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Anorexia na Visão Espírita


André Luiz B. Silva


O termo “anorexia nervosa” foi estabelecido pela primeira vez, em 1873,pelo médico inglês do século XIX, Sir WilliamGull. Em um discursorealizado em 1868 para a British Medical Association, em Oxford, William Gull descreveu a anorexia “como sendo uma forma peculiar de doença que ocorre principalmente em mulheres jovens e caraterizada por extremo emagrecimento.” (1)

Os transtornos alimentares geralmente apresentam as suas primeiras manifestações na infância e na adolescência. Podendo ser divididos em dois grupos, os primeiros transtornos ocorrem precocemente na infância e representam alterações da relação da criança com a alimentação. Estas condições parecem não estar associadas a uma preocupação excessiva com o peso e/ou a forma corporal, mas podem interferir no desenvolvimento infantil. O segundo grupo de transtornos tem o seu aparecimento mais tardio e é constituído pelos transtornos alimentares propriamente ditos: a anorexia nervosa. (2)

As causas da anorexia nervosa são o transtorno de alimentação caracterizado por uma profunda distorção da imagem corporal com uma busca incansável da esbelteza e da magreza. A anorexia nervosa frequentemente leva a pessoa à inanição (extrema debilidade ou condição de fraqueza extrema causada pela ausência de alimentação). A palavra anorexia, isoladamente, significa literalmente falta de vontade de comer, de apetite ou de fome. Está ligada a perda voluntária de peso, aliada a um medo intenso de engordar. (3)

O transtorno alimentar teve sua origem na Idade Média. O jejum naquela época era considerado ato de devoção, ou milagres divinos. No Livro dos Espíritos, no capítulo V (Privações voluntárias. Mortificações) nas questões 721 e 726, Allan Kardec faz as seguintes perguntas, que são respectivamente:

721. “É meritória, de qualquer ponto de vista, a vida de mortificações ascéticas que desde a mais remota antiguidade teve praticantes no seio de diversos povos?”

“Procurai saber a quem ela aproveita e tereis a resposta. Se somente serve para quem a pratica e o impede de fazer o bem, é egoísmo, seja qual for o pretextocom que entendamde colori- la. Privar-se a si mesmo e trabalhar para os outros, tal a verdadeira mortificação, segundo a caridadecristã.” 726. “Visto que os sofrimentos deste mundo nos elevam, se os suportarmos devidamente, dar-se-á que também nos elevam os que nós mesmos nos criamos?” “Os sofrimentos naturais são os únicos que elevam, porque vêm de Deus. Os sofrimentos voluntários de nada servem, quando não concorrem para o bem de outrem. Supões que se adiantam no caminho do progresso os que abreviam a vida, mediante rigores sobre-humanos, como o fazem os bonzos, os faquires e alguns fanáticos de muitas seitas? Por que de preferência não trabalham pelo bem de seus semelhantes? Vistam o indigente; consolem o que chora; trabalhempelo que está enfermo; sofram privações para alívio dos infelizes e então suas vidas serãoúteis e, portanto, agradáveis a Deus. Sofrer alguém voluntariamente, apenas por seu próprio bem, é egoísmo; sofrer pelos outros é caridade: tais os preceitos do Cristo.” (4)

Feitasas considerações iniciais num breve resumosobre o que é a Anorexia, teria essa doença alguma relaçãocom a religião, especificamente, à doutrina espírita? Seres imortais que somos, sabemos que esta não é a primeira nem a nossa última encarnação na vida terrena. Com inúmeras experiências vividas, trazemos conosco erros e vícios de outras vidas. Mas não necessariamente uma pessoa que sofre dessa doença nesta encarnação, seja reflexo de vidas passadas e esteja resgatando débitos, por exemplo. Algumas obtêm a anorexia nesta atual existência por simples questão de vaidade, pressão do ambiente familiar, profissional, relacionamento problemático com os pais, para serem aceitasem determinados lugaresou até mesmo pelo padrão de beleza imposto pela sociedade. Sendo assim, “as influências espirituais obsessivas podem estar ocorrendo tanto por caráter pretérito quanto presente, fortuitamente.” (5)

Pode ser que o espírito, dono do corpo, esteja doente. O corpo é um empréstimo o qual devemoscuidar muito bem dele para não sofrermos as consequências. É um bem divino que nos foi oferecido. Temos que ter responsabilidade, pois todo excesso, vícios, será de total responsabilidade nossa. O corpo executa a vontade do espírito. Segundo o Dr. Ricardo Di Bernardi, possuímos gostos, tendências e transtornos os quais são experiências desta vida e das anteriores.

Explica Manoel Philomeno de Miranda que “da mesma forma que as enfermidades orgânicas se manifestam onde há carência, o campo obsessivo se desloca da mente para o departamento somático onde as imperfeições morais do pretérito deixaram marcas profundas no perispírito”. (6)

De acordo com o médico mineiro, Roberto Lúcio, vícios alimentares, alcoólicos e sexuais são avaliados da mesma forma. Espíritos sem evolução sentem necessidade de vingar erros cometidosem vidas passadas.Para deixar a teoria mais clara, o médico contou a história de uma paciente no Hospital André Luiz. (7)

'Tínhamos uma paciente que sofria de anorexia. Ela tinha cerca de 1,60 metros e pesava menos de 40 quilos. O grau de desnutrição dela era tão sério que havia momentos em que ela não participava das nossas reuniões. Mas mesmo assim, ela reclamava dizendo não entender por que Deus a tinha feito tão gorda?', conta. 'Em uma das nossas terapias de regressão, descobrimos que essa paciente, na sua vida passada, havia sido uma senhora de escravos. Para torturá-los, ela colocava os negros de baixo da casa, sem comida e água. Os escravos morriam de fome e eram comidos pelos animais', diz. 'Em certo momento,um dos espíritos desses escravosapareceu e contou para nós, que quando estavam de baixo da casa, morrendo, eles falavam que essa mulher iria morrer magra e deformada', termina. Ou seja, um espírito obsessor e vingativo fazia com que essa mulher perdesse os sentidos e o bom senso em relação à alimentação. Já nos dias atuais, com tantas plataformas digitais hoje presentes em nossas vidas, percebemos o quanto elas têm influência diretamente no início desta doença. Tantos irmãos passando por depressão por quererem viver uma vida que não está ao


seu alcance. Diante desta visão ilusória da vida perfeita, do corpo dos sonhos, da estética perfeita, pessoas de pouca fé acabamentrando em sintoniacom espíritos na mesma frequência vibratória. Espíritos que ainda se encontram com os sentimentos terrenos de culpa, desejo, dúvida etc.

No capítulo XII, do Livro dos Espíritos, na questão de número 919 – Conhecimento de si mesmo, Allan Kardec pergunta:

Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?” E de forma bem sucinta os amigos espirituais vos responde que “um sábio da antiguidade já havia dito: