O Espiritismo e o enfrentamento das crises pessoais e coletivas
- editoraletraespiri
- 2 de jul.
- 4 min de leitura

Sthephannie Silva
Ao abordar crises pessoais e coletivas, o Espiritismo oferece ferramentas práticas e conceituais para enfrentá-las, promovendo crescimento Espiritual e harmonia.
As crises, sejam individuais ou coletivas, são compreendidas pelo Espiritismo como oportunidades de aprendizado e evolução. Segundo a Doutrina Espírita, as dificuldades da vida não são castigos, mas consequências naturais das Leis Divinas que promovem o progresso espiritual.
As crises que afetam sociedades inteiras, como pandemias, guerras ou desastres naturais, são vistas como experiências coletivas destinadas a despertar na Humanidade valores mais elevados como solidariedade, empatia, caridade, responsabilidade coletiva e respeito às Leis Naturais.
No curso da evolução, o Espírito encarnado é de vez em quando submetido a exames pela vida com o fim de verificar o aproveitamento na posição em que se acha.
Criam-se situações em torno do indivíduo envolvendo algumas de suas fraquezas de maneira a despertá-lo. Situações que estimulam fraquezas (ou impulsos inferiores) são denominadas tentações.
A tentação é a situação que revela a posição do Espírito - mostra o que somos, de acordo com as nossas tendências. Liga-se sempre a uma fraqueza, ou seja, a um impulso ao qual temos dificuldade para resistir: somos tentados onde somos fracos. Por exemplo: a bebida, o sexo, o jogo, o furto, etc.
A prova é um exame que consiste em ser submetido a uma tentação para avaliar o progresso realizado e sua firmeza. A Lei (vida) prepara as situações de prova, como dizia Adler, nas quais o sujeito, sofrendo uma tentação, passa por uma prova. Esta tem de ser enfrentada e vencida; muitos fogem e são derrotados (RIZZINI, 2003, p.157- 158).
O enfrentamento das provas e das expiações é mais meritório para o Espírito conforme sua resignação, de maneira a torná-las mais proveitosas a sua evolução.
Para sermos resignados precisamos aprender a não lamentar a nossa sorte e a aceitar com submissão paciente os sofrimentos da vida.
Pelo que já entendemos do valor que representa o sofrimento, no burilamento do nosso Espírito, nas ações corretivas ao nosso orgulho, como colheita dos males que tenhamos plantado ontem, é a resignação o melhor testemunho da nossa compreensão, a melhor prova do nosso amor a Deus.
Nada nos acontece por acaso, e nos dói exatamente no local onde mais carecemos de remédio. Onde somos atingidos pelo sofrimento é também onde mais necessariamente a corrigenda deve ser feita (PERES, 2007, p. 130).
No Espiritismo, acreditamos que antes de reencarnarmos escolhemos certas provas e desafios que enfrentaremos na vida terrena, em conjunto com nossos Mentores Espirituais; essas escolhas são feitas com o objetivo de acelerar nosso progresso espiritual, corrigir erros passados e desenvolver virtudes.
Entretanto, a liberdade de escolha não se limita ao Plano Espiritual, as decisões tomadas durante a vida também influenciam as experiências e podem agravar ou aliviar o peso das provas.
258. Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrena?
“Ele próprio escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre-arbítrio” (KARDEC, 2022, p. 168).
399. Sendo as vicissitudes da vida corporal expiação das faltas do passado e, ao mesmo tempo, provas com vistas ao futuro, seguir-se-á que da natureza de tais vicissitudes se possa deduzir de que gênero foi a existência anterior?
“Muito amiúde é isso possível, pois que cada um é punido naquilo em que pecou. Entretanto, não há que tirar daí uma regra absoluta. As tendências instintivas constituem indício mais seguro, visto que as provas por que passa o Espírito o são, tanto pelo que respeita ao passado, quanto pelo que toca ao futuro” (KARDEC, 2022, p. 212).
Essa visão não elimina a importância do livre-arbítrio nem isenta o Espírito da responsabilidade por suas ações, destaca que mesmo diante de provas escolhidas, cada pessoa pode reagir de maneira elevada ou negativa, influenciando diretamente seu progresso.
“Infortunados estão aqueles que traíram a consciência e se enganaram, a si mesmos, não se dando conta do delito apesar do apelo da razão que desperta e deseja fixar-se vitoriosa sobre o instinto”. [...] “Assim, a dor e o agravo, a angústia e o desespero são vigorosas terapêuticas da vida para que o enfermo espiritual inveterado se preocupe com a cura real e se volte em definitivo para os elevados objetivos da Vida Maior, em cujo rumo se encontra desde agora, lá chegando quando a desencarnação o despir da transitória indumentária em que marcha tentando a felicidade que só mais tarde alcançará depois de resgatados os compromissos atrasados” (FRANCO, 1992, p. 64-66).
Sob a luz do Espiritismo, essas explicações são compreendidas como parte de um processo maior, onde cada dificuldade traz consigo lições valiosas e chance de crescimento, sendo possível enfrentar as adversidades com coragem, sabedoria e esperança. Mais do que enfrentar, o Espiritismo nos ensina a transformar as crises em degraus de progresso, individuais e coletivos, promovendo a harmonia e contribuindo para um mundo mais justo, solidário e iluminado pelo Amor Divino.
============
Referências:
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. Campos dos Goytacazes/RJ: Editora Letra Espírita.2022.
PERES, Ney Prieto. Manual Prático do Espírita. São Paulo: Pensamento, 14ª. ed. 2007.
RIZZINI, Carlos Toledo. Evolução para o Terceiro Milênio - tratado psíquico para o homem moderno. Sobradinho-DF, Edicel, 15ª ed., 2003.
FRANCO, Divaldo Pereira. Após a Tempestade, pelo Espírito Joanna De Ângelis. Salvador/BA: LEAL.1992.

Conheça o Clube do Livro Letra Espírita, acesse www.letraespirita.com.br e receba em sua casa os nossos lançamentos. Ajude a manter o GEYAP – Grupo Espírita Yvonne do Amaral Pereira.
Comments