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Bebês Prematuros na Visão Espírita



Por: Carla Silvério Barbosa


As transformações pelas quais a mulher passa durante a gestação transcendem aos aspectos físicos e emocionais, envolvendo ainda a sua dimensão espiritual. As expectativas da futura mãe são inúmeras e intensas. A partir do momento em que ela recebe a notícia de que há uma nova vida a caminho em seu ventre, a mulher se volta por completo ao bebê em formação.


Contudo, quando se fala em gestação, o processo de formação de uma nova vida é visto sob dois âmbitos distintos: espiritual e físico (material - genético).


Em relação ao âmbito espiritual, conforme orientam os Espíritos Codificadores, na Gênese, no capítulo 11, itens 18 a 21, a partir da concepção, passa a ocorrer gradativa simbiose fluídica entre mãe e o feto, onde há expansão do períspirito do Espírito reencarnante, que, sob o princípio vital, o liga ao gérmen da futura mãe, molécula a molécula, havendo verdadeiro enraizamento desse gérmen, tal qual uma planta para a terra, onde ambos passam a compartilhar todas as sensações e emoções de um e de outro, de modo intimamente singular.


A Doutrina Espírita ensina que a ligação espiritual entre a futura mãe e o Espírito reencarnante começa a se desenvolver na concepção e segue, estreitando-se, até o momento do parto, quando passa a desenvolver-se no plano material. (Questão nº 344 do LE).


Sob o ponto de vista material, o processo de concepção e gestação é formado levando-se em conta a herança genética que provém do corpo dos pais e as condições do corpo físico da mulher gestante, diretamente influenciado, ainda, pelo desenvolvimento psíquico da mãe (influência de seus moldes mentais), a atuação do próprio Espírito em processo de reencarnação e seus orientadores espirituais (Missionários da Luz, Cap. 14).


No plano material, o nascimento do bebê pode ser considerado prematuro, a termo ou pó-termo.


Quando se fala em prematuridade, as preocupações são intensificadas e tudo ganha proporções infinitamente maiores. Nos nascimentos muitos bebês, por não estarem com seus corpos materiais devidamente formados, desenvolvem sequelas que podem carregar durante todo o período que passarem encarnados.


Os sintomas mais recorrentes em crianças prematuras são a dificuldade de amamentação por falta de reflexo e força do recém-nascido para sucção, problemas motores, respiratórios, baixa temperatura corpórea, baixa imunidade e baixo peso, por não receber toda a carga de anticorpos adequadamente, dentre outros, que ocasionam a internação do bebê prematuro em UTI neonatal até que seu corpo físico esteja preparado para a vida fora do ventre materno, o que pode durar por até alguns meses após o nascimento.


Muitos nascimentos prematuros ocorrem, ainda, por fragilidades no corpo material da mãe ou do bebê em formação, causas estas que são explicadas por questões meramente bioquímicas e genéticas, além da ausência de pré-natal adequado, estresse da mãe, ingestão de substâncias agressivas pela gestante (como cigarro, álcool e drogas) e má alimentação.


Nos nascimentos antecipados, o contato entre pais e filhos fica restrito às fronteiras físicas de uma incubadora. Muito comuns são os relatos de mães prematuras com a sensação de que seus filhos são “arrancados” de seus ventres sem chance de defendê-los, fazendo com que predomine na psique dessas mães e por consequência, nos bebês, a sensação de vazio existencial, incompletude e desesperança.


O nascimento prematuro de um filho influencia no processo emocional e psíquico de construção tanto da maternagem quanto da paternagem, pois estes pais carregam sob seus ombros o peso e a dor de conviverem com a gravidade do quadro apresentado e o risco de desencarne de seus filhos a qualquer momento.


Muitos pais se perguntam nesses momentos intensa angústia, ao observarem seus filhos nascidos prematuros, frágeis ao ambiente externo e ao mesmo tempo e limitados pela proteção de vidro da incubadora, tão guerreiros já cedo lutando pela vida, o porquê de tais acontecimentos, buscando racionalizar o contexto vivenciado pela família e é justamente nesses momentos que a religiosidade, seja ela de qual vertente for, é destacada como sustentáculo à família e ao bebê e Deus passa a ser o grande amigo íntimo destes.


