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Aparência Física


Samara Milani

A aparência física ainda salta aos olhos da humanidade. Em busca da beleza física, dispensamos tempo, dinheiro e esforços. Nas últimas semanas me deparei com situações que deixaram minha mente inquieta, senti incômodo, tristeza e preocupação. Em variados grupos sociais que participo (presenciais e virtuais) tenho acompanhado a realidade cruel de algumas pessoas que têm sofrido com uma busca infinita em adequar-se aos atuais padrões de beleza.


Entre os casos que acompanhei, esposas sentiam-se cobradas pelos seus companheiros para “melhorarem” seu corpo, situação que as faziam sentir-se culpadas, infelizes, e não amadas. Acompanhei casos discriminatórios de pessoas que não conseguiram uma vaga de emprego por serem diferentes do padrão. Outras que não conseguiam se inserir num grupo social, pelo mesmo motivo.


É uma realidade cruel!


São inúmeros casos de pessoas que se sentem desprezadas por sua aparência física. Muitos se isolam, entram em estado depressivo, alguns pensam/tentam até suicídio por essa razão. E a pergunta que fica é: até quando? Até quando nos julgaremos pela aparência? Quais são os limites nessa busca desenfreada pelas mudanças corporais?


Será que também não somos culpados?


Talvez aquela inocente piada enviada para os amigos no grupo do WhatsApp que satiriza a pessoa “fora do padrão”? E a foto daquela pessoa irreal que é compartilhada e “desejada” pelo grupo. O comentário sem malícia: “ela era tão linda, depois casou e parou de se cuidar.” Ou talvez uma frase despretensiosa que diz: “Que rosto lindo dessa mulher, imagine se emagrecesse”, ainda: “Essa moça seria perfeita se colocasse silicone nos seios”. Entre tantas outras que dizemos sem perceber, por força do hábito.


Nós contribuímos para que a situação continue como está. Indiretamente somos responsáveis pela moça que está doente com anorexia, pelo colega que está em depressão, aquela mulher que tentou o suicídio, aquele jovem que está revoltado e pensa em vingança, ou aquela senhora que está desfigurada após tantas cirurgias!


A boa notícia é que: nós podemos mudar isso aos poucos! Quando questionamos nossos comportamentos habituais, quando não aceitamos nossos pensamentos “automáticos”, enfim, quando nos confrontamos.


Allan Kardec em Obras Póstumas transcreveu que: “Belo, realmente belo só é o que o é sempre e para todos”. E a beleza física, sabemos, é passageira. O evangelho segundo Mateus, repreende à grande importância dada ao que é passageiro: “Ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.” Mateus 6:20


Ainda em Obras Póstumas, no capítulo Teoria da Beleza, Kardec escreve: “a beleza real consiste na forma que mais afastada se apresenta da animalidade e que melhor reflete a superioridade intelectual e moral do Espírito. “E complementa que “o amor gera a beleza de todas as coisas, sendo, ele próprio, a perfeição. — O Espírito tem por dever adquirir essa perfeição, que é a sua essência e o seu destino.”

E para complementar João em sua primeira epístola escreve aos irmãos: “Pois tudo o que há no mundo - a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens - não provém do Pai, mas do mundo. O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.” 1 João 2:16-17


A beleza nunca será física, pois o que é matéria perece e não permanece. Somos instruídos e aconselhados a buscar a beleza verdadeira, que é o amor, ensinado por Cristo. Essa é a maior riqueza e a maior beleza, aquela que a traça não corrói, que não acaba com o tempo, a beleza que dura eternamente. Que aprendamos a valorizar o que realmente tem valor!


Para concluir, transcrevo uma linda reflexão deixada por Saint Exupery em seu livro O Pequeno Príncipe: “E agora, como prometido, aqui vai o meu segredo. De fato, é um segredo bem simples: é somente com o coração que podemos ver corretamente; o essencial é invisível aos olhos.”


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