Como Saber Se Sou Médium Ostensivo?
Keity Jeruska Alves dos Santos
Este texto aborda uma questão que perpassa a mente de todos nós Espíritas, e sobre a qual também nos indagam por vezes os não Espíritas: o que é ser médium? Será que tenho mediunidade? E finalmente: como saber se sou médium ostensivo?
Médium vem da palavra medianeiro, aquele que está entre o Mundo Espiritual e o mundo físico. Conforme Kardec em O Livro dos Médiuns lemos que:
“Toda pessoa que sente, em um grau qualquer, a influência dos espíritos, por isso mesmo é médium. Esta faculdade é inerente ao homem e, por consequência, não é privilégio exclusivo; (...) Todavia, usualmente, esta qualificação não se aplica senão àqueles nos quais a faculdade medianímica está nitidamente caracterizada, e se traduz por efeitos patentes de uma certa intensidade, o que depende, pois, de um organismo mais ou menos sensível”. (1987, p. 181).
Desta citação decorre nossa compreensão do que seja ostensivo: próprio para ser mostrado, evidente. Pode-se afirmar com base na leitura do trecho acima, que a mediunidade é uma faculdade natural, o que não torna o médium ostensivo um privilegiado. A mediunidade geralmente surge naturalmente, independentemente da idade da pessoa, podendo apresentar ou não sintomas: o desabrochar da mediunidade pode vir acompanhado de reações no campo físico e emocional, tais como dores sem uma causa ou diagnóstico definido, emoções intensas sem causa aparente, mal-estar, sensações ou relações conflituosas ao extremo, e daí por diante. Embora o estudo da Doutrina seja necessário a todo Espírita, nos casos de florescer mediúnico a busca do equilíbrio por meio do estudo faz-se mais urgente ainda. Isto porque o médium torna-se cada vez mais vulnerável e não aprender e treinar o estar sempre sintonizado com o bem e o manter os seus impulsos controlados.
No que tange a essa temática, é imprescindível também ressaltar a importância da influência moral do médium, pois pessoas de índole duvidosa, que não se esforçam por melhorar ou não perseveram na prática do bem também podem possuir mediunidade ostensiva. Isto pode se tornar um problema bem grande para o médium e as pessoas que convivem com ele, uma vez que, dada sua moral comprometida, ele estará sintonizado com entidades que vibrarão na mesma faixa fluídica, ou seja, entidades ainda presas a vícios, maldades e sentimentos e práticas negativas. Além de não se ajudar, esse médium estará atraindo Espíritos que incidiram no mesmo erro que ele enquanto vivos, mantendo-os na imperfeição severa e alimentando os seus sofrimentos.
Em O Livro dos Espíritos (1987) Kardec apresenta as categorias de médiuns ostensivos, dentre as quais costumamos destacar os médiuns escreventes, falantes e videntes, por serem aqueles que normalmente mais conhecemos ou observamos nas casas espíritas. Tentemos entender então, o processo de mediunidade ostensiva: como ele acontece? Supõe-se que alguém tenha uma conduta moral primorosa e deseje ser médium ostensivo. Essa vontade de trabalhar na mediunidade é suficiente? É preciso algum pré-requisito para que isso ocorra? Como saber se sou e, ou o que fazer para me tornar médium ostensivo? Eu poderia me tornar médium ostensivo pelo processo de desenvolvimento mediúnico? Existe alguma condição orgânica necessária?
Kardec em A Gênese (1998, p. 251) esclarece que o perispírito é o traço de união entre a vida corpórea e a Vida Espiritual. Deste modo, é por seu intermédio que operam nos homens fenômenos tidos como sobrenaturais. Em outras palavras, pode-se afirmar que durante um processo de comunicação mediúnica são os perispíritos que formam como elos de correntes que permitem o compartilhar de ideias e sentimentos de desencarnados para encarnados. E neste processo, os centros de força, ou chacras, localizados em pontos específicos do nosso corpo desempenham importante papel, bem como a glândula pineal, localizada organicamente onde temos o chacra coronário, responsável fundamental pelo nosso intercâmbio com o Mundo Espiritual, por exemplo.
Decorre das considerações acima que é necessário sim que a criatura humana tenha uma predisposição genética para uma ou outra modalidade de mediunidade ostensiva. Características orgânicas são muito importantes, assim como os recursos psíquicos - que são as funções mentais superiores - e ainda a, sensibilidade. É sabido que nossa reencarnação é feita em etapas e que a infância é o momento no qual o humano mais tem acesso às suas memórias de vidas passadas, além de ser a fase em que mais facilidade se tem para desenvolver na criança determinadas posturas e comportamentos. Mas sua estrutura orgânica tem um peso relevante para o seu desenvolvimento mediúnico, e nada se pode criar nela, que já não esteja minimamente previsto pelo Plano Espiritual. Na obra intitulada Nos Domínios Mediúnicos (2004, p. 52), o espírito André Luiz esclarece:
“Em qualquer estudo mediúnico, não podemos esquecer que a individualidade espiritual, na carne, mora na cidadela atômica do corpo, formado por recursos tomados de empréstimo ao ambiente do mundo. Sangue, encéfalo, nervos, ossos, pele e músculos representam materiais que se aglutinam entre si para a manifestação transitória da alma, na Terra, constituindo lhe vestimenta temporária, segundo as condições em que a mente se acha.”
Podemos concluir que tudo é preparado pela Espiritualidade, e como sabemos, nossas principais tarefas e provas constam do nosso planejamento reencarnatório. A mediunidade ostensiva não fugiria dessa lei/lógica. É comum ouvir entre os Espíritas inclusive, que quanto mais ostensiva a mediunidade, mais devedores nós somos; ou então, que a mediunidade se trata de uma provação. Não devemos ter esse olhar de julgamento ou suposta autoculpa, mas olhar para a mediunidade como uma benção, uma oportunidade de evoluir e auxiliar, a nós e aos outros, aos encarnados e desencarnados. A mediunidade, sobretudo a ostensiva, requer estudo para ser colocada em prática com segurança; requer dedicação e sensibilização para acontecer, pois nosso corpo físico, a matéria, se coloca como refratária à percepção de outro espírito.
Caso não seja trabalhada. A mediunidade necessita ainda cuidado com superstições e fanatismos, que podem invalidar nossa postura como médium. Como medianeiros, precisamos fazer preces, Evangelho no Lar, manter as energias elevadas e confiar em Jesus e nos mentores. E aceitar as tarefas para as quais fomos chamados pois Jesus não faz nada errado. Mediunidade não pode ser sinônimo de status. Deve ser tarefa a ser cumprida humildemente, seja nas ações consideradas as mais simples e básicas da casa espírita, como nas funções mais complexas das reuniões mediúnicas. A Doutrina de Jesus precisa de todos nós.
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REFERÊNCIAS
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 111edição. Araras/SP, 1989.
KARDEC, Allan. A Gênese. Tradução de Salvador Gentile. 1 ed. Araras/SP: IDE, 1998.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Salvador Gentile. 114 edição. Araras/SP: IDE, 1998.
KARDEC, Allan. O livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 1 ed. Araras/SP: IDE, 1987.
LUIZ, André (Espírito). Nos domínios da mediunidade. (psicografado por Francisco Cândido Xavier). 31 edição. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2004)
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