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A Educação das Crianças e o Espiritismo


Simara Lugon


A educação das crianças vem se transformando ao longo dos anos e das gerações. Se antigamente acreditava-se que através das punições, da violência e do autoritarismo seria possível educar um ser humano feliz e digno, atualmente já se percebe que, na realidade, esta forma de ensinar e disciplinar gera diversos traumas e problemas psicológicos nas pessoas, trazendo danos irreparáveis para suas vidas. Por mais que essa maneira de disciplinar gere os resultados esperados momentaneamente, uma pessoa que sofre violência vinda daqueles que deveriam protegê-la e acolhê-la durante sua infância, tem grande chance de apresentar problemas tais como ansiedade, transtornos depressivos, comportamento agressivo e até mesmo tentativas de suicídio ao longo de sua vida, de acordo com dados o Ministério da Saúde.


No entanto, muitas pessoas acreditam que apenas um tapa, um empurrão ou uma agressão verbal não seja violência, e que estão apenas ensinando seus filhos a se comportarem, acreditando que violência seja apenas aquela que deixa marcas visíveis no corpo. Isso não é verdade, pois no Brasil, vigora a Lei nº 13.010, conhecida como Lei Menino Bernardo ou Lei da Palmada, que oferece o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou tratamento cruel ou degradante.


É totalmente possível educar qualquer criança sem o uso de violência, através da disciplina positiva, ou seja, acolhendo a criança até que ela aprenda e compreenda o que se deseja ensinar e não a punindo ou a fazendo obedecer através de tapas, gritos e outros meios cruéis, afinal o chamado “tapa de amor” também dói, e dói profundamente no corpo e na alma da criança. Quando a criança é agredida por aqueles que deveriam amá-la protegê-la ela não deixa de amar os pais, mas deixa de amar a si mesma, passando a apresentar baixa autoestima, insegurança e outros problemas que ela carregará para sua vida.


Aquele que compreende a Doutrina Espírita, tem o entendimento que a criança é um Espírito imortal, que está temporariamente fragilizado na forma infantil durante os primeiros anos de vida para que possa absorver com maior facilidade os bons exemplos e renovar o caráter através do amor e do carinho com que for educado e acolhido em suas dificuldades.



De acordo com Emmanuel, na obra O Consolador, item 109: “Na infância, o Espírito é mais suscetível de renovar o caráter e estabelecer novo caminho, na consolidação dos princípios de responsabilidade, se encontrar nos pais legítimos representantes do colégio familiar”. Desta forma, o Espírita tem o conhecimento de seu dever enquanto pai ou responsável pela educação de uma criança e deve esforçar-se para dar a ela os melhores exemplos e de acolhê-la em suas necessidades, não sendo de forma alguma admissível nos dias de hoje, com toda a informação disponível, alegar desconhecimento de seu dever. Obviamente todos possuem o livre arbítrio de agir conforme sua vontade, mas serão responsáveis e colherão os frutos de suas ações seja nesta ou nas próximas encarnações, pois de acordo com O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, questão 208: “O Espírito dos pais tem a missão de desenvolver o dos filhos pela educação; isto é para ele uma tarefa. Se nela falhar, será culpado.


Para aqueles que desejam educar seus filhos sem violência, o principal caminho é o diálogo. As crianças, por menores que sejam, e até mesmo os bebês, têm a capacidade de compreender os adultos, desde que esses tenham a paciência de explicá-las o motivo de não poderem fazer algo ou a razão de terem que fazer algo que elas não desejam naquele momento. Através do diálogo, do estabelecimento de regras e combinados, da calma e da paciência no momento das explosões e birras, o adulto (lembre-se: você é o adulto) é perfeitamente capaz de conduzir a criança a desenvolver-se emocionalmente e moralmente ao longo de sua infância e adolescência.


De acordo com Léon Denis, na obra Depois da Morte, no item 54, Educação: “É pela educação que as gerações se transformam e aperfeiçoam. Para uma sociedade nova é necessário homens novos. Por isso, a educação desde a infância é de importância capital. Não basta à criança os elementos da Ciência. Aprender a governar-se, a conduzir-se como ser consciente e racional, é tão necessário como saber ler, escrever e contar(...) Essa tarefa, entretanto, não é tão difícil quanto se pensa, pois não exige uma ciência profunda. Pequenos e grandes podem preenchê-la, desde que se compenetrem do alvo elevado e das consequências da educação. Sobretudo, é preciso nos lembrarmos de que esses Espíritos vêm coabitar conosco para que os ajudemos a vencer os seus defeitos e os preparemos para os deveres da vida.”


Não há necessidade de temer amar demais ou dar muita atenção à uma criança, como algumas pessoas temem “estragar” os pequeninos pois não existe uma medida certa para se amar e o vínculo emocional entre pais e filhos nunca é demais. Há uma diferença entre mimar e amar, pois mimar significa fazer por ela o que ela é capaz de fazer sozinha, como comer, se vestir, etc. e essas ações devem ser estimuladas, pois isso fará com que a criança se torne independente, no entanto conversar, ouvir, abraçar, acolher no momento do choro, dar colo, beijar, dizer o quanto a ama, isso apenas fará a criança mais segura e mais feliz.


Através da educação, do amor e do respeito é possível facilitar a regeneração e a transformação dos Espíritos, elevando-os moralmente e despertando em sua delicada infância as primeiras aspirações do bem, reprimindo neles seus vícios, desenvolvendo neles suas virtudes, sua inteligência e os atendendo em suas necessidades. No entanto é necessário que o educador apresente paciência, perseverança e sabedoria durante as dificuldades deste processo, e que olhe para si mesmo no momento em que estiver perdendo o equilíbrio emocional e cuide primeiro de si para que possa assim, cuidar do outro.


Por isso é tarefa de toda a sociedade auxiliar os educadores e as crianças neste processo, através do diálogo, do apoio em momentos de dificuldade e da divulgação da informação, pois assim, mesmo aqueles que não têm educandos sob sua responsabilidade poderão auxiliar seus companheiros de jornada na educação e na transformação da sociedade, tornando o nosso planeta um lugar melhor de se viver.


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REFERÊNCIAS



2- DENIS, Léon. Depois da morte. Ed, FEB. Rio de Janeiro. 1999.


3- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, tradução de Matheus R. Camargo. Editora EME: Capivari/SP. 2018


4- XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 13ª edição. Rio de Janeiro: FEB, 1986


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