A Trajetória Mediúnica de Yvonne do Amaral Pereira
Ericarla Mendonça Buigues Terhost
Introdução
Yvonne do Amaral Pereira nasceu em 24 de dezembro de 1900 em Valença, Rio de Janeiro, foi uma costureira e médium brasileira, autora de diversos livros psicografados. Desencarnou em 9 de março de 1984 (83 anos); Rio de Janeiro (WIKIPEDIA, s.d., on-line).
Trajetória Mediúnica de Yvonne Do Amaral Pereira
Yvonne do Amaral Pereira foi uma médium brasileira conhecida por sua trajetória mediúnica importante.
O pai, um pequeno negociante, Manoel José Pereira Filho e a mãe Elizabeth do Amaral Pereira. Teve 5 irmãos mais moços e um mais velho, filho do primeiro casamento da mãe (FEB, s.d., on-line).
Pelo que lemos em suas próprias declarações no livro Recordações da Mediunidade - a qual foi escrita sob assistência e supervisão do inolvidável Bezerra de Menezes - a infância de Yvonne Pereira foi realmente triste e sofredora. Com apenas 29 dias de nascida, "durante um súbito acesso de tosse em que sobreveio sufocação, fiquei morta” (PEREIRA, 1992, p. 24). E prossegue narrando:
"Tudo indica que, em existência pretérita, eu morrera afogada por suicídio, e aquela sufocação, no primeiro mês do meu nascimento, nada mais seria do que um dos muitos complexos que acompanham o Espírito do suicida, mesmo quando reencarnado, reminiscências mentais e vibratórias que o traumatizam por períodos longos, comumente. Durante 6 horas consecutivas permaneci com rigidez cadavérica, o corpo arroxeado, a fisionomia abatida e macilenta do cadáver, olhos aprofundados, o nariz afilado, a boca serrada e o queixo endurecido, enregelada, sem respiração e sem pulso" (PEREIRA, 1992, p. 24).
O médico e o farmacêutico atestaram morte por sufocação. O velório foi preparado. A suposta defunta foi vestida com grinalda e vestido branco e azul. O caixãozinho branco encomendado. A mãe se retirou em um aposento, onde fez uma sincera e fervorosa prece a Maria de Nazaré, pedindo para que a situação fosse definida, pois não acreditava que a filha estivesse morta. Instantes depois, a criança acordou aos prantos. Todos os preparativos foram desfeitos. O funeral foi cancelado e a vida seguiu seu curso normal (FEB, s.d., on-line).
Desde jovem, ela demonstrava um grande talento para a mediunidade, e ao longo de sua vida, foi responsável por importantes mensagens e obras psicografadas.
Já ao 5 anos de idade, não somente via mas conversava com os Espíritos. Aos 10 anos, por determinação de seu pai, assistia às sessões mediúnicas, em sua casa, tendo sido colocada em suas mãos, aos 12 anos de idade, as obras O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Livro dos Espíritos, a qual deveria ler todos os dias, o que ela fez, seguindo a orientação de seu sempre bondoso pai (FREITAS, 2016, on-line).
Aos 13 anos, começou a frequentar as sessões práticas de Espiritismo, que muito a encantavam, pois via os Espíritos comunicantes. Teve como instrução escolar apenas o curso primário. Não pode, por motivos econômicos, fazer outros cursos, o que representou uma grande provação para ela, pois amava o estudo e a boa leitura, tanto que, aos 16 anos, já tinha lido obras de grandes autores como Goethe, Bernardo Guimarães, José de Alencar, Alexandre Herculano e Arthur Conan Doyle. Desde cedo, precisou trabalhar para o seu próprio sustento (UEM, s.d., on-line).
Habilitou se em prendas domésticas quando adolescente: crochês, bordados, costuras, rendas, flores (confecção), pinturas e outros trabalhos manuais. É ela quem nos diz:
"Recebi educação patriarcal severa, afastada da sociedade, sem viver no mundo, aplicada, de preferência ao trabalho manual, fato que, se por um lado prejudicou-me, pois tornei-me excessivamente tímida, triste, dificultando-me a luta pela vida quando, ao perder meus pais, necessitei trabalhar para viver, numa cidade como o Rio de Janeiro" (FREITAS, 2016, on-line).
Ao longo de sua vida, Yvonne desenvolveu sua mediunidade e dedicou-se a psicografar obras de cunho doutrinário e espiritual. Suas mensagens transmitiam ensinamentos de amor, paz e evolução espiritual, sendo muito respeitada no meio espírita. Yvonne também foi autora de diversos livros, nos quais relatava suas experiências mediúnicas e compartilhava conhecimentos sobre a vida após a morte.
Como já vimos, a mediunidade apresentou-se nos primeiros dias de vida terrena, através do fenômeno de catalepsia, vindo a ser este, um fenômeno comum na sua vida a partir dos 16 anos.
A maior parte das reportagens de além-túmulo, dos romances, das crônicas e contos relatados por Yvonne Pereira, foram coletados no Mundo Espiritual, através deste processo, na hora do sono reparador.
