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Espírito Natalino: O AMOR



Rafaela Paes


Acho que a sensação é unânime: 2017 passou rápido demais! Chegamos a mais um Natal. As casas, lojas e ruas já estão iluminadas, Papais Noéis enchem as vitrines e a magia está com certeza no ar. Nessa época é muito comum que sejamos tomados por certa nostalgia, por uma necessidade de fazer uma retrospectiva de tudo que vivemos no ano que está indo embora, além de vivermos em constante estado de amor, gratidão, paz e amizade. Claro, esses sentimentos estão (ou deveriam estar) presentes o ano todo, mas é inegável que eles afloram durante as festas de fim de ano, e é sobre um desses sentimentos que vamos falar hoje: O AMOR.

Devemos ter em mente que Natal é aniversário de Jesus, e que maior exemplo de amor existe nessa Terra tão cheia de provas e expiações? Nenhum! Jesus nos mostrou o que é o verdadeiro amor, a mais bela lição de todas. "O Evangelho Segundo o Espiritismo", em seu Capítulo XI, intitulado “Amar o próximo como a si mesmo” nos traz importantes lições sobre esse sentimento nos seus itens 8, 9 e 10:

Item 8 – O amor resume toda a doutrina de Jesus, pois, esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. Em seu ponto de partida, o homem só tem instintos; quanto mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando mais instruído e depurado, tem sentimentos; e o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido popular da palavra, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente fogo todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei do amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; aniquila as misérias sociais. Feliz daquele que, ultrapassando sua humanidade, ama com amplo amor seus irmãos que sofrem. Feliz daquele que ama, pois, não conhece a miséria da alma nem a do corpo; seus pés são leves e vive como que transportado para fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou esta divina palavra “amor”, a mesma fez os povos se sobressaltarem e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo. O Espiritismo, por sua vez, vem pronunciar uma segunda palavra do alfabeto divino; fiquem atentos, pois, essa palavra ergue a lápide dos túmulos vazios, e a reencarnação, triunfando da morte, revela ao homem deslumbrado seu patrimônio intelectual; não é mais aos suplícios que ela o conduz, mas à conquista de seu ser, elevado e transfigurado. O sangue resgatou o Espírito e o Espírito deve hoje resgatar o homem da matéria (Lázaro. Paris, 1862).

Item 9 – O amor é de essência divina e, desde o primeiro até o último, vocês possuem no fundo do coração a centelha desse fogo sagrado. Este é um fato que puderam constatar muitas vezes: o homem mais abjeto, mais vil, mais criminoso, tem para um ser ou para um objeto qualquer uma afeição viva e ardente, à prova de tudo quanto tendesse a diminuí-la e que atinge muitas vezes proporções sublimes. Eu disse para um ser ou objeto qualquer, porque o coração transborda, para os animais, plantas e até objetos materiais: espécies de misantropos que se queixam da humanidade em geral e que resistem ao pendor natural de sua alma, que busca em torno de si a afeição e a simpatia; eles rebaixam a lei do amor à condição de instinto. Mas, por mais que façam, não conseguiram sufocar o germe vivaz que Deus depositou em seu coração ao cria-los; esse germe se desenvolve e cresce com a moralidade e a inteligência e, embora muitas vezes comprimido pelo egoísmo, é a fonte das santas e doces virtudes que geram as afeições sinceras e duradouras e os ajudam a transpor o caminho escarpado e árido da existência humana. Há algumas pessoas para quem a prova da reencarnação repugna, com a ideia de que outros venham a partilhar das afetuosas simpatias de que são ciosas. Pobres irmãos. E sua afeição os torna egoístas; seu amor se restringe a um círculo intimo de parentes ou de amigos, e todos os outros lhes são indiferentes. Pois bem! Para praticar a lei do amor, tal como Deus a entende, é necessário que cheguem passo a passo a amar a todos os seus irmãos indistintamente. A tarefa será longa e difícil, mas será cumprida: Deus o quer e a lei do amor é o primeiro e mais importante preceito de sua nova doutrina, porque é ela que deve um dia matar o egoísmo, sob qualquer forma que se apresente; pois, além do egoísmo pessoal, há também o egoísmo de família, de casta, de nacionalidade. Jesus disse: “Amem seu próximo como a vocês mesmos”. Ora, qual é o limite do próximo? Será a família, a seita, a nação? Não; é a humanidade inteira. Nos mundos superiores, é o amor mútuo que harmoniza e dirige os Espíritos adiantados que os habitam, e seu planeta, destinado a um progresso próximo, por meio de sua transformação social, verá seus habitantes praticar essa lei sublime, reflexo da divindade. Os efeitos da lei do amor são o melhoramento moral da raça humana e a felicidade durante a vida terrestre. Os mais rebeldes e os mais viciosos deverão se reformar, quando virem os benefícios produzidos pela prática deste preceito: Não façam aos outros o que não quiserem que lhes façam; façam-lhes, ao contrário, todo o bem que estiver em seu alcance fazer. Não acreditem na esterilidade e no endurecimento do coração humano; apesar dele, cede ao amor verdadeiro; é um imã ao qual não pode resistir e o contato desse amor vivifica e fecunda os germes dessa virtude, que está em seus corações em estado latente. A terra, morada de provação e de exílio, será então purificada por esse fogo sagrado e verá praticar a caridade, a humildade, a paciência, o devotamento, a abnegação, a resignação e o sacrifício, todas elas virtudes filhas do amor. Não se cansem, portanto, de escutar as palavras de João Evangelista; como sabem, quando a enfermidade e a velhice suspenderam o curso de suas pregações, só repetia estas doces palavras: “Meus filhinhos, amem-se uns aos outros”. Caros irmãos, tirem proveito dessas lições; sua prática é difícil, mas a alma retira delas um bem imenso. Creiam em mim, façam o sublime esforço que lhes peço: “Amem-se” e logo verão a terra transformada e tornar-se um Eliseu (paraíso), onde as almas dos justos virão degustar o repouso (Fénelon. Bordeaux, 1861).


