Prece: Uma Conexão com Deus
Ana Paula Januário
“A forma nada vale, o pensamento é tudo. Ore, pois, cada um segundo suas convicções e da maneira que mais o toque. Um bom pensamento vale mais do que grande número de palavras com as quais nada tenha o coração.”
(Allan Kardec – ESE-Cap. XXVIII)
Como consta no livro “A Prece Segundo o Espiritismo” por Allan Kardec:
A prece é uma invocação: por ela nos pomos em relação mental com o ser a que nos dirigimos. Ela pode ter por objeto um pedido, um agradecimento ou um louvor. Podemos orar por nós mesmos ou pelos outros, pelos vivos ou pelos mortos. As preces dirigidas a Deus são ouvidas pelos Espíritos encarregados da execução dos seus desígnios; as que são dirigidas aos Bons Espíritos vão também para Deus. Quando oramos para outros seres, e não para Deus, aqueles nos servem apenas de intermediários, de intercessores, porque nada pode ser feito sem a vontade de Deus”.
O objetivo da prece é elevar nossa alma a Deus como consta no Evangelho Segundo o Espiritismo, seja por meio de palavras ou do pensamento, realizada tanto em particular como em público. A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar nele; é aproximar-se dele; é pôr-se em comunicação com ele (KARDEC, 2008, questão 659).
Tendo em mente essas informações, a prece é sempre uma projeção do pensamento que estabelece uma corrente fluídica que depende do seu teor vibratório, ou seja, depende da vibração de quem ora. Acaba sendo refúgio, a calma, o reconforto para muitas pessoas aflitas, de corações magoados. Quem nunca fez uma oração direcionada a Deus, ou a Jesus, o Cristo, ou, ainda, para nosso Espírito Protetor, nosso Anjo da Guarda? Nesses momentos sabemos que podemos contar com eles, sabemos que estamos sendo ouvidos e no momento certo no santuário da consciência, uma voz secreta responde: É a voz dAquele donde dimana toda a força para as lutas deste mundo, todo o bálsamo para as nossas feridas, toda a luz para as nossas incertezas. E essa voz consola, reanima, persuade; traz-nos a coragem, a submissão, a resignação estóicas. E, então, erguemo-nos menos tristes, menos atormentados; um raio de sol divino luziu em nossa alma, fez despontar nela a esperança (DENIS, 2005).
Devemos lembrar que sempre podemos ter esse momento íntimo com Deus, dirigir a palavra e adquirir a tranquilidade para aquele momento, seja em casa, na rua ou dentro de um centro espírita. Não importa o local na qual se encontre, a prece faz com o ser entre em comunhão com Deus a fim de receber seu auxílio e proteção.
Em consequência disso, vale lembrar que não necessitamos utilizar palavras pomposas, ser formal para realizar uma prece. Como consta na coletânea de preces espíritas do Evangelho Segundo o Espiritismo no capítulo XXVII:
“A principal qualidade da prece é ser clara, simples e concisa, sem fraseologia inútil, nem luxo de epítetos que não são enfeites de brilho falso. Cada palavra deve ter a sua importância, revelar uma ideia, movimentar uma fibra: uma palavra, deve fazer refletir; só com essa condição, a prece pode alcançar o seu objetivo, de outro modo, não é senão ruído. Vede também com que ar de distração e volubilidade elas são ditas na maioria das vezes; veem-se lábios que se movimentam, mas, pela expressão da fisionomia e mesmo o som da voz, reconhece-se um ato maquinal, puramente exterior, ao qual a alma permanece indiferente”.
Em consequência disso, a prece também não deve ser uma ação engessada, repetir palavras, fórmulas determinadas, um movimento mecânico de lábios. A prece é vibração, energia, poder. A criatura que ora, mobilizando as próprias forças, realiza trabalhos de inexprimível significação. Semelhante estado psíquico descortina forças ignoradas, revela a nossa origem divina e coloca-nos em contato com as fontes superiores. Dentro dessa realização, o Espírito, em qualquer forma, pode emitir raios de espantoso poder (XAVIER, 2004).
Como sempre falamos, Deus que é justo e misericordioso, nunca deixa uma prece sem resposta. Devemos ter em mente que uma oração, filha do amor, não é apenas uma súplica, é comunhão entre o Criador e a criatura, constituindo, assim, o mais poderoso influxo magnético que conhecemos (XAVIER, 2004). Portanto, manter um hábito constante e diário para realizar uma prece a Deus e nossos amigos espirituais, é de suma importância para saúde, principalmente mental. Além de atrair o auxílio de espíritos benfeitores que vem nos sustentar e inspirar-nos bons pensamentos, sejam eles através da intuição ou da inspiração.
Quando oramos temos a capacidade de emitir vibrações mentais que acabam se espalhando pelo ambiente por meio das correntes do pensamento e emitindo o bem para nossos semelhantes.
Dessa forma, que a cada dia possamos colocar em prática essa ação, possamos entrar em contato com Deus e perceber a eficácia, efeitos e resultados obtidos, como citar Chico Xavier no livro Missionários da luz pelo espírito André Luiz:
“Os [...] raios divinos, expedidos pela oração santificadora, convertem-se em fatores
adiantados de cooperação eficiente e definitiva na cura do corpo, na renovação da
alma e iluminação da consciência. Toda prece elevada é manancial de magnetismo
criador e vivificante e toda criatura que cultiva a oração, com o devido equilíbrio do
sentimento, transforma-se, gradativamente, em foco irradiante de energias da Divindade”.
REFERÊNCIAS
Centro Espírita Nosso Lar: O poder da Prece, 2019. Disponível em: https://nossolarfraiburgo.com.br/o-poder-da-prece-2/ Acesso em 30 nov. 2021.
DENIS, Léon. Depois da morte. Tradução de João Lourenço de Souza. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Quinta parte, cap. 51 (A Prece), p. 295.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 177. ed. São Paulo: Ide, 2008. 214 p.
KARDEC, Allan. A prece segundo o espiritismo. 1. ed. Rio de Janeiro: CELD, 2016.
XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da luz. Pelo Espírito André Luiz. 38. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 6 (A oração), p. 83 e 84
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