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Aborto espontâneo: Considerações Espíritas


Ludmila de Almeida Rosa


Quando há a expectativa pelo nascimento de um filho, a dor de sua não consumação, ou seja, o aborto espontâneo, chega dilacerando o coração e minando as esperanças existentes até então.

 

Por que isso acontece? Por que logo com aquela mãe que tanto sonha em ter um filho?

 

Muitas respostas científicas falam sobre incompatibilidade de genes, ou sobre o fato de o próprio organismo acabar rejeitando o feto, ou sobre falta de vitaminas e, ainda, sobre doenças intrauterinas - como miomas, endometriose, tumores cancerígenos, porém benignos. Há vários fatores elencados nos artigos acadêmicos sobre o tema.

 

Em uma entrevista sobre aborto espontâneo, do Dr. Drauzio Varella com o Dr. Mario Burlacchini - Coordenador Médico da Medicina Fetal do Fleury e professor livre docente da disciplina de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, esclarece-se que as causas são muito variáveis. “Para boa porcentagem dos abortos, em torno de 30% ou 40%, não se consegue definir nenhuma etiologia, nenhuma causa específica. Para os 60% restantes, é possível identificar a causa, em geral considerando o momento em que ocorreu o abortamento, se foi precoce ou mais tardio” (PORTAL DRAUZIO VARELLA, 2020).

 

Mas, e na Doutrina Espírita, o que pode ser explicado?

 

Em O Livro dos Espíritos, questão 346, as mortes prematuras têm sua causa nas imperfeições da matéria, ou seja, o corpo que o Espírito escolheu morre antes do nascimento (KARDEC, 2022, p.160).

 

Muitas vezes, o Espírito que será concebido, tinha uma “carga horária” a cumprir devido à interrupção pretérita, de outra vida, e ele precisava finalizar este processo. Portanto, às vezes é o tempo de gerar, formar e voltar a Vida Espiritual.

 

Também há casos em que o Espírito não se sente preparado para aquele novo desafio e desiste no “meio do caminho”. Sim, existe preparo, existe estudo, mas também existe o livre arbítrio. O Espírito pode ter planejado, mas chegado o momento, e ele não se sentiu preparado, amado ou acolhido, decidindo voltar à Vida Espiritual para se refazer e ter mais forças para seguir em frente.

  

Na questão 345 de O Livro dos Espíritos, fala-se sobre a união da alma e do corpo e do aborto, ensinando que a renúncia em habitar o corpo designado pode acontecer, pois o laço que prende o Espírito é muito fraco e pode facilmente se romper, se recusando a passar pelas provas que escolheu. (KARDEC, 2022, p.160)

 

Já no que tange e mãe que espera e planeja, tudo é muito sofrido.


Mas, na visão espírita, há de se pensar no que foi feito em vidas passadas, como reagiu com seus filhos, como lidou com a concepção, como foi preparada para a maternidade, pois muitas não tiveram o preparo, e a escola da vida ensinou as duras penas.

 

Outras precisavam aprender que diante de muitos abortos feitos em vida pregressa, há impacto no organismo nesta vida, impedindo a concepção saudável e vindo a ter problemas para engravidar e manter a criança no ventre por 9 meses.

 

Há, ainda, aquelas que com muita dificuldade tiveram que aprender sobre o amor e, chegando o momento de dar o amor que não tiveram, se assustam e acabam gerando uma carga tão grande de responsabilidade que as coisas acabam não fluindo conforme deveriam.

 

Assim, neste ponto, entram as provas e expiações, necessidades que nós mesmos criamos a fim de reparar as faltas cometidas no passado. O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo “Bem-aventurados os aflitos”, confirma o motivo de estarmos aqui ao dizer que “estais nessa Terra de expiação para concluirdes as vossas provas e que tudo que vos sucede é consequência das vossas existências anteriores, são os juros da dívida que tendes de pagar” (KARDEC, 2023, p.90).

 

Há que se falar que há quem trate o tema do aborto espontâneo como “frescura”, dizendo que “é só tentar novamente”, mas existe todo um trabalho psicológico acerca do assunto para que a vida continue seguindo o seu curso normal, apesar das dores.

 

Tentar de novo é preciso, buscar tratamento também, pois apesar das prováveis causas espirituais, a Medicina tem avançado a passos largos e para Deus nada é impossível.

 

Olhemos em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo “Amar ao próximo como a si mesmo” e veremos como é sublime o ato de viver e poder amar outro ser. As mães falam sobre esse amor de forma genuína e incondicional, só vivendo para crer e sentir esse amor capaz de mover montanhas (KARDEC, 2023, p.138)

 

Por fim, as mulheres precisam entender também que não precisam se sacrificar ao ponto de se machucarem tentando algo que, talvez, não esteja na sua trajetória. Tudo é sobre o amor que se pode doar, sabendo que há outros filhos para se acolher no caminho.

 

Guardemos estas palavras retiradas de O Evangelho Segundo o Espiritismo: “O amor é de essência divina e todos vós, do primeiro ao último, tendes, no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado” (KARDEC, 2023, p.141).

 

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Referências

 

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo / Allan Kardec; – [tradução Guillon Ribeiro] – 1ª edição nov. 2023 – Campos dos Goytacazes-RJ: Editora Letra Espírita.

 

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: filosofia espiritualista / recebidos e coordenados por Allan Kardec; – [tradução Guillon Ribeiro] – 1ª edição dez. 2022 – Campos dos Goytacazes-RJ: Editora Letra Espírita.

 

BRUNA, Maria Helena Varella. Abortos espontâneos | Entrevista | Drauzio Varella. Revisado em: 11 de agosto de 2020. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/mulher/abortos-espontaneos-entrevista/. Acesso em: 02 abr. 2024.

 


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