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O Desencarne Após Consumo de Álcool e Drogas


Priscila Gonçalves


Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito. Efésios 5:18


Vivemos em um mundo de energias densas e nosso corpo físico é, por si só, feito de matéria densa. Reencarnamos na Terra com diversos propósitos e, dentre eles, experimentar e experenciar as mais diversas “criações” humanas e também as criações de Deus.

Somos convidados a todo instante a nos reunir e compartilhar de comida, bebida, algumas vezes drogas lícitas e ilícitas, a fim de fugir da realidade que por vezes nos assola os campos mental e emocional de forma violenta. Alguns não conseguem desvencilhar-se facilmente destes caminhos tortuosos que são os vícios, e todos nós carregamos conosco em nossa bagagem de outras existências alguns traços peculiares e sequelas de vícios previamente adquiridos. Todos estes fatores resultam em um grande potencial de tragédias individuais e coletivas, de indivíduos que não conseguem resistir aos seus mais profundos vícios e aos convites às substâncias nocivas à nossa saúde, que vêm maquiados de reuniões amigáveis e confraternizações.


Todos conhecem de cor e salteado talvez uma das mais famosas passagens do Evangelho:


“Tudo me é permitido”, mas nem tudo convém. “Tudo me é permitido”, mas eu não deixarei que ada me domine. (BÍBLIA, 2021).


Tudo nos é permitido uma vez que somos dotados do livre arbítrio, e por ele podemos fazer nossas escolhas; porém, nem tudo nos convém, e temos também que utilizar do nosso discernimento e sabedoria para resultar nas nossas ações. Para tudo temos o nosso livre arbítrio, mas temos que refrear nossos impulsos, não deixando que os instintos primitivos nos dominem.


Na teoria são palavras belas, e pensar sobre este contexto nos parece algo simples, mas, quando temos que lidar verdadeiramente com nosso Eu, quem nós somos em essência, o trabalho torna-se complexo.


O consumo excessivo de álcool e uso de drogas lícitas e ilícitas para afugentar dores, sofrimentos e traumas gera uma cadeia de acontecimentos trágicos ao longo do tempo.

A começar pela presença constante de obsessores e outros Espíritos desencarnados que ainda não se desligaram completamente da matéria, e utilizam das afinidades energéticas encontradas em nós para continuarem alimentando seus vícios. Isso torna-se frequente, e, sem um devido cuidado e tratamento adequados por parte do encarnado já imerso no vício, acarreta, dentre outras causas, a morte por suicídio também.


Segundo a ideia, muito falsa, de que não se pode reformar sua própria natureza, o homem julga-se dispensado de fazer esforços para corrigir os defeitos em que se compraz voluntariamente. Isso lhe exigiria muita perseverança; é assim, por exemplo, que o homem inclinado à cólera quase sempre se desculpa por seu temperamento. Em vez de se considerar culpado, atribui a falta a seu organismo, acusando assim a Deus dos defeitos que são dele. É ainda uma consequência do orgulho que se encontra misturado a todas as suas imperfeições.

Certamente, há temperamentos que se prestam, mais que outros, a atos violentos, como há músculos mais flexíveis que se prestam melhor a esforços violentos. Mas não acrediteis que esteja nisso a causa primeira da cólera; persuadi-vos de que um Espírito pacífico, mesmo em corpo bilioso, sempre será pacífico, e um Espírito violento, em um corpo linfático, não seria por isso mais dócil. Apenas a violência tomaria um outro caráter: não tendo um organismo apropriado a apoiar sua violência, a cólera seria concentrada, e, no outro caso, seria expansiva. O corpo não dá mais cólera àquele que não a tem, assim como não dá outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao Espírito.


Sem isso, onde estaria o mérito e a responsabilidade? O homem, que é disforme, não pode se tornar reto, porque o Espírito nada tem com isso, mas pode modificar o que é do Espírito quando tem vontade firme. A experiência não vos prova, espíritas, até onde pode ir o poder da vontade, através das transformações verdadeiramente miraculosas que vedes operarem-se? Dizei, pois, que o homem só permanece vicioso porque quer permanecer vicioso. Mas aquele que quer se corrigir sempre o pode, pois de outra forma a lei do progresso não existiria para o homem. (Hahnemann. Paris, 1863). Kardec (2019).


O desencarne após consumo de álcool e drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas, gera danos seríssimos ao Espírito, uma vez que existe ainda um apego ao material, ao vício que se tornou parte de seu ego.


Assim, o desligamento do Espírito do corpo carnal é cada vez mais difícil, ficando o Espírito na erraticidade por muito e muito tempo, até que tome consciência de seu estado e procure ajuda da Espiritualidade Superior. Mesmo depois, em encarnações futuras, o Espírito pode levar consigo traços dessas vivências, acumulando débitos mais complexos para vencer, e seu processo evolutivo torna-se então mais doloroso.


São estas e várias outras consequências para os exageros que cometemos.


Lembremos que tudo nos é permitido, mas nem tudo nos convém, pois, nem tudo que existe na Terra nos é benéfico. A chave está em cuidar não só da nossa depuração moral, que é uma responsabilidade e compromisso constantes, mas também da melhora do nosso corpo físico, que é o veículo do Espírito neste mundo.

REFERÊNCIAS:

BÍBLIA Sagrada Online. 1 Coríntios 6:12. Disponível em: https://www.bibliaon.com/versiculo/1_corintios_6_12/. Acesso em 20 jun. 2021.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capivari: EME, 2019.

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