O Espiritismo e a vida familiar: ensinamentos sobre relações e compromissos
- editoraletraespiri
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Gepherson Espínola
Quis a Misericórdia Divina que a reencarnação se constituísse como mecanismo de renovação, recomeço e reconfiguração para todos os Espíritos em evolução que em suas passagens no mundo físico, ligados a um corpo somático, não conseguiram guardar e bem vivenciar os Ensinamentos Divinos, muito bem estabelecidos e exemplificados pelo Divino Farol, o Mestre Jesus. Junto a uma nova oportunidade de refazimento e burilamento espiritual, em uma nova vivência no corpo físico, com vistas à evolução e (re)harmonização do ser, são agregados Espíritos Afins no mesmo seio familiar, com necessidades de aprendizagens e experiências em comum. Estes Seres, via de regra, estabeleceram elos de fraternidade e amorosidade em pretéritas experiências ou se vincularam por sentimentos não nobres como o ódio, a raiva e o ressentimento, por exemplo. O esquecimento do passado, uma nova reencarnação e a convivência familiar entre esses Seres facultam, pois, uma nova chance de entendimento, de perdão, de superação de desavenças e de depuração íntima, potencializado a construção genuína e desinteressada do amor.
O estudo de O Livro dos Espíritos, questões 386 a 391, revela as antipatias e simpatias terrenas, associando-as aos princípios invioláveis de sintonia e afinidade que associam e dissociam criaturas, e que também podem explicar aproximações e distanciamentos entre membros da mesma família. Já O Evangelho Segundo o Espiritismo ensina que existe o parentesco corporal e o parentesco espiritual. No primeiro o que prevalece é a consanguinidade, os laços são frágeis e temporários como a matéria, portanto é constituído por necessidades de realinhamento e reparação, uma vez que não há elos profundos de identidade. Enquanto que no parentesco espiritual os Espíritos se apoiam melhor, unem-se mais à medida que se purificam e permanecem ligados no Mundo Espiritual, para além desta experiência terrena. Isto explica, por exemplo e respeitadas outras explicações causais, o porquê de pessoas de famílias distintas se darem tão bem e serem tão parecidas e ligadas. E, de modo oposto, o porquê de muitas arestas a serem aparadas e desafios a serem superados nas relações entre alguns membros da mesma família. Kardec (2023) também instrui que pelo caráter das provações (e por que não dizer das dificuldades nas relações), é possível fazer ilações e ter pistas sobre os equívocos pretéritos cometidos frente às necessidades atuais de aprendizagens.
O Benfeitor Espiritual Emmanuel, através da mediunidade de Chico Xavier, chama atenção para a superação das aversões renascentes no seio familiar e aconselha que somente o amor pode superá-las. Sublinha que é preciso dissolver as sombras do passado que se projetam nas relações do agora, em meio aos conflitos e as diferenças familiares, através da rearmonização das criaturas e da superação das vibrações desequilibradas e enfermiças (XAVIER, 2010). A Benfeitora Espiritual Joanna de Ângelis, pela mediunidade de Divaldo Franco, defende que o lar e a família constituem excelentes educandários que possibilitam ajustes, reajustes e reabilitações para antipatias e agressividades de quaisquer naturezas entre os Espíritos reposicionados e reconvocados à convivência terrena no mesmo seio familiar.
O lar, na Terra, é um bendito laboratório para as experiências inabordáveis da evolução do Espírito. Por sua vez, a família constitui o campo sublime de realizações intelecto-morais, no qual, ressurgem os labores que ficaram interrompidos pela imprevidência e agressividade, aguardando futura regularização. Isto porque, ninguém desrespeita os Soberanos Códigos da Vida, sem que não seja chamado à reparação inadiável (FRANCO, 2019, p. 121).
Para a Doutrina Espírita, as famílias são células benditas de aperfeiçoamento, de superação do egoísmo, de organização social, de progresso, de regeneração e de crescimento espiritual. Nelas o ser reencarnado tem a chance de se reconciliar consigo e com os seus adversários, que tantas vezes foram trasladados pela Sabedoria Divina como um ente querido, como um membro da família (em qualquer posição: mãe, pai, irmãos, tios, avós, primos, cônjuges etc.) pelas vias bondosas do renascimento, da reencarnação. E é desta convivência beneficiada pelo esquecimento do passado que surgem cotidianas e valiosas oportunidades de entendimento e superação entre Espíritos compromissados, membros de uma mesma família terrena. Não à toa o Cristo assevera “Reconcilia-te com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele” (Mateus, 5:25). Dissolver as mágoas, melhorar o convívio e suavizar as relações familiares deve ser, portanto, um compromisso espírita-cristão.
Para Kardec (2023) a volta de Espíritos antipáticos ou estranhos na mesma família não é apenas uma prova, como também um meio de progresso, dado que os mais atrasados, em convivência com os bons, pouco a pouco, melhoram. O Benfeitor Espiritual Neio Lúcio, através de Chico Xavier, afirma que o berço doméstico é a primeira escola e que dele depende o bem viver na vida em comum (XAVIER, 2015). A Benfeitora Espiritual Meimei, também através da mediunidade de Chico Xavier, considera que as maiores dificuldades de relacionamento não estão na vida em sociedade, mas entre os membros da mesma família e exorta a necessidade de entendimento, de tolerância, de paciência, de bondade e de compadecimento com estes, para que estes também tenham contigo (XAVIER, 1982).
A possibilidade de convívio e de trocas entre Espíritos Afins e/ou compromissados no mesmo ambiente familiar devem potencializar a construção da amorosidade, da compreensão, do perdão e pavimentar os caminhos do coração para o alcance da ideia de família universal que Jesus trouxe e incentivou. As famílias, em tese, são propulsoras da evolução moral e espiritual quando estão funcionais, quando são permeadas pelo diálogo, pelo respeito, pela tolerância, pela compreensão, pelo acolhimento, pela união, pelo amparo mútuo e pelo amor. O fortalecimento dos laços familiares, a atenuação dos conflitos internos e a superação das diferenças fortalecem as criaturas para as travessias necessárias e típicas deste lar maior, deste educandário bendito, com criaturas tão diversas, chamado de Terra.
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Referências:
FRANCO, Divaldo P. Iluminação interior. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 3ª ed. Salvador: LEAL, 2019.
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª edição Campos dos Goytacazes/RJ: Editora Letra Espírita, 2023.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Campos dos Goytacazes/RJ: Editora Letra Espírita, 2022.
XAVIER, Francisco Cândido. Amanhece. Por Espíritos Diversos. São Bernardo do Campo: GEEM, 2010.
XAVIER, Francisco Cândido. Jesus no lar. Pelo Espírito Neio Lúcio. 37ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2015.
XAVIER, Francisco Cândido. Palavras do coração. Pelo Espírito Meimei. 1ª ed. São Paulo: CEU, 1982.
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