Fé Abalada
Rafaela Paes
Já nos disse Kardec, um dia, que “Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade”.
Entretanto, vindo para o tempo presente, que difícil a missão íntima de cada um de nós, em acreditar o tempo todo, ter fé o tempo todo, não se deixar esmorecer jamais.
Vivemos tempos de liquidez: Liquidez de amores, de amizades, de trabalhos, de crenças, de informações. Somos a massa que tem tudo à mão, mas que não consegue fazer com que tudo isso permaneça, já que sempre deixamos que tudo se esvaia por entre os dedos.
Pobres de nós, que temos tudo e, no fundo, nada tempos. Vivemos tempos difíceis, o exterior é feio, e o nosso interior não é cuidado como se faz necessário.
Não é uma crítica. É uma mera constatação. Somos a geração dos porquês, mas logo cansamos de procurar a resposta.
E assim o é com a fé. Não deixaria de ser!
Fé no hoje? Não consertei nem meu passado ainda!
Fé no amanhã? Não resolvi nem o hoje!
Fé no mundo? De que jeito, se eu olho ao redor e só vejo corrupção, medo, tragédia, violência, mentira, desamor?
Assim me disseram um dia: o mundo é mal.
E ele é mesmo. E é por isso que cá estamos. Porque nosso exercício é vencer a maldade.
A fé abalada é triste. É tristeza da alma, que se vê órfã de crenças, de verdades em que se apegar. A fé abalada nos torna tristes. Não crer torna a vida um simples correr de dias, riscos de um calendário que não sabemos até onde irá... e a espera se torna longa demais.
A fé é a nossa base. E aqui, não diz-se fé no Espiritismo, diz-se fé, a fé que você quiser. Importante mesmo é sua tradução, e não sua configuração.
Fé é ver uma flor morta e ter certeza que na primavera ela renascerá.
Fé é encarar a violência e ter certeza que chegará o dia em todos poderemos conviver em comunhão de paz.
Fé é não enxergar a saída de um problema, mas levar dentro do peito a resignação de que no tempo de Deus, a luz clareará o caminho.
Fé é uma folha em branco. A gente assina enquanto Deus vai escrevendo por linhas tortas e nos carregando em seus braços de amor rumo aos longos caminhos de nossa evolução moral.
Fé é acreditar que o mundo de provas e expiações está ficando para traz, e tentar a cada dia sermos melhores para merecermos viver a era da regeneração.
Não ter fé, ainda assim, é ter fé, mas de modo contrário.
Não podemos alimentar o cinza que colore o planeta azul.
Fé, palavra pequena, simples, mas que carrega em si todas as respostas que procuramos sem saber onde exatamente procurar.
Como nos aconselha Joanna de Ângelis: “Resguarda-te, pois, em paz, e deixa o tempo transcorrer porquanto ele conseguirá fazer, amanhã, o que hoje te parece impossível conseguir”.
A fé é um exercício diário. Então, bons exercícios a todos nós, aprendizes desse caminho!
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