Escreveu uma das maiores obras da mediunidade que é Memórias de um Suicida, considerado best-seller, com um conteúdo especial, desvelando de forma verdadeira a Vida Espiritual daqueles que no Além dão conta do grave erro cometido, o suicídio, no desejo alucinado de libertar-se de males ou desconfortos da existência (FRANCO, s.d., on-line).
A sua mediunidade, porém, foi diversificada. Foi médium psicógrafa e receitista (homeopatia) assistida por Entidades de grande elevação, como Bezerra de Menezes já citado anteriormente, Charles, Roberto de Canalejas, Bittencourt Sampaio. Praticou mediunidade de incorporação e passista. Possuía mediunidade de efeitos físicos, chegando a realizar algumas sessões de materialização, mas nunca sentiu atração por esta modalidade mediúnica. Os que mais gostava de fazer eram os de desdobramento, incorporação e receituário (FEB, s.d., on-line).
Yvonne Pereira sempre seguiu as orientações dos livros básico da Codificação e, também, os conselhos de seus guias. Entre os orientadores encarnados, ela destaca o iminente Espírita de Barra Mansa, Zico Horta, que a instruiu no início de sua mediunidade. E foi através dessa tarefa, exercida sem interrupção, que ela, durante 54 anos e meio, exerceu o receituário e os passes de cura.
A respeito de sua forma de encarar o Espiritismo e a sua mediunidade, ela declara:
"Conservei-me sempre espírita e médium muito independente, jamais consenti que a direção dos núcleos onde trabalhei bitolasse e burocratizasse as minhas faculdades mediúnicas. Consagrei-as aos serviços de Jesus e apenas obedecia, irrestritamente, à Igreja do Alto, e com elas exercia a caridade a qualquer dia e hora em que fosse procurada pelos sofredores. Para isso aprofundei-me no estudo severo da Doutrina, a fim de conhecer o terreno em que caminhava e conservar com razão a minha independência. No entanto, observei a rigor o critério e os horários fixados pelos poucos centros onde servi, mas jamais me submeti à burocracia mantido por alguns. Se não me permitiam atender necessitados no centro, por isso ou por aquilo, em determinados dias, eu os atendia em qualquer outra parte, fosse em minha residência ou na deles, e assim consegui curas significativas, pois aprendi com o Evangelho e a Doutrina Espírita que não há hora nem dia para exercer o bem" (O REFORMADOR, 1992).
Yvonne Pereira serviu como médium de 1926 a 1980, quando um acidente vascular cerebral impossibilitou-a para a atividade mediúnica. Sempre humilde, terna e vivaz, morava num casarão em Piedade, subúrbio do Rio de Janeiro, em companhia de sua irmã casada, Amália Pereira Lourenço, também Espírita. Na noite de 9 de março de 1984, vitimada por trombose, desencarnou durante uma cirurgia a que se submetera no Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro. Seu corpo foi sepultado no cemitério de Inhaúma. Tinha 83 anos e mantivera-se solteira, cumprindo dignamente o mandato mediúnico exercido com amor e total devotamento ao semelhante (UEM, s.d., on-line).
Conclusão
Ao longo de sua trajetória mediúnica, Yvonne enfrentou desafios e críticas, mas nunca perdeu a fé e a determinação em sua missão espiritual. Sua bondade e sabedoria inspiram muitos seguidores, que continuam a reverenciar sua memória e seu legado até os dias de hoje.
Yvonne do Amaral Pereira deixou um importante legado para o Espiritismo e para a Humanidade, mostrando que a mediunidade pode ser uma ferramenta poderosa para o bem e para evolução espiritual. Sua história nos lembra a importância de cultivarmos a nossa conexão com o Mundo Espiritual e de buscarmos sempre a luz e o amor em tudo que fazemos. Que a trajetória mediúnica de Yvonne continue a nos inspirar e nos guiar rumo a uma vida mais feliz e plena de significado.
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Referências:
FEB. Yvonne do Amaral Pereira. Disponível em: https://www.febnet.org.br/ba/file/Pesquisa/Textos/Yvonne%20do%20Amaral%20Pereira.pdf. Acesso em: 14/04/2024.
FRANCO, Divaldo Pereira. Yvonne do Amaral Pereira. Disponível em: https://www.febnet.org.br/portal/2022/12/30/yvonne-do-amaral-pereira/. Acesso em: 18/04/2024.
FREITAS, Augusto Marques. Yvonne do Amaral Pereira – 10 anos de sua desencarnação. 2016. In: O Reformador, março de 1994. Disponível em: https://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2016/03/Yvonne-do-Amaral-Pereira.pdf. Acesso em: 14/04/2024.
O Reformador. 1982.
PEREIRA, Yvonne do Amaral. Recordações da Mediunidade. 7ª edição, Brasília: Editora FEB. 1992, p. 24.
UEM. Yvonne do Amaral Pereira. Disponível em: https://www.uemmg.org.br/biografias/yvonne-do-amaral-pereira. Acesso em: 15/04/2024.
WIKIPEDIA. Yvonne Pereira. Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Yvonne_Pereira. Acesso em 14/04/2024.
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