte cerebral, o desligamento total das funções cerebrais, tendo como sintomas mais comuns a ausência de respiração, ausência de estímulos a dor como uma picada de agulha, por exemplo, e também pupilas não reagentes, porém os outros órgãos continuam funcionando, pois o coração ainda bombeia sangue para o corpo. Entretanto, este estágio é irreversível, e dependendo da condição geral do paciente, os demais órgãos podem parar de funcionar em questão de horas ou dias, após declarada a morte cerebral.

Agora vamos entender a diferença entre o desencarne propriamente dito e a morte cerebral. Quando há o desencarne, o espírito se desliga em sua totalidade daquele corpo carnal, em questão de horas ou dias, dependendo do grau evolutivo individual e também de sua ligação com a matéria num todo.

Dentro deste contexto, podemos analisar a questão 156 do Livro dos Espíritos, onde a Espiritualidade nos orienta a respeito da separação de corpo e alma.

“156 – A separação definitiva da alma e do corpo pode ocorrer antes de cessação completa da vida orgânica? Resposta - Algumas vezes, na agonia, a alma já deixou o corpo e não há mias que a vida orgânica. O homem não tem mais consciência de si mesmo e, entretanto, lhe resta ainda um sopro de vida. O corpo é uma máquina que o coração movimenta; existe enquanto o coração faz circular o sangue nas veias; e para isso não necessita da alma.”

Devemos salientar porém, que, nem sempre é possível saber se alma já se desligou daquele corpo totalmente, mesmo já tendo sido declarada a morte cerebral.

Há também possíveis dificuldades no ato do desligamento, quando indivíduos materialistas que viveram unicamente para satisfazer seus vícios e paixões terrenos, tendo como único objetivo o acumulo infindável de bens materiais, e também não trabalharam para alcançar objetivos superiores.

Tendo a ajuda dos nossos benfeitores espirituais, o desligamento pode ocorrer com um pouco mais de tranquilidade, sempre variando de acordo com a individualidade de cada um, mas ainda assim, gerando possíveis transtornos ao desencarnado, pois essas condições dependem de como foi a vida da pessoa enquanto encarnado.

Na questão 154 do Livros dos Espíritos há um melhor esclarecimento sobre a separação do espírito do corpo. Vejamos:

“154 – A separação da alma e do corpo é dolorosa? Resposta - Não, o corpo sofre, frequentemente, mais durante a vida que no momento da morte; neste a alma não toma parte. Os sofrimentos que experimenta, algumas vezes, no momento da morte, são um prazer para o Espírito, que vê chegar o fim do seu exílio.”

Quanto mais material e sensual foi a vida, mais lentamente dá-se o desligamento total de espirito e corpo, ao passo que, a atividade intelectual e moral elevada, há uma gradual libertação mesmo durante a vida, e quando a morte chega, ela é quase instantânea.

É um assunto complexo e simples ao mesmo tempo.

Nossas vidas podem ser abundantes em aspectos diversos, seja na sensualidade e materialismo, seja na moral elevada. Mas é importante sempre lembrar que a Terra ainda é um planeta de provas e expiações, a caminho da Regeneração, mas enquanto isso não acontece, temos que trabalhar em prol do bem coletivo, procurando sempre alcançar objetivos superiores, e não apenas trabalhar para acumular bens e fortunas que acabam se perdendo com o tempo.

A morte orgânica é apenas o final de um ciclo, para inicio de outro, e não deve ser encarada com medo e terror. Trabalhemos sempre e sejamos luz, onde quer que estejamos!

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ENTENDENDO A MORTE ENCEFÁLICA. [S. l.], [200-]. Disponível em: http://www.abto.org.br/abtov03/default.aspx?mn=472&c=915&s=0&friendly=entendendo-a-morte-encefalica. Acesso em: 17 out. 2019.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 182. ed. [S. l.: s. n.], 2009.

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