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Como Vivem as Famílias no Plano Espiritual?


Nandra Laura


A curiosidade é natural diante de tal questão. Será que os papeis como mãe, marido, pai, esposa, avós, filhos e irmãos são os mesmos? Será que existe essa configuração de família no Plano Espiritual?

 

O que é família? O livro Vida e Sexo (XAVIER, 1971:13) explica que é uma agremiação de dois seres que por meio dos vínculos de afeto constroem um lar. É a mais importante função educadora e regenerativa da Humanidade.

 

Após a experiência na matéria e a despedida dos entes queridos voltamos à Casa do Pai, que é o Plano Espiritual. Este reencontro nem sempre é imediato. É compreensível que se romantize, já que existe saudades nos dois mundos.

 

O exemplo mais clássico na Doutrina Espírita é o livro Nosso Lar, de Francisco Cândido Xavier. Nesta obra, o protagonista André Luiz, após passar 8 anos em zonas umbralinas é socorrido e amparado pela Fraternidade Espiritual.

 

Assim que sua alta é concedida, André Luiz questiona sobre sua mãe, já desencarnada. Então, é orientado que no tempo certo suas dúvidas serão esclarecidas.

 

A mãe de André Luiz não se encontrava em Nosso Lar, habitava Esferas mais altas, logo tinha mais trabalho e vivia maior abnegação. Deste modo, poderia auxiliar aqueles que amava, como seu pai, por exemplo, que infelizmente, vivia no Umbral já há uns 12 anos.

 

 Às vezes, se é surpreendido com notícias não tão agradáveis. No livro No Mundo Maior, psicografia de Francisco Cândido Xavier, André Luiz já é um pouco mais esclarecido sobre a dinâmica no Mundo Espiritual.

 

Nesta obra, o protagonista, acompanhado de outros irmãos, fazia atendimentos aos encarnados no momento do repouso físico, quando seus corpos estavam descansado e seus Espíritos em desdobramento.

 

Calderaro, experiente no trabalho de serviços do bem, acompanha André Luiz a uma região densa aonde se encontravam irmãos esfarrapados, esqueléticos e com as mãos lodosas que a todo momento levavam ao peito, no sentido do coração, temerosos de perder o que pensavam carregar.

 

Tratam-se daqueles que em sua casa mental ainda se achavam ricos, com seus negócios e imóveis. Sentiam-se perseguidos e acreditavam a todo momento que seriam roubados. A prioridade era proteger seus bens materiais.

 

E foi nesta experiência com esses irmãos em condições delicadas que André Luiz reencontrou seu avô Cláudio. Este senhor havia desencarnado há mais de 40 anos e não havia se dado conta. Caminhava por esses vales acompanhado por aqueles que compartilham o mesmo amor pelos tesouros que as traças roem.

 

Seu avô fora um homem rico e fazendeiro que dispôs de uma vultuosa fortuna que até seu neto desfrutou. André Luiz nasceu em “berço de ouro” e no planejamento financeiro do sr. Cláudio, a faculdade de Medicina do neto já estava garantida.

 

Porém, sua fortuna não foi conquistada de modo honesto e seu avô demonstrou-se muito apegado enquanto encarnado e agora também, enquanto desencarnado.


Assim, em um átimo, seu avô passou a reconhecer que estaria muito distante de seu lar. Ainda que não reconhecesse a presença de seu neto, o mínimo de luz tocou-lhe suficientemente para sair daquele quadro pantanoso.

 

O socorro espiritual chegou ao sr. Cláudio e ainda que para ele o materialismo fosse valoroso, preferiu sair daquela região misteriosa. Gostaria de reencontrar seus familiares e voltar para casa.

 

Deus em sua infinita justiça, misericórdia e amor enviou seu melhor emissário – o próprio neto do sr. Cláudio – para retirá-lo do lodaçal culposo. André, emocionado, revelou-se. Acolheu seu avô e a Espiritualidade Amiga e Fraterna já tinha planos reencarnatórios para este homem.

