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A Melancolia de Final de Ano e o Espiritismo


Simara Lugon Cabral


No final do ano é muito comum que algumas pessoas sintam-se tristes e melancólicas, sem compartilhar da alegria que contagia parte da sociedade durante as festividades de Natal e do Ano Novo. No Centro de Valorização da Vida (CVV), uma organização não governamental que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, o número de ligações recebidas costuma aumentar em média 15% no mês de dezembro e os profissionais de saúde mental observam uma maior procura de pessoas com sintomas de depressão em seus consultórios. Neste ano de 2021 em especial, já que se vive ainda uma pandemia, a situação é ainda mais crítica, já que ele traz as consequências psicológicas após um longo período de isolamento social além do luto devido à perda de entes queridos enfrentados por tantas famílias, e por essa razão o final de ano pode ser ainda mais penoso que o habitual.


Não há data marcada no calendário para sentir-se triste ou feliz, isto depende do estado emocional do ser, que é influenciado por diferentes fatores dentre eles a perda de familiares ou amizades recentes, divórcio, falta de convívio social, perda de emprego, dificuldades materiais ou de saúde. Se a pessoa estiver enfrentando uma situação difícil em sua vida ela permanecerá entristecida e ela não terá o seu estado emocional alterado porque o final de ano chegou, independentemente de sua crença religiosa.


Algumas pessoas sentem-se cobradas pela sociedade a colocarem uma máscara de falsa alegria nesta época, o que pode ser ainda mais prejudicial para seu estado de espírito, visto que esconder as emoções não é o caminho mais adequado para curar as dores da alma. Aqueles que estão passando por momentos de tribulação tem todo direito de se ausentarem das comemorações de final de ano caso sintam-se desconfortáveis e seus familiares ou amigos devem procurar prestar apoio a quem não está bem, e não pressionarem a pessoa a agir de acordo com o que elas esperam ou desejam. A tristeza é um sentimento natural que faz parte da vida e deve ser respeitado, aceito e vivenciado. Porém, caso este estado evolua para uma depressão ou apatia é importante que a pessoa busque auxílio profissional pois a depressão é uma doença, e é mais grave do que sentir-se triste eventualmente.


Em um mundo de provas e expiações como a Terra é bastante comum que a melancolia esteja presente em algumas situações tais como o final de ano. Na obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo” François de Genéve recomenda: “(...) resisti com energia a essas impressões que enfraquecem vossa vontade. Essas aspirações a uma vida melhor são inatas ao espírito de todos os homens mas não a procureis neste mundo. E agora que Deus vos envia seus Espíritos para instruir-vos sobre a felicidade que vos reserva, esperai pacientemente o anjo da libertação que deve ajudar-vos a romper os laços que mantêm vosso Espírito cativo. Pensai que, durante vossa prova na Terra, tendes uma missão a cumprir- de que já não podeis duvidar- seja devotando-vos à vossa família, seja cumprindo os diversos deveres que Deus vos confiou. E se, no curso dessa prova, e quando estiveres desempenhando a vossa tarefa, virdes os cuidados, as inquietudes, os pesares precipitarem-se sobre vós, sede fortes e corajosos para suportá-las. Enfrentai-as francamente. Elas são de curta duração e devem conduzir-vos perto dos amigos que chorais; estes irão regozijar-se com a vossa chegada e estenderão os braços para conduzir-vos a um lugar onde os pesares da Terra não têm acesso.” Desta forma, compreende-se que a verdadeira felicidade não é deste mundo e que após cumprir com louvor as responsabilidades e objetivos da encarnação é que o Espírito alcançará uma felicidade relativa.


Além disso, o Natal e o Ano Novo não precisam ser vivenciados da mesma forma por todas as pessoas. Enquanto algumas sentem-se felizes e dispostas a comemorar de forma materialista através do consumo desenfreado, festas regadas à bebidas e drogas ou contrariando a recomendação de evitarem aglomerações inadequadas ao cenário pandêmico do país, outras podem preferir recolher-se em meditação, em oração ou buscam uma comemoração intimista e discreta apenas com seus familiares próximos e assim encontram a paz em seu coração. Cada um tem o seu livre arbítrio para decidir o caminho que deseja trilhar lembrando-se que arcarão com as consequências de suas escolhas.


Portanto para aqueles que tem sua família reunida ao redor de uma farta mesa nas noites comemorativas de final de ano lembrem-se de se solidarizarem com quem se encontra sozinho, com falta de recursos ou adoentado, auxiliando seja através de uma oração, um telefonema ou de seus recursos materiais, e aqueles que estão em situação aflitiva seja material, física ou emocional, recordem-se das palavras de Jesus em Mateus (5:4-8):“Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados; Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.” Que todos alcancem a paz em seus corações neste final de ano e mantenham a esperança e a fé em Deus e no futuro, que certamente será próspero para aqueles que compreendem e cumprem as leis divinas.

REFERÊNCIAS


1. Bíblia Online. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br>. Acessado em 11 de Dezembro de 2021.

2. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Matheus Rodrigues de Carvalho. 43ª reimpressão. Capivari, SP: Editora EME, 2018.

3. É normal sentir tristeza ou depressão no fim do ano? Disponível em: <https://www.psicologiaexplica.com.br/tristeza-depressao-fim-ano/>. Acessado em 11 de Dezembro de 2021.

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