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O Poder do Passe de Cura


Diego Falcão


Ao longo de milênios, o poder de cura fascina os homens. A possibilidade de reversão das doenças, que nos deixam à mercê da Providência, levou a humanidade a inserir diversos elementos ritualísticos e culturais em seus tratamentos. O intuito dessa atitude seria descobrir a fórmula supostamente mágica da saúde. Assim, cada coletividade passou a apresentar a sua verdade no que concerne os tratamentos físicos e espirituais.


Desse modo, diante da recuperação de seus entes, uns rendiam graças aos poderes supremos do mundo de maneira superficial e externa; outros sobrepujavam apenas os avanços do conhecimento humano de forma presunçosa. Assim, com alternâncias entre a exacerbação da ritualística e o vazio absoluto do materialismo, caminhou a humanidade em passos trôpegos rumo à evolução.


Contudo, ao longo dos séculos, à exceção dos cegos voluntários, os homens foram constrangidos a atestar a ineficácia de certos padrões de comportamento. De igual sorte, a medicina passou a encontrar-se em situações constrangedoras por não ter a capacidade de explicar as causas e, muito menos, como se deu o restabelecimento de determinados casos.


Eis a relevante contribuição do Espiritismo: ao extrair toda carga ritualística desnecessária das práticas espiritualistas, fomentou o estudo sério sobre a natureza do perispírito e suas funções, bem como sobre o fluido cósmico universal e suas variações. Ademais, a doutrina do Cristianismo redivivo se aprofundou nas possibilidades de manipulação fluídica, seja de forma exclusiva de quem a pratica, a exemplo dos magnetizadores, seja de maneira assistida, como nos casos de passes mediúnicos. Vejamos o que assevera Allan Kardec no livro A Gênese:

Os espíritos agem sobre os fluidos espirituais, não os manipulando como os homens manipulam os gases, mas por intermédio do pensamento e da vontade. O pensamento e a vontade são, para o espírito, o que a mão é para o homem. Pelo pensamento, eles imprimem aos fluidos esta ou aquela direção; eles os aglomeram, combinam ou dispersam. Formam com eles conjuntos que têm uma aparência, forma e cor determinadas. Mudam suas propriedades assim como um químico muda as do gás ou de outros corpos, combinando-os de acordo com certas leis. É o grande ateliê ou laboratório da vida espiritual. (KARDEC, 2020, p. 190)


É importante mencionar que a manipulação fluídica não é capacidade exclusiva dos Espíritos desencarnados. Todos os Espíritos, independentemente de sua imersão na matéria ou na erraticidade, possuem habilidades de modificar o seu entorno através da moldagem de seu pensamento.


Essa ação direta dos Espíritos encarnados e desencarnados possui relevantes consequências na convivência dos homens. Se os fluidos são veículos das emanações da mente humana e estas podem modificar as propriedades daqueles, é importante perceber que é possível submetê-los à impregnação de qualidades boas ou más do pensamento (KARDEC, 2020).


Portanto, implica frisar que os maus pensamentos impregnam os fluidos do ambiente, assim como a poluição prejudica o ar respirável. Em contrapartida, os bons Espíritos são capazes de influenciar na leveza do ambiente, a depender do grau evolutivo de cada um (KARDEC, 2020).


Destarte, eivando os fluidos da circunvizinhança através do pensamento, o ser humano é capaz de promover, ainda que indireta e inconscientemente, verdadeiros passes magnéticos curativos impressionáveis aos olhos da medicina moderna. Portanto, a prece de uma mãe pela recuperação de seu filho, ou o simples afago paternal com ternura ou mesmo a imposição de mãos em um Centro Espírita são evidentes exemplos desses poderes do Espírito.


Importante mencionar que há uma clara distinção entre os tipos de ação magnética, isto é, de transmissão fluídica: o magnetismo propriamente dito ocorre quando os fluidos transmitidos são oriundos do próprio magnetizador, ou seja, sem qualquer interferência de terceiros, sejam eles encarnados ou desencarnados.


Observa-se o fenômeno do magnetismo espiritual quando a transmissão fluídica acontece de Espíritos desencarnados diretamente para o assistido, igualmente sem intermediários.


Por fim, há o magnetismo misto ou semi espiritual, mais conhecido no meio espírita como passe. Nota-se tal fenômeno quando os Espíritos despejam sobre o magnetizador, que serve de condutor intermediário, os fluidos espirituais que, mesclados com os fluidos inerentes ao médium, confere a este as qualidades necessárias para promover o alívio balsamizante ou até mesmo a cura, a depender das peculiaridades de cada caso (KARDEC, 2020).


Ao considerar a natureza de cada transferência fluídica, pode-se observar que, no magnetismo puro, ao utilizar exclusivamente a energia do transmissor, este termina o trabalho mais exausto. Já no passe, os Espíritos amplificam e direcionam os fluidos do médium com o escopo de melhor alcançar as faixas vibracionais do assistido. Nesse caso, após a atividade, o passista sente-se renovado, ao invés de cansado.


É válido mencionar que, não obstante o esforço dos passistas, magnetizadores ou bons Espíritos, os fluidos salutares só conseguirão envolver o assistido se este mantiver as vibrações compatíveis para recepcionar tais energias renovadoras. Caso contrário, haverá repulsão natural de todo e qualquer fluido contrário à faixa vibracional do solicitante do passe. É uma questão de mera afinidade (JACINTHO, 2001).


Conforme o excerto acima destacado, afere-se a eficácia de qualquer remédio pela qualidade da relação entre transmissor e receptor. Vejamos o que nos traz o Evangelho de Lucas:


Então Jesus, parando, mandou que lho trouxessem; e chegando ele, perguntou-lhe, dizendo: que queres que te faça? E ele disse: Senhor, que eu veja. E Jesus lhe disse: Vê, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguia-o, glorificando a Deus. E todo o povo, vendo isto, dava louvores a Deus. (BÍBLIA, Lucas 18:40-43)


Portanto, é de bom alvitre ressaltar que a cura reside dentro de nós. Precisa-se orar e vigiar sempre para permanecer receptivo aos bons fluidos dos magnetizadores, dos passistas ou dos Espíritos amigos, alcançando assim a almejada cura dos males do corpo e da mente.

REFERÊNCIAS


BÍBLIA. N. T. Mateus. In. Bíblia. Português. O Novo Testamento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Trad. de João Ferreira de Almeida. 4. ed. Campinas: Geográfica Editora, 2011. p. 16


JACINTHO. R. Passe e Passista. 15 ed. São Paulo: Editora Luz no Lar, 2001.


KARDEC. A. A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Trad. de Cristina Florez. 1 ed. Capivari: EME, 2020.


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