Importância da Evangelização Espírita Infanto-juvenil
Ana Paula Januário
“Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei”. (KARDEC, 2013).
Deus, que é justo e misericordioso, nos dá a oportunidade de reparar os equívocos cometidos em existências anteriores e desenvolver novos aprendizados através da reencarnação. Nesse processo, o Espírito inicia uma nova vida em uma forma corporal diferente, a qual possui diversas fases de desenvolvimento; uma delas é a infância, sendo essa a mais importante.
A fase infantil é um período que tem impacto direto no desenvolvimento e na pessoa adulta que a criança se tornará, além de ser uma fase que ela está mais acessível às impressões que recebe e que podem ajudar no seu adiantamento (KARDEC, 2008, questão 383). Como afirmam os Espíritos na questão 385 do “Livro dos Espíritos”, a delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devem fazê-los progredir. É nessa fase que se lhes pode reformar o caráter e reprimir os maus pendores.
Tendo em mente essas informações, vale ressaltar a importância da Evangelização Espírita infantojuvenil que está voltada ao estudo da Doutrina Espírita e à vivência do Evangelho de Jesus junto à criança e ao jovem. É uma ação que tem como objetivo oferecer ao evangelizando a oportunidade de se perceber como ser integral, crítico, consciente, participativo, herdeiro de si mesmo, cidadão do universo, agente de transformação de seu meio, rumo a toda perfeição de que é suscetível, além de promover a integração consigo mesmo, com o próximo e com Deus (FEB, 2021).
Dessa forma, oferecer os conhecimentos da Doutrina, o entendimento da prática das boas obras, situá-lo no universo como colaborador da divindade suprema na fase inicial da sua existência, preparando-o para enfrentar todos os momentos e adversidades da vida nos postulados do Evangelho para que possa desempenhar seus compromissos e edificar a nova sociedade do amanhã, é de máxima relevância, principalmente para os pais e orientadores Espíritas. Com isso, a ascendência de um educador torna-se imprescindível, como cita Dora Incontri quando definiu a educação como:
“[...] toda influência exercida por um Espírito sobre outro, no sentido de despertar um processo de evolução. Essa influência leva o educando a promover autonomamente o seu aprendizado moral e intelectual. Trata-se de um processo sem qualquer forma de coação, pois o educador apela para a vontade do educando e conquista-lhe a adesão voluntária para uma ação de aperfeiçoamento. Educar é, pois, elevar, estimular a busca da perfeição, despertar a consciência, facilitar o progresso integral do ser”. (INCONTRI, 2003).
Em consequência disso, algumas pessoas podem se questionar: Em matéria de religião, não seria mais recomendado a plena liberdade dos filhos? E devemos lembrar que a criança é um Espírito reencarnado, que assim como nós tem uma bagagem acumulada ao longo de sua trajetória, e que o principal objetivo do Espírito nascer no corpo de uma criança novamente é ser educado mais uma vez. É o período que, até aos sete anos, o Espírito ainda se encontra em fase de adaptação para a nova existência que lhe compete no mundo, não existindo uma integração perfeita entre ele e a matéria orgânica (XAVIER, 2016). Como cita Emmanuel na questão 113 no livro “O Consolador” de Francisco Cândido Xavier:
“O período infantil, em sua primeira fase, é o mais importante para todas as bases educativas, e os pais espíritas cristãos não podem esquecer seus deveres de orientação aos filhos, nas grandes revelações da vida. Em nenhuma hipótese, essa primeira etapa das lutas terrestres deve ser encarada com indiferença. O pretexto de que a criança deve desenvolver-se com a máxima noção de liberdade pode dar ensejo a graves perigos. Já se disse, no mundo, que o menino livre é a semente do celerado. A própria reencarnação não constitui, em si mesma, restrição considerável à independência absoluta da alma necessitada de expiação e corretivo? Além disso, os pais espíritas devem compreender que qualquer indiferença nesse particular pode conduzir a criança aos prejuízos religiosos de outrem, ao apego do convencionalismo, e à ausência de amor à verdade. Deve nutrir-se o coração infantil com a crença, com a bondade, com a esperança e com a fé em Deus. Agir contrariamente a essas normas é abrir para o faltoso de ontem a mesma porta larga para os excessos de toda sorte, que conduzem ao aniquilamento e ao crime. Os pais espíritas devem compreender essa característica de suas obrigações sagradas, entendendo que o lar não se fez para a contemplação egoística da espécie, mas, sim, para santuário onde, por vezes, se exige a renúncia e o sacrifício de uma existência inteira.”
Portanto, que a cada dia estejamos mais dispostos a participar da educação dos nossos filhos, instruí-los para que a mente amplie a compreensão das coisas e possam viver uma vida mais feliz e significativa, mais equilibrada e consciente de suas funções diante da transformação e edificação da nova Terra, em mundo de regeneração.
“Evangelização espírita é Sol nas almas, clareando o mundo inteiro sob as constelações das estrelas dos Céus, que são os Bem-aventurados do Senhor empenhados em Seu nome, pela transformação urgente da Terra, em mundo de regeneração e paz.”
Amélia Rodrigues
REFERÊNCIAS
CEERJ. Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro. Infância e Juventude. Disponível em: https://www.ceerj.org.br/portal/evangelizacao/infancia. Acesso em 28 jul. 2021.
FEB (Federação Espírita Brasileira). O que é Evangelização Espírita Infantojuvenil, 2012. Disponível em: https://www.febnet.org.br/blog/geral/estudos/o-que-e-evangelizacao-espirita-infantojuvenil/. Acesso em 11 jul. 2021.
INCONTRI, Dora. A educação segundo o espiritismo. Bragança Paulista: Editora Comenius, 2003.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 177. ed. São Paulo: Ide, 2008.
KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. 56 ed. Brasília: FEB, 2013.
XAVIER, Francisco Cândido. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 29. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2016.
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