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Espiritismo e Movimentos Sociais Contemporâneos: Igualdade e Justiça

Nandra Laura


O Movimento Espírita é reconhecido pelas comunidades religiosas pelo trabalho na seara da caridade. Particularmente, nas raras vezes em que pude me manifestar em um círculo de conversas, cheguei a ouvir de irmãos de outras religiões cristãs que é de conhecimento deles as doações, sejam de cestas básicas, comidas ou atividades da Casa Espírita em prol dos necessitados.

 

A curiosidade é o motivo do ato caridoso. Em virtude da falta de conhecimento da Doutrina e por preconceitos paira essa dúvida no ar: Como que irmãos que dialogam com mortos reservam um tempo para os vivos? Logo, nossa tarefa é explicar de onde vem a caridade.

 

Em algum lugar e de algum filósofo já lemos a frase que o homem não nasce bom, não é mesmo? Mas no planeta Terra, há mais de dois mil anos, Deus enviou em forma de carne um homem bondoso, amoroso e puro de coração. Esse homem deixou um legado, um rastro de luz e misericórdia. Seu nome é Jesus.

 

O Mestre, como carinhosamente é chamado, disse no Evangelho de Marcos 10:45 - “Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos”. Logo, o modelo de caridade do Espiritismo é Jesus Cristo.

 

Entretanto, o que é esse servir? O que é caridade? Encontramos a resposta em uma das obras que compõe o Pentateuco Espírita que é O Evangelho Segundo o Espiritismo. Há dois capítulos na obra que merecem nossa leitura e nos preparam para o trabalho na caridade. O Capítulo XIII – Que vossa mão esquerda não saiba o que dá a vossa mão direita e o capítulo XV – Fora da caridade não há salvação.

 

A leitura do Evangelho e as meditações sobre a Palavra não requerem pressa porque a digestão é feita pela alma e não pela matéria. Podemos ler e reler, e o Evangelho sempre se fará renovado. As palavras de hoje podem não fazer sentido em virtude do tempo chronos, mas posteriormente, no relógio de kairós fará todo um sentido.

 

Jesus passou pela Terra deixando a semente da caridade, porque é por meio dela que compensaremos uma parcela do mal que fizemos a nós mesmos e aos nossos próximos. Quando reencarnamos, temos a benção do véu do esquecimento. Ele é necessário para dar prosseguimento ao planejamento reencarnatório bem sucedido.

 

Se por vezes fomos bárbaros demais, guerreamos a ponto de não sabermos quantos matamos ou ferimos, ou não sabemos a extensão dos danos que causamos, por exemplo, assassinamos um pai de família provedor que deixou filhos na penúria, como reparar essa falta? Como reencontrar todos e auxiliá-los?

 

Às vezes nem é possível esse reencontro. E se tornaram obsessores? Inimigos? Se reencarnaram? Se reencarnaram em outros planetas? No Plano Espiritual o prejuízo não é possível ser contabilizado como fazemos na Terra, logo, nosso Irmão Maior, deixou o caminho: a prática da caridade.

 

O Evangelho Segundo Espiritismo fala de dois tipos de caridade: Material e Moral. A caridade material como o próprio nome diz é sobre despender do patrimônio para auxiliar quem necessita ou contribuir de forma pecuniária. É importante dizer que precisa ser de sentimento sincero, haja vista que não é a intenção confundir com esmola e nem buscar humilhar quem vai receber o donativo.


A caridade moral parece ser a mais simples, mas o próprio Evangelho revela que é a mais difícil de exercer, porque consiste em se suportarem umas às outras as criaturas. (KARDEC, 2023, 167). São as atitudes mais simples, ouvir quando necessitam serem acolhidas em suas dores; calar diante de palavras não tão agradáveis a respeito de sua pessoa e tantas outras maneiras que podemos nos doar de forma gratuita e genuína.

 

As Casas Espíritas têm liberdade para fazer seu trabalho de caridade. O que isso significa? Que os trabalhos não são uniformes. Uma Casa Espírita do Estado do Paraná trabalha com distribuição de cestas básicas, ao passo que outra casa espírita no Estado do Mato Grosso do Sul oferece musicalização gratuita para crianças em situação de vulnerabilidade social.

 

De um modo geral, a diretoria que compõe uma Casa Espírita observa as necessidades do bairro que está alocada ou da comunidade que participa. Além das atividades da Casa que são de estudos, trabalho mediúnico, palestras e assistência espiritual, a Casa têm outros trabalhos que são a evangelização infantil e o que ela julgar ser necessário conforme os talentos que possui, além de seus recursos. Lembremos que as Casas vivem de doações e contribuições espontâneas.

 

Por vezes, o tema chega a ser delicado porque existe uma crítica acerca do assistencialismo. Infelizmente há aqueles irmãos que julgam os que ajudam aos mais necessitados. Sejam de modo financeiro ou se compadecendo de sua dor. Para eles é difícil compreender que a caridade é o caminho da salvação. Muitos ainda não estão preparados para essa conversa.

 

Os movimentos sociais contemporâneos nas Casas Espíritas, por vezes são tímidos ou locais, mas aos olhos do Criador jamais desprezados. Jesus pediu, antes de partir para o Plano Espiritual, que cuidássemos uns dos outros quando disse para amarmos ao próximo.

 

Um prato de comida é um ato de amor. Uma doação de cobertor. Participar das atividades da Casa Espírita. Doar seu tempo e sua energia para uma atividade voluntária em um hospital, uma visita, uma conversa. Muitas vezes pensamos que um movimento deve vir de um líder, um enviado de Deus, alguém muito especial. Muitas vezes, basta que nós façamos esse movimento com o nosso próximo, mais próximo.

 

O fim da caridade não é apenas pagar o mal com o bem, mas também restabelecer algumas Leis Divinas e, dentre elas, a de Igualdade e Justiça. Cientes de que o mundo é de provas e expiações e não são todos que serão abarcados com oportunidades igualitárias, podemos nos auxiliar mutuamente.

Quando é possível trabalhar na seara do bem, utilizando dos próprios talentos e podendo proporcionar ao próximo que seus talentos também não sejam enterrados isso alegra o coração do Criador.  

 

Que sejamos revolucionários no serviço da caridade, trazendo movimento ao Espiritismo com o fim de ajudar aos irmãos e irmãs esquecidos ou prejudicados por aqueles que deveriam lhes proporcionar igualdade e justiça na Terra.

 

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Referências

1- O Evangelho Segundo o Espiritismo / Allan Kardec; – [tradução Guillon Ribeiro] – 1ª edição nov. 2023 – Campos dos Goytacazes-RJ: Editora Letra Espírita.

2- https://www.bibliaonline.com.br/acf/mc/10, acesso em 24 de novembro de 24 às 16:40.


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