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Preconceito: Considerações Espíritas


Rafaela Paes de Campos


O preconceito, infelizmente, ainda é um mal enraizado em nossa sociedade. Agir imbuído de preconceito denota um pré-julgamento, uma atitude desprovida de conhecimento e bom senso.

 

São diversos os preconceitos ainda presentes na coletividade, como os de raça, origem, credo e orientação sexual, enfim, atitudes que denotam um verdadeiro desconhecimento sobre as Leis que regem a vida humana.

 

Somos Espíritos e bem sabemos que fomos criados simples e ignorantes, galgando degraus ao longo das sucessivas encarnações a fim de evoluir. Assim, do completo desconhecimento que nos viu nascer, hoje somos Seres capazes de compreender de forma plena o bem e o mal, o certo do errado, o conveniente e o inconveniente.

 

Aos olhos de Deus todos somos iguais, mas temos que convir que na Terra somos diferentes, vivenciando experiências pensadas individualmente para as nossas necessidades evolutivas. Entretanto, não somos melhores que ninguém, e ninguém é melhor que nós! Apenas necessitamos experienciar situações e vivências de formas diversas.

 

Podemos citar como absolutamente inexorável a Lei de Justiça, Amor e Caridade, a última Lei Moral Citada em O Livro dos Espíritos, mas que resume toda a Lei que nos alcança nas vidas.

 

O amor é o caminho que devemos seguir em nossas estradas, agindo com aqueles que nos cercam, com o mesmo cuidado que esperamos ser tratados por eles. Não há meio de entender como coerente o oferecimento de espinhos esperando receber flores.

 

Agir com amor é a caridade, e a coerência entre plantio e colheita é a justiça!

 

Quando nos armamos de preconceitos inescusáveis, estamos demonstrando de forma inequívoca o quanto ainda temos que evoluir, o quanto somos imperfeitos e ainda preenchidos pelos sentimentos danosos do orgulho e do egoísmo.

 

Kardec nos ensina em O Livro dos Espíritos:


A civilização, como todas as coisas, apresenta gradações diversas. Uma civiliza­ção incompleta é um estado transitório, que gera males especiais, desconhecidos do homem no estado primitivo. Nem por isso, entretanto, constitui menos um progresso natural, necessário, que traz consigo o remédio para o mal que causa.

À medida que a civilização se aperfeiçoa, faz cessar alguns dos males que gerou, males que desaparecerão todos com o progresso moral.

De duas nações que tenham chegado ao ápice da escala social, somente pode considerar-se a mais civilizada, na legítima acepção do termo, aquela em que exista menos egoísmo, menos cobiça e menos orgulho; em que os hábitos sejam mais intelectuais e morais do que materiais; em que a inteligência possa desen­volver-se com maior liberdade; em que haja mais bondade, boa-fé, benevolência e generosidade recíprocas; em que menos enraizados se mostrem os preconcei­tos de casta e de nascimento, por isso que tais preconceitos são incompatíveis com o verdadeiro amor do próximo; em que as leis nenhum privilégio consa­grem e sejam as mesmas, assim para o último, como para o primeiro; em que com menos parcialidade se exerça a justiça; em que o fraco encontre sempre amparo contra o forte; em que a vida do homem, suas crenças e opiniões sejam melhormente respeitadas; em que exista menor número de desgraçados; enfim, em que todo homem de boa vontade esteja certo de lhe não faltar o necessário (KARDEC,  2022, p. 289-299, nota à questão 793)

 

O nosso adiantamento enquanto seres individuais e coletivos só se dará quando ceifarmos de nossos atos todos os que sejam contrários à benevolência, à misericórdia, à fraternidade. Este tempo chegará apenas quando o nosso amor ao próximo deixar de ser seletivo e abranger a todos, sem quaisquer distinções, entendendo que somos iguais, apenas experimentações situações diferentes.

 

O preconceito com o que é diverso de nós demonstra que ainda não compreendemos qual é caminho reto, e ainda nos distanciamos sobremaneira do objetivo que permeia a vida de todos nós: a evolução espiritual.

 

Em tempos em que tanto se fala em regeneração planetária, um simples exercício de raciocínio nos fará refletir profundamente: cabem os preconceitos, as distinções, o agir sem caridade, amor e justiça? A meritocracia não cabe dentro da vida material, mas na Vida Espiritual ela é a justiça: só alcançaremos a benesse de viver na Terra regenerada quando regenerarmos a nós mesmos.

 

Pensemos nisso!

 

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Referência

 

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, tradução de Guillon Ribeiro. Campos dos Goytacazes/RJ: Editora Letra Espírita. 2022.

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