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Filho De Um Estupro, Como Aceitar?


Helena Kolbe

“Bem aventurados os aflitos”. Sem a certeza do porvir, essa máxima seria um engodo (Evangelho Segundo Espiritismo, cap V ítem 3).


Um tema delicado e um tanto polêmico. Os sentimentos de revolta, raiva, tristeza vem à tona. É normal quando temos, dentro de nós, o senso de justiça. É algo inaceitável, porém ele existe, faz parte do nosso nível de elevação planetária. E uma das consequências desse ato é a gravidez.


Sabemos que somos espíritos, que precisamos reencarnar para nossa evolução. Mas, dessa forma, como aceitar a vinda de um espírito ao mundo, ter a obrigação de cuidar e, pior! de AMÁ-LO? Serão nove meses e depois, o resto da vida, olhar para o filho lembrando do estupro. É mais fácil usar a lei dos homens e interromper a gestação. Será? Como justificar um crime com outro crime? A mulher, muitas vezes, não consegue nem discernir o que está acontecendo, quem dirá pensar se quer mesmo abortar. É julgada e criticada, não importa sua decisão. Nós somos espíritos numa experiência material, logo, a carga genética pouco importa.


Nos esclarece, O Livro dos Espíritos, na questão 203, sobre parentesco e filiação, que os pais só dão a vida animal (ou seja, o corpo físico) e a alma é indivisível, sendo possível “pais obtusos terem filhos inteligentes e vice-versa”.


O algoz terá sua consequência, será julgado pela lei dos homens, terá um débito na espiritualidade que será cobrado. Aqui, no momento, não nos cabe falar sobre os possíveis problemas clínicos do abusador, nem sobre processos obsessivos, pois ninguém em sã consciência teria uma atitude tão horrenda.


Sabemos que Deus é amor e infinita misericórdia. Sabemos também, que, por estarmos num planeta “hospital-escola”, no fundo ninguém é vítima, estamos todos ligados por afinidades ou por necessidade de reajustes. Em um leque de possibilidades, pode ser que, o espírito reencarnante, seja um desafeto dessa mulher e, por estarem ligados por sentimentos não muito nobres, após a violência sofrida, ele foi, magneticamente, atraído pela fecundação. Sabemos também que estamos sempre com o amparo dos espíritos de luz, ninguém foi criado para fazer ou sofrer o mal, e está aí uma grande oportunidade de evolução. Um salto para a reforma íntima. Pois só o amor quebra um ciclo de tristezas e mágoas. É possível também, pela graça divina, receber a alegria de ter um reencarnante que seja luz na vida dessa mulher, um espírito benevolente, que venha desse caos, para proporcionar a ela uma vida preenchida de felicidades. Pois Deus, de todo mal, tira um bem.


Independente do espírito ser um amigo ou um desafeto, agora ele está indefeso e em processo de evolução, assim como todos nós. É a oportunidade de melhora, de resignação, de aprender tantas coisas boas, de ser melhor, de agradecer.


Caso a decisão seja somente em deixar a criança vir ao mundo, já é uma grande caridade, já é uma benfeitoria em deixá-lo prosseguir com sua evolução. A mulher tem o livre arbítrio de decidir não ficar com a criança, caso não sinta amor. Ninguém tem obrigação de amar ninguém. As feridas e cicatrizes serão fechadas com o tempo. Só de não abortar já é um grande feito, além de não contrair débitos.


Segundo o Livro dos Espíritos, Kardec, na questão 621, pergunta “onde está escrita a Lei de Deus?” e os imortais respondem “na consciência”. Reforçando o livre arbítrio e a ideia de que não nos cabe julgar a decisão alheia.


Vale ressaltar a oportunidade dessa mulher evoluir espiritualmente, ressignificar pensamentos, atitudes. Colocar em prática o que conhece sobre amor ao próximo. Esses nove meses serão um ensejo de criar um vínculo de amor com esse ser, afinal, é uma vida se formando, é um capítulo novo a ser reescrito uma história de amor maravilhosa que será eternizada.


A sociedade (aqui cabe familiares e amigos) tem o dever de acolher essa mulher, de ampará-la até o final dessa gestação. O ideal é amparar, inclusive, o bebê. Ajudar, essa família que está em formação, sempre. É certeza de momentos felizes. É a comprovação do amor infinito de Deus e seguir suas Leis, já que, também em O Livro dos Espíritos, os amigos do infinito nos fala, no capítulo Vll, das leis de sociedade e laços de família.


“(...) Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família mais apertados tornam os primeiros.”


Sendo assim, por mais doloroso que seja passar por tal infelicidade, pensemos em como transformar em algo positivo, afinal, dentro de uma simples e, aparentemente, pedra feia, surge triunfante, após ser lapidado e esculpido, com paciência e perseverança, um lindo diamante, refletindo toda sua luz.


Que o amor de Deus e os ensinamentos de Jesus possam guiar-nos por nossos caminhos.


Referências Bibliográficas:

ESTUPRO e Aborto na Visão Espírita. [S. l.], 2003. Disponível em: http://nossolarcampinas.org.br/site/wp-content/uploads/2015/02/Estupro-e-aborto-na-visao-espirita.pdf. Acesso em: 10 jun. 2020.

ESTUPRO: a visão espírita. [S. l.], 8 abr. 2008. Disponível em: https://se-novaera.org.br/estupro-a-viso-esprita/. Acesso em: 10 jun. 2020.

POR QUE decidi ter o filho do meu estuprador. [S. l.], 8 ago. 2018. Disponível em: https://www.espiritismo.net/por_que_decidi_ter_o_filho_do_meu_estuprador_comentario_espirita. Acesso em: 10 jun. 2020.

Kardec, Allan. Livro dos Espíritos. Ed FEB, da lei divina ou natural e lei da sociedade. Edição 93

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