Como a evangelização infantil pode transformar o mundo?
- editoraletraespiri
- 21 de jul.
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Alan Lira
Etimologicamente, a palavra evangelizar, significa, de um ponto de vista tradicional, transmitir as boas novas acerca do Evangelho de Jesus, que consiste em enfatizar os Seus ensinamentos e mensagens de salvação. Ademais, reforça-se a importância da evangelização no Evangelho de Marcos quando Jesus manifesta-se em corpo espiritual aos seus discípulos após o Seu desencarne e dizendo-lhes: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (MARCOS 16:15).
Na perspectiva espírita, Said enfatiza que a evangelização não se restringe unicamente à transmissão das mensagens e ensinamentos de Jesus, sendo imperativo “problematizar, colocar o evangelizando para pensar e repensar sobre os fatos sociais, as leis Divinas e o que tudo isso tem a ver com a sua vida, propondo e construindo com as crianças e jovens, pequenas e possíveis ações que possam fazer alguma diferença no contexto em que vivam” (SAID, 2014, on-line)
Atentamente podemos perceber a importância da ação de evangelização com a necessidade de ser conduzida sem exclusividades etárias, sem distinção nem acepção de pessoas, que seja conduzida à toda criatura, entretanto com a percepção de que os ensinamentos respeitem cada grupo de indivíduos a serem alcançados.
Dentre os grupos distintos, vamos considerar aquele que abarca as crianças, pois, “desde o nascimento a criança absorve as vibrações do meio, pelas vias perispirísticas, as sensações, percepções, visões que os sentidos físicos e extra- físicos podem lhe proporcionar. Na infância o Ser espiritual capta de maneira intensa tudo o que lhe chega aos sentidos” (BARSANULFO 2005, p.73).
Considerando que a cada nova encarnação temos a possibilidade de restaurar e corrigir quaisquer falhas das vidas anteriores, mesmo que a cada nova existência não nos recordemos dos percalços pelos quais passamos, o aprofundamento nos conhecimentos cristãos e espíritas são indispensáveis para o nosso processo de adiantamento e evolução espiritual. Colombo compreende a criança como “o ser que recomeça a existir na Terra e está temporária e parcialmente adormecido [...]. Sua volta à Terra justifica-se pelo processo de permanente educação do espírito, que deve atingir a perfeição [...] (e que) a educação é o processo permanente de aperfeiçoamento do Espírito” (COLOMBO, 2001, p. 177-180).
No livro O Consolador, o Espírito Emmanuel explica na questão 109 que “o período infantil é o mais sério e o mais propício à assimilação dos princípios educativos” (XAVIER, 2013, p. 75,), suscitando o direcionamento de um olhar educativamente evangelizador às crianças. As abordagens ao ensino espírita-cristão precisam considerar cada etapa da infância.
O Ministério da Saúde considera como primeira infância o período que abrange os primeiros 6 anos completos de vida da criança. Nessa fase, a criança está receptiva a tudo que acontece ao seu redor, logo o ambiente no qual ela esteja inserida é fundamental para a composição da percepção que ela fará do que acontece ao seu redor, refletindo, futuramente, parte de seu comportamento. O Espírito Eurípides Barsanulfo, por meio da psicografia de Alzira Bessa, enfatiza que “vibrações como a ternura, o afago, o aconchego, o pensamento da mãe, do pai, a tonalidade da voz, a música, o local onde mora, a paz que o cerca, são os mais fortes estímulos para o comportamento equilibrado do Espírito” (BESSA, 2005, p.74).
Verificamos, então, a importância da manutenção pacífica no próprio lar. A constituição familiar, sendo ela possível, carece de equilíbrio, principalmente no que tange às questões morais. Os valores cristãos precisam permear as atividades diárias, o comportamento, enfatizando, inclusive, o estudo do Evangelho proferido por Jesus, indicando que mesmo os adultos necessitam estar em constante contato com as premissas amorosas do Cristo.
Estando a criança em idade propícia para desenvolver suas capacidades de raciocínio lógico, desenvolvimento social, cognitivo e emocional, há de se considerar a possibilidade de enfatizar o processo de evangelização sob a ótica espírita, visando a educação e a orientação à serviço de sua iluminação espiritual.
Como suporte dessa educação, as Casas Espíritas costumam agregar em suas atividades a evangelização espírita infanto-juvenil que tem, segundo Carvalho, o objetivo de “promover a integração das crianças e dos jovens não apenas consigo mesmo e com o próximo, mas principalmente com Deus, momento que terão condições de entenderem as leis divinas que regem todo o universo, a origem e o destino dos Espíritos, o mundo espiritual e sua relação com o mundo material” (CARVALHO, 2021, p.139).
Considerando estatisticamente as condições de manutenção da evangelização infanto-juvenil nas Casas Espíritas, a realidade encontrada é que, dos 5.568 municípios brasileiros, 3.287 deles não possuem registro da presença de nenhuma Instituição Espírita, tal como é mostrado por Franzolim (2021, on-line) ao analisar a Pesquisa Instituições Espíritas 2020; e, além da ausência de Instituições Espíritas nas cidades, algumas dessas Instituições não desenvolvem a atividade de evangelização infanto-juvenil, o que poderia ser considerado um percalço.
Entretanto, no livro O Consolador, em resposta à questão 110, o Espírito Emmanuel indica que a melhor escola para a preparação das almas reencarnadas na Terra é o lar, “onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter” (2013, p.76). Nessa mesma obra ainda somos alertados para a ênfase que os pais e mães precisam dar à educação doutrinária espírita, sem esquecer seus deveres de orientação, para que as crianças não sejam conduzidas ao apego do convencionalismo, e à ausência de amor à verdade.
Não podemos convencionar uma idade para que se promova o estudo e o ensino do Evangelho de Jesus. Não podemos considerar a infância como um momento primitivo da vida de uma pessoa, sequer a velhice como uma desculpa para o não desenvolvimento de suas atividades morais. Enquanto educadores, precisamos estar dispostos a nos prepararmos incansavelmente para possibilitar a educação espírita das novas gerações, ajudando a garantir o progresso espiritual e social nas nossas sucessivas vidas.
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REFERÊNCIAS
1 – BARSANULFO, Eurípedes (Espírito). O que é a Evangelização de Espíritos. Psicografado por Alzira Bessa França Amui. Sacramento: Grupo Espírita Esperança e Caridade, 2005.
2 – CARVALHO, Evelyn Freire de. O que é a Casa Espírita? Série Conhecendo o Espiritismo. Campo dos Goytacazes, 2021.
3 - COLOMBO, Dora Alice. Pedagogia espírita: um projeto brasileiro e suas raízes histórico-filosóficas. 2001. 214 f. Tese (doutorado em História e Filosofia) – Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo). São Paulo, 2001.
4 – FRANSOLIM, Ivan. Quantos são os espíritas no Brasil e no mundo? Blogspot.18 de julho de 2021. Disponível em <https://franzolim.blogspot.com/2021/07/quantos-sao-os-espiritas-no-brasil-e-no.html>. Acessado em 09 de julho de 2025
5 – SAID, Cezar Braga. O que é evangelizar? Mundo Espírita, 2014. Disponível em <https://www.mundoespirita.com.br/?materia=o-que-e-evangelizar> Acessado em 09/07/2025.
6- XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 29ª ed. Brasília: FEB, 2013.
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