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Déjà-vu


Por: Juliana Procópio

Publicação original: 10/01/2020.

Última atualização: 30/08/2022


Quem não se recorda de uma cena famosa de novela onde o mocinho e a mocinha se esbarram e ao se encararem ficam pasmos olhando um para o outro se perguntando de onde se conhecem? Ou você esta caminhando por algum lugar e de repente tem a sensação que já esteve nele, que já ouviu ou teve aquela mesma conversa? Quem não passou pela mesma sensação não sabe o quanto isso pode ser estranho.


Segundo o parapsicólogo francês Émile Boirac essa sensação chama-se déjà vu, fenômeno que para a ciência não está totalmente esclarecido, mas que acredita-se ocorrer “devido a uma troca de informações errônea no cérebro” (ZANELATO, 2018, on-line).


“O déjà vu ocorre porque o cérebro possui vários tipos de memória, como a memória imediata, que é capaz de repetir um número de telefone e depois esquecê-los. A memória de curto prazo dura algumas horas e a memória de longo prazo, que dura meses ou até anos. O déjà vu é na verdade, uma falha no cérebro, onde os fatos que estão acontecendo são armazenados diretamente na memória de longo ou médio prazo, quando o correto seria ir para a memória imediata, dando assim a sensação que o fato já ocorreu antes” (SIGNIFICADOS, s.d., on-line).


Esse fenômeno já era estudado desde a Grécia antiga e, com o passar do tempo, foi ganhando outras explicações como a que defendem os parapsicólogos que vêm nesse fenômeno uma forma de premonição. Na psicologia temos duas explicações de dois grandes nomes da área, Carl Gustav Jung e Sigmund Freud.


“Para Jung, o déjà vu é apenas um produto do inconsciente coletivo. Já para Freud, ele acontece quando revivemos um trauma inconsciente, porque costumamos reprimir as memórias ruins como um mecanismo de defesa, mas a sensação de familiaridade pode permanecer e gerar essa lembrança confusa” (MARQUES, s.d., on-line).


Algumas pesquisas dão conta de que esse fenômeno é muito comum entre jovens até os 25 anos e ocorrerem ao menos uma vez ao ano. Também explicam que é algo muito comum tanto entre homens como entre as mulheres. Para alguns pesquisadores o déjà vu é ainda uma espécie de teste natural da memória. “Assim, quando esse fenômeno acontece com alguém significa que a sua capacidade de memorizar informações esteja funcionando corretamente” (MARQUES, s.d., on-line).


Buscando dentro dos estudos nas obras básicas codificadas por Kardec a reencarnação é uma das explicações para esse fenômeno e para as sensações que sentimos como conhecidas, pois todas as nossas encarnações estão gravadas no espírito e armazenadas em nosso inconsciente e estão cobertas pelo véu do esquecimento para que possamos cumprir as provas às quais nos propomos antes de reencarnar e para tanto não influenciar em nossas escolhas presentes.


“Na espiritualidade, encontraremos explicações diferentes do que dizem as teses da ciência. O espiritismo explica que estas visões são lembranças de momentos vividos em outras vidas. Sabemos que nós somos espíritos reencarnados em constante evolução, e por isso muitas lembranças de outras vidas ficam gravadas no nosso períspirito (invólucro fluídico que, para os espíritas, liga o espírito ao corpo) e retornam à nossa mente quando vemos alguma imagem, ouvimos um som, sentimos um cheiro ou sentimos uma sensação” (LETRA ESPÍRITA,2018, on-line).


A explicação da questão 171 de O Livro dos Espíritos nos informa que:


“A doutrina da reencarnação, isto é, aquela que consiste em admitir para o homem muitas existências sucessivas, é a única que corresponde ao seu aprimoramento, independentemente de sua vontade e no próprio meio em que se encontram instalados. Se o destino do homem estivesse irrevogavelmente ficado após sua morte, Deus não teria pesado as ações de todos na mesma balança, e também não os teria tratado com imparcialidade” (KARDEC, 2018, p. 94).