Item 10 – Meus caros condiscípulos, os Espíritos aqui presentes lhes dizem, por meio de minha voz: “Amem muito, a fim de serem amados”. Este pensamento é tão justo, que nele encontrarão tudo o que consola e ameniza as penas de cada dia; ou melhor, praticando esta sábia máxima, se elevarão de tal modo acima da matéria que se espitualizarão antes do despojamento do invólucro terrestre. Uma vez que os estudos espíritas desenvolveram em vocês a compreensão do futuro, uma certeza vocês têm: o avanço para Deus, com todas as promessas que respondem às aspirações de sua alma; por isso devem elevar-se bem alto para julgarem sem o peso da matéria e não condenar seu próximo sem terem dirigido seu pensamento a Deus. Amar, no sentido profundo da palavra, é ser leal, probo, consciencioso, para fazer aos outros o que se gostaria para si mesmo; é procurar em torno de si o sentido íntimo de todas as dores que acabrunham seus irmãos para amenizá-las; é considerar a grande família humana como sua, porque essa família a encontrarão em certo período, em mundos mais adiantados, e os Espíritos que a compõem são, como vocês, filhos de Deus, marcados na testa para se elevarem ao infinito. É por isso que não podem recusar a seus irmãos o que Deus liberalmente lhes deu, pois, de seu lado, vocês ficariam realmente contentes que seus irmãos lhes dessem aquilo de que necessitassem. Para todos os sofrimentos tenham, pois, uma palavra de esperança e de conforto, a fim de que vocês sejam inteiramente amor, inteiramente justiça. Creiam que esta sábia expressão, “Amem realmente, para serem amados”, abrirá caminho; é revolucionária, segue a rota que é fixa, invariável. Mas já ganharam muito, vocês que me ouvem; vocês são infinitamente melhores do que eram há cem anos; mudaram de tal modo em seu proveito, que aceitam sem contestação uma multidão de ideias novas sobre a liberdade e a fraternidade, que outrora teriam rejeitado; ora, daqui a cem anos, aceitarão com a mesma facilidade aquelas que ainda não puderam entrar em seu cérebro. Hoje que o movimento espírita deu um grande passo, vejam com que rapidez as ideias de justiça e de renovação encerradas nos ditados espíritas são aceitas pela parte mediana do mundo inteligente; é que essas ideias respondem a tudo o que há de divino em vocês; é que são preparados com uma semente fecunda: a do século passado, que implantou na sociedade as grandes ideias de progresso; e como tudo se encadeia sob o dedo do Altíssimo, todas as lições recebidas e aceitas serão encerradas nessa permuta universal do amor ao próximo; para ele, visto que os Espíritos encarnados julgam e sentem melhor, se estenderão as mãos dos confins de seu planeta; uns e outros se reunirão para se entender e se amar, para destruir todas as injustiças, todas as causas de desentendimento entre os povos. Grande pensamento de renovação pelo espiritismo, tão bem exposto no Livro dos Espíritos, tu produzirás o imenso milagre do século futuro, o da reunião de todos os interesses materiais e espirituais dos homens, pela aplicação desta máxima bem compreendida: “Amem realmente, para serem amados” (Sanson, ex-membro da Sociedade Espírita de Paris. 1863).

Depois de tão ricas e belas lições trazidas pela espiritualidade nos textos acima, pouco nos resta a falar. Cabe apenas pensarmos que precisamos urgentemente levar esse amor mais sublime para ser nosso companheiro no dia-a-dia, em todos os dias do ano que irá se iniciar. Que amemos não só aqueles que nos são fáceis amar, mas também aqueles que não conhecemos, aqueles que cruzam nosso caminho por apenas um instante. Que saibamos dar bons dias, boas tardes e boas noites com um sorriso sincero, a todos que passarem por nós; que aprendamos a ouvir quem precisa falar, e que falemos a quem precisa ouvir; que saibamos silenciar quando a ausência de palavras se tornar mais significativa que as palavras; que sejamos caridosos sem fazer alarde; que amemos a todos como irmãos que somos, e que não deixemos que essas atitudes e esse sentimento aflorem apenas nessa época, que assim seja o tempo inteiro.

Caminhamos para o mundo de regeneração, onde a vida na Terra já não será mais tão difícil como hoje em dia. Mas para que cheguemos a ela e a mereçamos, o amor precisa ser o maior sentimento dentro de nossos corações. Amemos! Faz bem ao outro e faz bem para nós também!

Desejo um fim de ano cheio de amor para cada um de nós.

*Rafaela Paes é colunista voluntária do Blog Letra Espírita. Leia outros artigos de sua autoria clicando aqui.

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