 

A escritora Evelyn Freire de Carvalho em sua obra Doutrina Espírita sem Segredos esmiúça duas situações para um Espírito recém-desencarnado. Há aqueles que reconhecem seu estado na Espiritualidade e estão prontos para reencontrar seus entes queridos e amigos.

 

Todavia, há outros que, em virtude de ainda não ter consciência de não se encontrarem mais no plano físico, precisam de um tempo para se reconhecerem. Deste modo, são encaminhados para Colônias de recuperação e, aos poucos conforme melhoram, podem ter acesso aos familiares.

 

Ademais, é necessário lembrar dos irmãos que desencarnam e não tem noção que já partiram da vida material. Não são esquecidos pela Providência Divina, apenas por ainda estarem presos ao materialismo, não visualizam ainda os Espíritos prontos a prestarem assistência.

 

Como narrar então a rotina das famílias no Plano Espiritual? Temos a benção de recorrer às obras psicografadas, que são a comunicação entre os dois planos.

 

No livro Colônia Espiritual Novo Amanhecer, do médium Orlando Noronha Carneiro é possível conhecer a história do Espírito Abelha.

 

André Bráulio dos Santos, o Abelha, desencarnou em virtude de um acidente automobilístico. Ele foi recolhido para uma enfermaria espiritual e tão logo ciente do seu estado, teve sua primeira visita: seu avô Antônio. Neste momento ele conscientizou-se da sua morte física.

 

Assim que logrou condições melhores, recebeu alta do hospital e foi viver com seu avô. É importante ter esses laços familiares, porque auxiliam no processo de adaptação neste outro mundo cheio de novidades.

 

Para conhecer como vivem as famílias no Plano Espiritual, é salutar que se explique sobre Colônias Espirituais. Nada mais são do que cidades projetadas pelos Espíritos e são organizadas segundo suas necessidades.

 

De acordo com as descrições de Abelha esta Colônia possui prédios, bairros, administração central, hospitais e praças, bem como educandários universitários e departamentos, por exemplo, de planejamento reencarnatório, cultura e tantos outros.

 

Para aqueles que têm a oportunidade de ir para uma Colônia Espiritual como o Abelha foi, o Espírito entende que a Lei do Progresso não descansa. São as oportunidades de estudar, trabalhar, aprender e servir.

 

Em nossa existência terrena estamos acostumados com a hierarquia, no sentido de autoridade familiar. Após a mudança para o Mundo Espiritual os pronomes possessivos vão perdendo a força. Minha mãe, meu pai, meu filho, meu esposo, minha esposa. O campo magnético do amor e da afinidade expandem-se e se descortina o véu da possessividade. Compreende-se que somos uma grande família universal.

 

Entendamos que a saudade é um sentimento natural que sentimos por aqueles que partiram. Curiosidade é comum, porque somos seres humanos que pouco conhecem sobre o além da vida. Amor é e sempre será a ponte que une os dos planos porque ele tatua a nossa alma e as experiências terrenas.

 

Que saibamos cultivar do nosso campo espiritual para ter as bênçãos do reencontro com os familiares, seja pela oportunidade do desdobramento nos sonhos, seja pela nossa partida do plano material. Que Jesus nos abençoe hoje e sempre.

 

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Referências:

 

CARNEIRO, Orlando Noronha. Colônia Espiritual Novo Amanhecer, pelo Espírito Abelha. CEAC – Centro de Amor e Caridade – Bauru/SP, 2023.

 

CARVALHO, Evelyn Freire. Doutrina Espírita sem Segredos. 2ª edição. Letra Espírita. Campos de Goytacazes/RJ, 2023.

 

XAVIER, Francisco Cândido Xavier pelo Espírito André Luiz. Nosso Lar. 64 ed.  – 9 imp. – Brasília, FEB, 2017.

 

XAVIER, Francisco Cândido Xavier pelo Espírito André Luiz. No Mundo Maior. Brasília, FEB, 2013.


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