Ainda em O Livro dos Espíritos, no capítulo VIII que trata da Emancipação da Alma Kardec pergunta a espiritualidade se duas pessoas que se conhecem podem se visitar durante o sono e a espiritualidade responde que:


“Sim, e muitas outras que pensam não se conhecer encontram-se e conversam. Podes ter, sem dúvida, amigos num outro país. O fato de ir ver, durante o sono, amigos, parentes, conhecidos e pessoas que voz podem ser úteis é tão frequente que o fazeis quase todas as noites” (KARDEC, 2018, p. 161).


E Kardec vai além em comentário à questão 402:


“Os sonhos são o efeito da emancipação da alma que se tornou mais independente pela suspensão da vida ativa e de relação. Disso resulta uma espécie de clarividência indefinida, que se estende aos locais mais distantes ou que jamais se viu, e algumas vezes a outros mundos. Também vem daí a lembrança que retraça na memória os acontecimentos verificados na existência presente ou nas anteriores. A singularidade das imagens referentes àquilo que se passa ou se passou nos mundos desconhecidos, entremeadas a coisas do mundo atual, formam esses conjuntos excêntricos e confusos que parecem não ter sentido nem nexo” (KARDEC, 2018, p. 159).


Assim, essa resposta da espiritualidade demonstra uma das relações que podemos fazer com o fenômeno Déjà Vu. Nos sonhos vamos a muitos lugares, encontramos com outras pessoas que na Terra ainda não conhecemos (encarnadas ou não), mas que nos são especiais há muitas reencarnações e que se as reencontramos os laços de afeição que nos unem trazem a memória resquícios dessas vidas. O mesmo acontece em relação aos lugares que vivemos ou visitamos durante o sono.


“Categorizados por Allan Kardec como fenômenos de emancipação da alma, o sono e os sonhos são indicativos de que o Espírito encarnado nunca está inativo, ainda que mantido ligado ao corpo físico pelo perispírito: Durante o sono, apenas o corpo repousa, pois o Espírito não dorme; aproveita-se do repouso do corpo e dos momentos em que a sua presença não é necessária para atuar isoladamente e ir aonde quiser, no gozo então da sua liberdade e da plenitude das suas faculdades” (MOURA, 2022, on-line).


Portanto, tudo o que vivemos em nossas vidas passadas bem como o que vivenciamos durante o sono ficam gravados em nosso inconsciente. Desse modo o Déjà Vu seria um resquício dessas lembranças.


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REFERÊNCIAS


KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, tradução de Matheus R. Camargo. Capivari/SP: Editora EME. 2018.


LETRA ESPÍRITA. Déjà vu em uma explicação Espírita. Disponível em: https://www.letraespirita.blog.br/single-post/d%C3%A9j%C3%A0-vu-em-uma-explica%C3%A7%C3%A3o-esp%C3%ADrita. Acesso em: 30 de agosto de 2022.


MARQUES, José Roberto. O que é um déjà vu? O que a ciência e a espiritualidade têm a dizer sobre esse fenômeno? Disponível em: https://jrmcoaching.com.br/blog/o-que-e-um-deja-vu-o-que-ciencia-e-espiritualidade-tem-dizer-sobre-o-fenomeno/#:~:text=Para%20Jung%2C%20o%20d%C3%A9j%C3%A0%20vu,e%20gerar%20essa%20lembran%C3%A7a%20confusa.. Acesso em: 30 de agosto de 2022.


MOURA, Marta Antunes. O sono e os sonhos. Disponível em: https://www.carlosromero.com.br/2022/05/o-sono-e-os-sonhos.html. Acesso em: 30 de setembro de 2022.


SIGNIFICADOS. Significado de Déjà vu. Disponível em: https://www.significados.com.br/deja-vu/#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20D%C3%A9j%C3%A0%20Vu%3A&text=O%20d%C3%A9j%C3%A0%20vu%20aparece%20como,telefone%20e%20depois%20esquec%C3%AA%2Dlos.. Acesso em: 30 de agosto de 2022.


ZANELATO, Débora. O que é déjà vu? Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-deja-vu/. Acesso em: 30 de agosto de 2022.


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