Almas Afins: Desmistificação
Luciane Soek de Almeida
Importante compreender e desmistificar esta temática a luz do Espiritismo, pois ele explica que não existem almas gêmeas, mas sim almas afins. Alma gêmea diz respeito a uma ideia a qual propõe que cada alma tem, desde a sua criação uma ligação intíma direta com quem estaria fatalmente predestinado a se encontrar. Em O Livro dos Espíritos, o Codificador Allan Kardec nos orienta:
As almas que devam unir-se estão, desde suas origens, predestinadas a essa união e cada um de nós tem, nalguma parte do Universo, sua metade, a que fatalmente um dia se reunirá?
“Não; não há união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos. Da discórdia nascem todos os males dos humanos; da concórdia resulta a completa felicidade”(KARDEC, 2022,p. 149).
Então, cada Espírito é único, indivisível e com sua própria individualidade. Não foram criados em dupla. Se fosse metade do outro, não seriam completos. Kardec, em O Livro dos Espíritos, pergunta 299 orienta:
299. Em que sentido se deve entender a palavra metade, de que alguns Espíritos se servem para designar os Espíritos simpáticos?
“A expressão é inexata. Se um Espírito fosse a metade de outro, separados os dois, estariam ambos incompletos” (KARDEC, 2022, p. 149-150).
Escutamos por vezes “estou esperando minha metade”, ou “essa pessoa que espero nasceu para mim, minha metade”, mas, a Doutrina nos explica corretamente que não existem almas gêmeas,mas empregando-se o termo “alma afins”.
“A simpatia que atrai um Espírito para outro resulta da perfeita concordância de seus pendores e instintos. Se um tivesse que completar o outro, perderia a sua individualidade” (KARDEC, 2022, p. 150)
Estes Espíritos se conhecem há tempos, se simpatizam, se atraem e se ligam verdadeiramente uns aos outros por sentimentos, não por laços materiais ou por outra força qualquer. Vamos ver o que Kardec orienta na pergunta 297 de O Livro dos Espíritos:
297. Continua a existir sempre, no mundo dos Espíritos, a afeição mútua que dois seres se consagraram na Terra?
“Sem dúvida, desde que originada de verdadeira simpatia. Se, porém, nasceu principalmente de causas de ordem física, desaparece com a causa. As afeições entre os Espíritos são mais sólidas e duráveis do que na Terra, porque não se acham subordinadas aos caprichos dos interesses materiais e do amor-próprio” (KARDEC, 2022, p. 149).
Deus em sua imensa misericórdia e amor pode permitir que estes Espíritos que viveram caminhando juntos e venceram as provas com resignação, continuem a caminhada e crescimento juntos, não necessariamente num contexto romântico como cônjuge, mas como irmãos, filhos, pais, conforme a necessidade evolutiva. Um sendo apoio do outro, muitas vezes se voluntariando a compartilhar de muútiplas experiências reencarnatórias, no intuito de auxílio mútuo. Trabalham em equipe para atingir sua missão individual, um ajuda o outro e com isso a caminhada se torna mais leve e agradável.
E como podemos reconhecer as almas afins? Pela sensação que traz, como se já se conhecessem, os valores e princípios compatíveis, confiança e conforto, desejo de estar perto, uma química e afinidade inexplicável que transcende a matéria, que vem do Espírito, uma ressonância que transcende barreiras do tempo e espaço.
Quando acontece o encontro das almas afins é uma conexão muito forte, as conversas são longas e agradáveis, a vida ganha um novo rumo, querendo-se estar um na presença do outro. Uma afinidade verdadeira, mergulhando na essência que vai muito além das aparências físicas.
Pode ocorrer de não estarem reencarnados na mesma época, ou seja, um pode se encontrar na erraticidade e outro no plano físico, podendo se reencontrar para amenizar a saudade durante a emancipação da alma. Ou, na próxima reencarnação poderão vir juntos, dependendo do merecimento e grau evolutivo. Às vezes, um está em um grau mais evoluído que o outro.
Como já mencionamos anteriormente esse tipo de ligação não se manifesta somente entre relacionamentos românticos, mas pode se dar em relações entre pais, mães, filhos, irmãos e amigos. A Espiritualidade Amiga providenciará para que haja o reencontro quando se fizer necessário, não importando o lugar e distância.A Espiritualidade é perfeita e conseguirá proporcionar o reencontro, tudo com intuíto de nosso aprimoramento e evolução.
Almas afins podem se encontrar e constituir família, como podem também tomar novos rumos, casando-se com outra pessoa e ampliando os laços do amor fraternal.
Nem todas as relações que vivenciamos são de almas afins, mas sim para nos proporcionar desafios e crescimento. Podem, inclusive, por meio do planejamento reencarnatório, ficarem sozinhas.
Deus Pai nos ama incondicionalmente e proporciona (na medida de nosso merecimento), estes encontros de almas afins para nos ajudar, auxiliando e sendo apoio um do outro, para que seja menos dolorosa a jornada. As almas afins se ajudam nesta trajetória cheia de desafios e alegrias também.
Então aprendemos pela Doutrina Espírita que não devemos usar o termo “alma gêmea, pois somos Espíritos criados individualmente pelo Pai, somos únicos e indivisíveis.
Trabalhemos sempre com amor para nosso aprimoramento moral e intelectual, para que possamos evoluir mais rapidamente. Caro leitor, que nossa jornada seja para amar sem distinção, sem preconceitos como Jesus, nosso Mestre, nos ama. Muita luz no coração.
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Referências:
CARVALHO, Evelyn Freire de.(2018). Almas Gêmeas. Canal Conhecendo o Espiritismo [vídeo], YouTube. Disponível: https://youtu.be/a-GPl-Bwv2U?si=SCquIB02EjX2YzgY
Conteúdo Espírita. Almas Afins e Espiritismo. https://conteudoespirita.com/almas-afins-espiritismo/. Acesso em: 03 de Abril de 2024.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, tradução de Guillon Ribeiro. Campos dos Goytacazes/RJ: Editora Letra Espírita. 2022.
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