A interação entre o Mundo Espiritual e o mundo material: comunicação e influência

Sthephannie Silva
A comunicação entre os Espíritos e os encarnados é uma das bases mais importantes para os que seguem os princípios da Doutrina Espírita; esse intercâmbio é explicado como um elo natural entre as dimensões, regido pela afinidade vibracional. O médium, que atua como intermediário nesse processo, desempenha um papel essencial ao facilitar a transmissão de mensagens, esclarecimentos e orientações vindas de seres desencarnados.
Essa interação ocorre por diversos motivos, como um consolo, uma instrução ou até mesmo um estímulo à reforma íntima dos envolvidos. Para o médium, é uma oportunidade de crescimento moral e aprendizado, desde que desempenhe sua tarefa com responsabilidade e humildade, entendendo que sua sensibilidade é um instrumento a serviço do bem.
Diante disso, a obra de Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, nos mostra os diferentes tipos de comunicação, em natureza das comunicações.
134. Comunicações grosseiras são as concebidas em termos que chocam o decoro. Só podem provir de Espíritos de baixa estofa, ainda cobertos de todas as impurezas da matéria, e em nada diferem das que provenham de homens viciosos e grosseiros. Repugnam a quem quer que não seja inteiramente baldo de toda a delicadeza de sentimentos, pela razão de que, acordemente com o caráter dos Espíritos, elas serão triviais, ignóbeis, obscenas, insolentes, arrogantes, malévolas e mesmo ímpias (KARDEC, 2023, p.127).
135. As comunicações frívolas emanam de Espíritos levianos, zombeteiros ou brincalhões, antes maliciosos do que maus, e que nenhuma importância liga ao que dizem. Como nada de indecoroso encerram, essas comunicações agradam a certas pessoas, que com elas se divertem, porque encontram prazer nas confabulações fúteis, em que muito se fala para nada dizer. Tais Espíritos saem-se às vezes com tiradas espirituosas e mordazes e, por entre facécias vulgares, dizem não raro duras verdades, que quase sempre ferem com justeza (KARDEC, 2023, p. 128).
136. As comunicações sérias são ponderosas quanto ao assunto e elevadas quanto à forma. Toda comunicação que, isenta de frivolidade e de grosseria, objetiva um fim útil, ainda que de caráter particular, é, por esse simples fato, uma comunicação séria. Nem todos os Espíritos sérios são igualmente esclarecidos; há muita coisa que eles ignoram e sobre que podem enganar-se de boa-fé. Por isso é que os Espíritos verdadeiramente superiores nos recomendam de contínuo que submetamos todas as comunicações ao crivo da razão e da mais rigorosa lógica (KARDEC, 2023, p.128).
As formas de comunicação variam de acordo com a aptidão do médium, a vibração do Espírito e o objetivo da mensagem. Entre os métodos mais conhecidos, estão a psicografia, em que mensagens são escritas sob influência espiritual, a psicofonia, que permite a fala dos desencarnados, e além disso, há os fenômenos de efeitos físicos, como movimentação de objetos, sons ou materializações, geralmente realizados com propósitos específicos e em condições controladas.
Esse papel exige disciplina, estudo e reforma íntima, a conexão bem estabelecida pode ser uma fonte valiosa de aprendizado e desenvolvimento espiritual.
Em estudo, a obra de Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, nos mostra o papel dessas comunicações e a influência no geral.
6ª O Espírito que se comunica por um médium transmite diretamente seu pensamento ou este tem por intermediário o Espírito encarnado no médium?
O Espírito do médium é o intérprete, porque está ligado ao corpo que serve para falar e por ser necessária uma cadeia entre vós e os Espíritos que se comunicam, como é preciso um fio elétrico para comunicar a grande distância uma notícia e, na extremidade do fio, uma pessoa inteligente, que a receba e transmita (KARDEC, 2023, p. 188).
7ª O Espírito encarnado no médium exerce alguma influência sobre as comunicações que deva transmitir, provindas de outros Espíritos?
Exerce, porquanto, se estes não lhe são simpáticos, pode ele alterar-lhes as respostas e assimilá-las às suas próprias ideias e a seus pendores; não influencia, porém, os próprios Espíritos, autores das respostas; constitui-se apenas em mau intérprete (KARDEC, 2023, p. 188).
18ª Poderia uma pessoa analfabeta escrever como médium?
Sim, mas é fácil de compreender-se que terá de vencer grande dificuldade mecânica, por faltar à mão o hábito do movimento necessário a formar letras. Ele sucede com os médiuns desenhistas que não sabem desenhar (KARDEC, 2023, p. 191).
19ª Poderia um médium, muito pouco inteligente, transmitir comunicações de ordem elevada?
Sim, pela mesma razão por que um médium pode escrever numa língua que lhe seja desconhecida. A mediunidade propriamente dita independe da inteligência, bem como das qualidades morais. Em falta de instrumento melhor, pode o Espírito servir-se daquele que tem à mão. Porém, é natural que, para as comunicações de certa ordem, prefira o médium que lhe ofereça menos obstáculos materiais (KARDEC, 2023, p. 191).
Pensamentos elevados atraem amparo e inspiração de Espíritos Superiores, enquanto vibrações negativas podem abrir espaço para companhias menos edificantes, por isso, o cultivo de bons hábitos, preces e ações caridosas é recomendado para proteger-se de interferências prejudiciais. A importância desse intercâmbio transcende o aspecto pessoal, pois visa ampliar o entendimento humano sobre a vida além da matéria, reforçando a necessidade de elevação espiritual.
Por meio dessa comunicação e influência, os encarnados recebem provas da imortalidade da alma, fortalecendo a fé, a esperança e o compromisso com valores éticos e fraternos.
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Referência:
KARDEC, Allan, 1804-1869 O Livro dos Médiuns / Allan Kardec; tradução Guillon Ribeiro. -- 1. ed. -- Campos dos Goytacazes, RJ: Letra Espírita, 2023.
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