Contudo, por mais injusto e desesperançoso que o nascimento de um bebê prematuro pareça aos pais e à família, o que é natural, os Espíritos da Codificação esclareceram a Allan Kardec não haver injustiça alguma (em que pese por vezes se interpretar justamente o contrário), conforme consta da Gênese, Cap. III, item 1: “Sendo Deus o princípio de todas as coisas e sendo todo sabedoria, todo bondade, todo justiça, tudo o que dele procede há de participar dos seus atributos, porquanto o que é infinitamente sábio, justo e bom nada pode produzir que seja ininteligente, mau e injusto. O mal que observamos não pode ter nEle a sua origem.”


A questão nº 199 do Livro dos Espíritos traz consigo a orientação de que as vicissitudes da existência material, quando relacionadas às crianças em tenra idade, muitas vezes são provações, que podem ser para resgates de dívidas passadas ou por opção do próprio Espírito envolvido, para sua evolução, e/ou, para seus pais. Assim, as fragilidades de um bebê prematuro e as aflições de seus pais não tem outra explicação que não sejam questões pendentes de existências precedentes (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, itens 6 e 7).


Explicou Allan Kardec na Revista Espírita, 1964 – Setembro – Estudos Morais que Espírito e matéria tem suas leis próprias e reagindo uma sobre a outra, resulta em alguns fenômenos impressos na matéria de causas do Espírito.


Nesse passo, a espiritualidade praticada por meio da prece contribui, ainda, para a elaboração do luto nos casos de desencarne de bebês prematuros e diminuição carga de estresse, angústia e ansiedade nas mães, diminuindo o quadro depressivo nestas.


Ainda no Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, item 3, consta expressamente que “se Deus é soberanamente bom e justo, não pode agir por capricho, nem por parcialidade. As vicissitudes da vida tem, pois uma causa, e, uma vez que Deus é justo, essa causa deve ser justa. (...) Deus colocou os homens sobre o caminho dessa causa pelos ensinamentos de Jesus (...)”.


Compreender a justiça de Deus nos dissabores que a vida, em destaque no enfrentamento do estresse emocional e espiritual de pais e bebês prematuros na UTI neonatal contribui sobremaneira para a redução dos impactos experimentados por todos e o restabelecimento, inclusive, do bebê nascido prematuramente, com grande parte de seus órgãos físicos ainda em formação, torna possível o vislumbre de tal contexto fático, ser em verdade, oportunidade para todos de crescimento, reforma íntima, melhoria de sua condição humana enquanto filhos de Deus, criados à sua imagem e semelhança e progresso moral. A resiliência que algumas pessoas apresentam nas pesadas adversidades da vida, de ocorrência certa nos casos de bebês prematuros, é intimamente relacionada à compreensão dos desígnios da Criação e aplicação da Lei Universal de Causa e Efeito, à que todas as criaturas estão sujeitas.


Somente pela fé no Criador e amparo da Espiritualidade amiga, através da prece, acolhimento, caridade, empatia de todos os demais para com a mãe e o bebê prematuro e métodos de cuidados especiais (a exemplo do chamado “canguru”) é que as forças vitais e emocionais de todos os envolvidos em contexto tão angustioso é possível conseguir resignificar e transformar o sofrimento desse momento em conexão com o Criador.


Por fim, o olhar mais apurado com o ser humano, em especial, as mães e seus bebês prematuros, a partir da perspectiva da vivência espiritual contribui para a melhoria não apenas física (que reflete em no corpo perispiritual), mas também para a sua evolução moral por meio da reforma íntima.


Referências Bibliográficas:

ALLAN, Kardec. O Livro dos Espíritos. Ed. FEB. 1ª edição Comemorativa do Sesquicentenário. Brasília-DF. 2007.

ALLAN. Kardec. O Evangelho Segundo e Espiritismo. Ed. Ide. 358ª edição Comemorativa do Sesquicentenário. Brasília-DF. 2008

ASIS, Cristiane. Gestação. Encontro entre Almas. Ed. Ame-MG, 1ª edição. 2019.

GUTMAN, Laura. A Maternidade e o encontro com a própria sombra. 17ª edição. Ed. BestSeller, 2019.

PINTO, M.J.C., & Oliveira, M.S. (2019). Estresse e espiritualidade de mães de bebês prematuros. Revista Psicologia, Diversidade e Saúde.

ROCHA. Alberto de Souza. Reencarnação em Foco “Progredir sempre, tal é a lei”. Ed. O Clarim. 1991.


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