OBSESSORES: COMO PERCEBER SUA PRESENÇA
Silvio Cardoso
A Doutrina Espírita, se apresenta de forma diferente de muitas manifestações científicas, filosóficas ou religiosas pelo fato de ter na sua origem, estudos de fenômenos que não são propriamente o principal objetivo deste movimento centrado na moral cristã, mas que tem seu papel fundamental por meio de estudo, trazer esclarecimento e através do avanço intelectual alavancar o avanço da moralidade dos seres habitantes do nosso planeta. Dentre estes fenômenos ditos espirituais, vale destacar o processo de obsessão, conhecido por causar influência comportamental perceptível ou não ao obsidiado dependendo do grau em que aconteça.
Como destaca Kardec em O Livro dos Médiuns, a obsessão está na primeira linha dos estudos sobre o Espiritismo, e esta ação acontece sempre por parte de um espírito inferior, com diferentes finalidades, causando sempre constrangimento a quem é alvo, diferenciando-se em três graus de intensidade conforme os efeitos que produz, variando entre obsessão simples, fascinação e subjugação.
Kardec usa suas palavras com maestria ao se referir ao obsedado como médium, afinal, todos somos médiuns (meios) de manifestações entre os planos espiritual e material, em maior ou menor grau de sensibilidade, desta forma, estamos suscetíveis a ação de espíritos elevados ou aqueles ainda inferiores. Podemos assim usar como modo de nos precavermos contra tal fenômeno o conhecimento sobre o assunto, para perceber em si próprio ou em outros quando uma obsessão acontece.
Sucintamente, a obsessão simples se dá por meio influencias leves, onde por exemplo, Allan Kardec (p. 257) diz que acontece “quando um espírito malfazejo se impõe a um médium” (1). Nesse trecho do livro, nosso querido autor nos permite trazermos para nosso cotidiano e pensarmos sobre momentos em que assumimos posturas que estão em desacordo com nossa conduta habitual a nos deixamos levar por impulsos que não resultam em consequências desagradáveis, seja em um momento de dificuldade, discussão ou por algum estresse por conta das intempéries do cotidiano, onde cabe a cada um refletir e analisar se não seriam situações em que nos afinamos com entidades motivadas também por sentimentos inferiores e damos abertura para que nos influenciem a agir por puro impulso negativo.
A fascinação por sua vez possui características mais complexas, levando o médium em casos de comunicações mais claras a, “não acreditar que está sendo enganado” segundo o Codificador (p. 258) (2). No dia a dia podemos interpretar talvez como ocasiões em que todos passamos, por mais espiritualizados que procuramos ser, onde interpretamos situações de uma forma distorcida em relação a realidade, não encontrando soluções para problemas que são por vezes simples, ou interpretando erroneamente palavras de outras pessoas, ocasionando “tempestades em copo d’agua”, quando na verdade o que nos falta é tranquilidade e fé para que não nos façamos vítimas de objetivos desajustados com os valores do Cristo.
O mais grave dos casos de obsessão, a subjugação, “é uma constrição que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir a seu mau grado” (Kardec, p. 259). Esta por conta da profundidade do fenômeno podemos perceber que acontece em sua enorme maioria em médiuns ostensivos que deixam “brechas” certamente no que diz respeito a imperfeições morais, e espíritos inferiores fazem uso de seus meios físicos para atuar conforme sua vontade, atuando sobre os órgãos do medianeiro para fins no mínimo constrangedores.
Allan Kardec (p. 260), no tocante a obsessão e o que está em seu entorno, além de nos trazer informações sobre o assunto de forma a identificarmos o fenômeno por meio do conhecimento, nos fornece uma espécie de método bastante claro de percebemos quando um obsessor se mostra atuante e faz isso listando nove possíveis características:
1°) Persistência de um Espírito em se comunicar, de bom ou mau grado, pela escrita, pela audição, pela tiptologia etc., opondo-se a que outros Espíritos o façam;
2°) Ilusão que, não obstante a inteligência do médium, o impede de reconhecer a falsidade e o ridículo das comunicações que recebe;
3°) Crença na infalibilidade e na identidade absoluta dos Espíritos que se comunicam e que, sob nomes respeitáveis e venerados, dizem coisas falsas ou absurdas;
4°) Confiança do médium nos elogios que lhe dispensam os Espíritos que por ele se comunicam;
5°) Disposição para se afastar das pessoas que podem emitir opiniões aproveitáveis;
6°) Tomar a mal a crítica das comunicações que recebe;
7°) Necessidade incessante e inoportuna de escrever;
8°) Constrangimento físico qualquer, dominando-lhe a vontade e forçando-o a agir ou falar a seu mau grado;
9°) Rumores e desordens persistentes ao redor do médium, sendo ele de tudo a causa, ou o objeto. (3)
Contudo, podemos perceber que Kardec usa de formas gerais para caracterizar as situações e possibilidade de obsessão, mas fica clara a possibilidade de identificação e assim, como nos ensina a Doutrina Espírita, nós espíritos somos feitos de pura energia e energia semelhante atrai semelhante, então nos é dada a graça da prece para que entremos em sintonia como Deus, e a caridade como exercício prático do bem, que naturalmente dirige para perto de que o faz, coisas boas de igual valor. Por isso, sigamos como jesus nos ensinou, com: Fé, amor e caridade!
REFERÊNCIAS
1 - KARDEC, Allan. O Livros dos Médiuns. 85a Edição, São Paulo: Ide Editora, 2008.
2 - KARDEC, Allan. O Livros dos Médiuns. 85a Edição, São Paulo: Ide Editora, 2008.
3 - KARDEC, Allan. O Livros dos Médiuns. 85a Edição, São Paulo: Ide Editora, 2008.
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