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A Responsabilidade dos Pais pelos Seus Filhos

Camila Vieira

Engana-se quem espera que exercer a maternidade e paternidade terrena limita-se em alimentar e educar aquele filho para o mundo, dando-lhe valores e condições materiais até que alcancem a maioridade, quando estarão aptos para encararem sozinhos os desafios da vida. Bem verdade, os pais preparam seus filhos para a eternidade, assumindo, assim, grande responsabilidade espiritual.


Partindo de um compromisso mútuo ainda no plano espiritual, tanto os filhos escolhem seus pais quanto os pais aceitam a tarefa de criação. Os pais são os primeiros mentores de seus filhos no lar terreno, onde recebem os primeiros ensinamentos.


No Livro dos Espíritos (KARDEC, 1999, p. 215), a grande obra originária do Espiritismo em que Allan Kardec compila as perguntas e respostas dada por Espíritos de elevado grau sobre diversos assuntos, estes Espíritos confirmam que a paternidade, além de uma missão, é grande dever com efeitos futuros.


A relação dos pais e filhos advém de diversas existências, o que justifica, por vezes, a simpatia entre os entes familiares (KARDEC, 1999, p. 108). Ainda, é possível compreender que os laços de família não são meramente costumes sociais, são necessários ao progresso, sendo ainda uma lei natural (KARDEC, 1999, p. 266).


Pais e filhos encarnam com provas e expiações, sendo mantidos pelos laços fraternos para percorrerem a jornada terrena na caminhada evolutiva. Vasto o trabalho da espiritualidade em reunir aqueles Espíritos para conciliar as provas e expiações que deverão passar juntos, bem como individualmente.


Embora a criação terrena proponha que pais sejam perfeitos, na figura de “super-heróis”, os pais são Espíritos em construção moral e espiritual tanto quanto seus filhos, assumindo a responsabilidade de educação de outro Espírito mesmo em estado de imperfeição, o que justificam as tantas falhas dos pais e mães na criação dos seus filhos durante essa jornada.


Entretanto, a Espiritualidade não os isenta de responsabilidade; muito pelo contrário, a responsabilidade dos pais com seus filhos é tamanha ao ponto de respondem pessoalmente por eles (KARDEC, 1999, p. 109).


Todavia, não é razoável pensar nessa responsabilidade de forma irrestrita, visto que cada Espírito detém o livre arbítrio, isto é, o poder de escolha.

Nada escapa dos olhos da Espiritualidade. Assim como os pais serão culpados pelos erros dos filhos, caso lhes tenham faltado ações ou ocorreram omissões que deles dependiam, da mesma forma, àqueles pais que, mesmo buscando todas as alternativas na educação de seus filhos, caso estes optem por seguir caminhos disfuncionais, cabe ainda assim amá-los, e confiar que a lei divina irá se encarregar do seu trabalho de amparo e resgate daquele filho.


Ainda, pais que não assumem os encargos que lhe competiam para a criação de outro Espírito, receberão a parcela de débito por tanto. Válido lembrar que não se trata de penalidade, visto que, na visão espírita, não existe castigo, mas sim reflexo da lei de causa e efeito.


Os pais carregam as responsabilidades por seus filhos durante toda a vida terrena, mesmo na vida adulta, já que a caminhada espiritual não se limita à idade. Certo é que os pais não estarão sozinhos, recebem todos o amparo de seus mentores espirituais durante essa árdua tarefa.


A tomada de responsabilidade espiritual tanto de pais quanto dos filhos tende a equilibrar essa jornada, na medida em que cada um assume o papel que lhe foi confiado de forma mais responsável.


Os pais entendem a responsabilidade de conduzir aquele Espírito que lhe foi confiado, bem como os filhos compreendem que pertencem a uma família espiritual igualmente portando responsabilidades, e todos, enquanto Espíritos em construção moral e espiritual, buscam juntos a contínua evolução, superando as provas e expiações que lhe foram atribuídas.

REFERÊNCIAS

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução Renata Barboza da Silva. São Paulo: Petit, 1999.

XAVIER, Francisco Cândido. O consolador. 1.ed. Disponível em: http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/bibliotecavirtual/chicoxavier/oconsolador.pdf Acesso em 25 abr. 2021.

[DT1]Troquei “confiadas” por “atribuídas”, pois tentei evitar repetir a palavra do último parágrafo.

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