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A misericórdia da Reencarnação


Por: Tatiane Melo

Quantas vezes nos vemos diante de situações que, inevitavelmente, nos exigem avaliar quais os cacos que podem ser aproveitados para, assim, refazer um novo eu, uma nova caminhada, uma nova vida?


Quisera ser uma dessas pessoas que, aparentemente, passam a vida de forma inabalável, sem qualquer situação ou surpresa que as faça perder o rumo ou exija que tudo, ou quase tudo, seja revisto. Aquela felicidade de Instagram, em que não há sol ou chuva que mude o estado de espírito. Quem dirá tempestades que passam varrendo tudo.

Cair, levantar. Cair, quebrar, juntar. De quantos cacos somos feitos ao longo da vida?


Dizem os antigos que é importante deixar a criança que se encontra em fase de crescimento andar sem ajuda, para que ela caia e aprenda a levantar sozinha. Desde cedo a vida já se incumbe de nos ensinar que a caminhada é solitária, e que não há pai ou mãe que nos impeça de cair, de machucar, e, principalmente, de ter que se levantar sozinho.


Não há quem levante por nós. É a jornada solitária da dor de se ver em pedaços. E, principalmente, do trabalho de analisar o que sobra, o que ainda pode ser reaproveitado, e deixar para trás o que não pode mais ser colado. Mesmo que esse pedaço seja uma parte profunda de você, mesmo que deixa-la ir embora signifique perder uma parte de sua alma.

Reencarnação. Essa dádiva que Deus nos dá, que nos permite renascer e, por um tempo, ter a chance de reconstruir pedaços outrora partidos, sem o peso da lembrança. Quantas e quantas vezes não nos vemos diante de pedaços antigos, munidos da cola da misericórdia divina, para tentarmos mais uma vez reconstruí-los?


As vezes dá certo, e conseguimos juntar esses pedaços. Talvez seja nesses momentos que encontremos a paz de espírito dita pelo Cristo, de quem percorreu o bom caminho e conseguiu aprender com os tropeços, juntando os cacos e fazendo deles um belo mosaico. Talvez disso sejam feitos os espíritos superiores: belos mosaicos, cujas quedas e dores ensinaram o amor, a Fraternidade e o perdão.


Mas nem sempre conseguimos. As vezes a cola divina nos é dada, mas o nosso egoísmo humano não sabe como utilizá-la. As vezes alguém segura aquele pedaço necessário, como uma disputa de xadrez, esquecendo-se que na verdade se trata de um quebra cabeça e que não é bom para ninguém aquela peça faltar...


Talvez a questão seja justamente essa: a insistência que temos em achar que a vida é jogo de xadrez. Essa insistência de séculos em ver o outro como adversário, e achar que juntar os próprios cacos passa pela iniciativa de despedaçar o outro, ou, quem sabe, negar-lhe a dar o pedaço que falta.


A misericórdia divina nos acompanha, permitindo por meio da reencarnação novas chances de juntar os cacos, de retomarmos o nosso quebra cabeça e aquelas peças que nos faltam. Chances e mais chances de construirmos o nosso mosaico de vida.


Mas, quantos e quantos séculos ainda viveremos insistindo em tratar a vida como xadrez?


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