Personalidades Espíritas: Anália Franco, a dama da educação
01 de fevereiro de 1853, meados do século XIX, nasceu Anália Franco Bastos que ficou mais conhecida como Anália Franco. Nascida na cidade sul-fluminense de Resende conhecida a época como Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Resende, mas foi em São Paulo que Anália começou sua carreira após passar no concurso da Câmara de SP. Aos 16 anos, Anália Franco formou-se como Normalista que eram as mulheres que cursavam o Curso Normal também conhecido como Magistério de 1º grau. Exerceu o cargo de professora primária. Foi uma notável jornalista e poetisa. Mas a partir de 1871, com a Lei do Ventre Livre, Anália disse ao mundo para que veio. Largou o cargo na capital paulista e partiu para o interior para dedicar-se às crianças mais necessitadas. Logo alugou uma fazenda e inaugurou a primeira Casa Maternal, atendendo sem distinção todas as crianças levadas por parentes. A Lei do Ventre Livre, também conhecida como a Lei Rio Branco foi uma lei abolicionista que passou a considerar livre todos os filhos de mulheres escravas nascidos a partir da data da lei (28/09/1871). Sendo assim, em pouco tempo, Anália a nova fazendeira, deparou-se com uma espécie de albergue de crianças negras. Com pouquíssimo recurso, Anália decidiu alugar uma casa na cidade e dedicou-se na edução de suas crianças que ela gostava de chamar de “meus alunos sem mães”. A caridade dela começou a chamar atenção na cidade e atraia cada vez mais curiosos que queriam conhecer o singelo, pequeno e humilde abrigo que transformou-se em escola pública.
Anália, moça magra e muito ativa, trouxe-se a seu favor um grupo de abolicionistas contra um grande e poderoso grupo de católicos escravocratas. Em São Paulo, entrou para um grupo republicano, mas sem intenção de política. Seu foco era a educação às crianças. Em abril de 1898, Anália Franco conseguiu fundar uma revista própria denominada “Álbum das Meninas”. Em pouco tempo, ela se uniu à vinte senhoras amigas para fundar o instituto educacional “Associação Feminina Beneficente e Instrutiva”. Seu trabalho na educação era incensante e criou muitas e muitas escolas maternais e escolas elementares. No início do século XX, Anália lançou a revista mensal “A Voz Maternal” com mais de 6 mil exemplares e impressos na própria oficina. Uma mulher muito além do seu tempo.
Anália Franco escreveu uma infinidade de livros para a educação das crianças e para escolas, os quais tornaram-se dignos de serem adotados nas escolas públicas. Escreveu romances que ficaram famosos e tornou-se teatróloga. Era espírita fervorosa, mas extremamente liberal e tolerante. Não gostava de imprimir às obras um caráter nitidamente espírita. Ela explicava recebendo crianças de todas as crenças religiosas que bastava o ensino das verdades fundamentais das religiões em geral, como a existência de Deus, a imortalidade da alma, e o ensino da mais pura moral, para despertar no coração delas a atividade espiritual no sentido do amor a Deus e ao próximo. Alguns jornais católicos, sabendo que Anália Franco era espírita, não poupavam a ela e à sua obra, criticas pesadas. Mas ela jamais desanimou. Os frutos de Anália Franco resultaram em 71 escolas, 2 albergues, 1 colônia regeneradora para mulheres, 23 asilos para crianças órfãs, 1 banda musical feminina, 1 orquestra, 1 grupo dramático, além de oficinas para manufatura de chapéus, flores artificiais, etc., em 24 cidades do Interior e da Capital de São Paulo.
O caráter científico e a clareza com que a Doutrina Espírita abordava e explicava naturalmente os aspectos espirituais da vida encantaram Anália Franco. Anália Franco retornou ao mundo espiritual em 20/01/1919 quando ia ao Rio de Janeiro para fundar mais uma instituição que mais tarde foi concretizada por seu esposo que batizou o local como “Asilo Anália Franco”. No momento de seu desencarne, Anália segurava agulha, linha e a bandeira do Brasil. Deixou um legado ímpar com sua luta a favor dos excluídos pela sociedade. Anália Franco ficou conhecida como a grande dama da educação brasileira.
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