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Zaqueu: O Bom Servo


Por: Milena Araújo


No livro Boa Nova, o espírito do poeta Humberto de Campos narra o ambiente em que Zaqueu, o rico publicano da cidade de Jericó, recebeu comovidamente o Divino Mestre em sua casa, servindo de grato recurso a uma das mais belas passagens do Cristianismo Redivivo.


Zaqueu era um homem rico e publicano, o que significava ser “(...) àquela pessoa que se dedicava à coleta de impostos para os romanos. Um publicano não cobrava diretamente os impostos, mas o publicano pagava uma quantia fixa diretamente de seu bolso, não importando o que recolhesse depois. Então, ele cobrava todo esse dinheiro ou mais para os cidadãos de sua área”. No Evangelho Segundo o Espiritismo há a seguinte explicação: “Os judeus, pois, abominavam o imposto e, como consequência, todos os que eram encarregados de arrecadá-lo, donde a aversão que votavam aos publicanos de todas as categorias, entre os quais podiam encontrar-se pessoas muito estimáveis, mas que, em virtude das suas funções, eram desprezadas, assim como os que com elas mantinham relações, os quais se viam atingidos pela mesma reprovação.”


No entanto, a sua posição e ofício não representava para Jesus um obstáculo, muito antes pelo contrário, serviram de condições para reflexões sobre o bom uso dos bens materiais e riquezas acumuladas, como também amparou logo a seguir, a narrativa sobre a Parábola dos Talentos, conforme descreve o poeta.


Por ser um homem de baixa estatura, Zaqueu buscou estar numa arvore para não perder de vista a entrada de Jesus na cidade de Jericó. Seguindo para Jerusalém, Jesus estava sendo aguardado por uma multidão de curiosos e fiéis. No trajeto, Ele parou a frente do pequeno grande homem e proclamou: “Zaqueu, desce dessa árvore, porque hoje necessito de tua hospitalidade e de tua companhia.” (EMMANUEL, 1941)


Com tenra surpresa, o publicano recebe a palavra do Mestre com grande comoção, e dali mesmo se dirige à sua casa e providencia uma calorosa hospedagem ao ilustre convidado. Houve grande inquietação entre os discípulos pelo fato de estarem com um publicano, em ambiente contrário a tudo que pregavam.


Com a amabilidade inviolável, Jesus sabia da inquietude que atormentava a mente dos discípulos, ao mesmo tempo que recebia de Zaqueu imensa gratidão pelo singular momento. Sabendo que o Amigo Celestial versava sobre a condenação das riquezas, esclarecia o publicano: “Senhor, é verdade que tenho sido observado como um homem de vida reprovável; mas, desde muitos anos, venho procurando empregar o dinheiro de modo que represente benefícios para todos os que me rodeiem na vida. Compreendendo que aqui em Jericó havia muitos pais de família sem trabalho, organizei múltiplos serviços de criação de animais e de cultivo permanente da terra. Até de Jerusalém, muitas famílias já vieram buscar, em meus trabalhos, o indispensável recurso à vida!” e “(...) Os servos de minha casa nunca me encontraram sem a sincera disposição de servi-los.” (EMMANUEL, 1941)


E numa atitude de verdadeiro espírito a serviço do Bem Maior, o bom cobrador de impostos declara a partilha de metade de sua fortuna aos necessitados e indenização de até quatro vezes a todos aqueles que outrora pudesse ter prejudicado. Em abraço comovente, o anfitrião recebe de Jesus a memorável assertiva: “Bem-aventurado és tu que agora contemplas em tua casa a verdadeira salvação.” (EMMANUEL, 1941)


Portanto na noite sublime e no momento oportuno, Jesus defere aos companheiros do Evangelho a seguinte reflexão: ­“(...) No mundo vivem os que entesouram na Terra e os que entesouram no Céu. Os primeiros escondem suas possibilidades no cofre da ambição e do egoísmo e, por vezes, atiram moedas douradas ao faminto que passa, procurando livrar-se de sua presença; os segundos ligam suas existências a vidas numerosas, fazendo de seus servos e dos auxiliares de esforços a continuação de sua própria família. Estes últimos sabem empregar o sagrado depósito de Deus e são seus mordomos fiéis, à face do mundo.” (EMMANUEL, 1941)


Reconfortados dos inquietantes questionamentos, os discípulos respiraram o salutar aroma da mensagem divina recebendo do Mestre a conclusão final: “(...) ditosos os que repartirem os seus bens com os pobres; mas, bem aventurados também os que consagrarem suas possibilidades aos movimentos da vida, cientes de que o mundo é um grande necessitado, e que sabem, assim, servir a Deus com as riquezas que lhes foram confiadas!” (EMMANUEL, 1941)

E onde o Amor e a compaixão encontra abrigo, Jesus “(...) pousando enternecido e generoso olhar sobre a figura de Zaqueu, seus lábios divinos pronunciaram as imorredouras palavras: “Bem-aventurado sejas tu, servo bom e fiel!” (EMMANUEL, 1941)


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Referências:

KARDEC, ALLAN. Evangelho Segundo o Espiritismo – 365ªed. 41. Imp. – São Paulo: IDE, 2013.15p.

HUMBERTO DE CAMPOS (Espírito). Boa Nova [psicografado por] F.C.Xavier – 37ªed. 9. Imp. – Brasília: FEB, 2017.


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