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Rejeição e Abandono Familiar : Como Praticar o Perdão


Graziele Cruzado


Como nos disse Emmanuel em psicografia de Chico Xavier: “De todas as associações existentes na Terra – excetuando naturalmente a Humanidade – nenhuma talvez seja mais importante em sua função educadora e regenerativa do que a constituição da família”.


Muitas vezes encarnamos entre espíritos conhecidos e amigáveis à nós, porém, como estamos em um planeta de provas e expiações, nem sempre é dessa forma. De acordo com O Evangelho Segundo o Espiritismo, no Cap. XIV:


“Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer se­jam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação.”


Nem sempre é fácil lidar com a família próxima. Muitas vezes somos muito diferentes, ou simplesmente incapazes de compreender a outra pessoa e seus modos de agir e pensar. Comumente, essa dificuldade em se conectar com o outro, no núcleo familiar, gera abandono, rejeição e brigas constantes. Há casos ainda, em que a convivência de ambos os espíritos é negada antes mesmo do nascimento, casos de abandono completo dos pais, por exemplo.


Porém, nós espíritas sabemos que a família é a maior e melhor fonte de aprendizado para nossa alma. E, mesmo considerando os mais variados casos de problemas familiares, devemos nos ater a isso, e buscar a compreensão e principalmente, o perdão, quando somos rejeitados, ou abandonados. A doutrina espírita nos mostra a família como sendo o centro principal de libertação e aprendizado para nós.


De acordo com o Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap.4 item 19:


“Deus permite, nas famílias, essas encarnações de Espíritos antipáticos ou estranhos, com o duplo objetivo de servir de prova para uns, e de progresso para outros. Assim, os maus se melhoram pouco a pouco, ao contato dos bons e por efeito dos cuidados que destes recebem. O caráter deles se abranda, seus costumes se apuram, as antipatias se apagam. É desse modo que se estabelece a fusão entre as diferentes categorias de Espíritos, como se dá na Terra com as raças e os povos.”


Podemos até nos perguntar: não seria melhor se nunca nos encontrássemos novamente com nossos desafetos para assim evoluirmos sem tantas turbulências? A resposta é óbvia: Não. Precisamos nos encontrar, e precisamos conviver e aprender a perdoar, e a ter harmonia com todas as pessoas, pois, do contrário, jamais quebraremos os laços de aversão que um dia foram criados. Para nos curarmos precisamos nos harmonizar, com nós mesmos e com nossos desafetos.


Em nossa caminhada evolutiva, vamos acumulando débitos e créditos. Vamos adquirindo aprendizados, e convivências. Através de nossas sucessivas reencarnações, vamos aprendendo, portanto, a fazer o bem. Como sabemos, o convívio familiar tende a ser um dos mais complicados para muitas pessoas. A comunhão constante tende a ser um pilar da dificuldade, pois além de tudo, temos que lidar com todas as manias, opiniões e defeitos do outro.


Muitas vezes encontramos em nós uma aversão a uma determinada pessoa sem nenhuma razão aparente, e a convivência se torna quase insuportável. Quando essa pessoa é próxima de nós por razões consanguíneas, é ainda mais importante que prestemos atenção a esse sentimento. Precisamos estar atentos aos sentimentos negativos que emergem de nós, para poder podá-los. Precisamos aceitar que também temos defeitos, e aceitar o outro e aprender a perdoar, mesmo quando não entendemos bem a razão.


Aqui estamos, encarnados para aprendermos a conviver em harmonia, e a superar a nós mesmos e nossos erros do passado todos os dias.


Por essa razão, não devemos tentar “escapulir” da nossa responsabilidade com nós mesmos de melhorar: devemos perdoar nossos familiares, embora tal feito seja sim, difícil, e acima de tudo, perdoar a nós mesmos, pelas nossas ações do passado, ou por talvez não ser capaz hoje de manter contato com aquele espírito determinado. Segundo a UEM (União espírita mineira): “Temos nos familiares os laços de elevação e de alegria que já conseguimos tecer, mas também as algemas de constrangimento e aversão, para serem desfeitas à custa de trabalho e sacrifício.”1