É POSSÍVEL SER FELIZ SOZINHO
Carla Silvério
Quando em fala em viver sozinho ou em estar sozinho, imediatamente vem à mente a palavra solidão.
Mas, qual o conceito correto de solidão? Devemos entendê-la como sendo algo absolutamente prejudicial?
A solidão não dever ser vista apenas sob o ponto de vista negativo. Há muita utilidade e necessidade ao desenvolvimento saudável do ser humano, inclusive em seu aspecto espiritual da existência.
Quando entendida pela ótica da edificação do ser humano, a solidão se transforma em solitude e contribui sobremaneira para a edificação e evolução do Espírito.
O “estar solitário” representa grande patrimônio do homem. Como Espíritos em marcha evolutiva, todos nós somos criaturas solitárias. O caminho é percorrido de forma individual e assim também considerado em relação aos méritos e equívocos vivenciados.
Para um desenvolvimento sadio da personalidade se faz necessário desfrutar de momentos de solitude, justamente para que se consiga o contato consigo e o conhecimento íntimo de si.
Ensina-nos Joana de Ângelis que é no silencio da solitude que se pode encontrar a Deus.
Deve-se buscar a solidão da solitude para autoconhecimento, cuidado consigo mesmo, com a mente.
Leituras edificantes, meditações, o exercício da prece, como também momentos de lazer são fundamentais para desfrutar da companhia de si mesmo.
No silêncio da solitude, buscamos, ainda, a identificação do “Eu”.
Aprender a ter prazer ao desfrutar da própria companhia é uma das posturas assertivas que devemos tomar perante a vida.
Não há qualquer problema em viver sozinho e ainda sim sentir-se bem.
O que devemos refletir com atenção é se o isolamento se funda no medo de enfrentar os momentos de solidão, naturais da existência humana, ou ainda, se o ato de distanciar-se das pessoas é intencionado no impulso de não se ter o convívio social. Nesses casos, a solidão deixar de ser solitude e passa a ter nuances patológicos preocupantes, pois não conseguir ficar sozinho consigo sem que isso gere sentimentos angustiantes é sinal de alerta.
Para o mundo conectado da sociedade contemporânea, estar sozinho e sentir-se bem assim, ou até mesmo querer momentos de introspecção e de solidão soa como algo equivocado, como problemático.
Gera estranheza, por exemplo, alguém tomar a iniciativa de ir a um restaure, ou ao cinema, sozinho. Para os olhos sociais, essa pessoa solitária ou é digno de pena ou de chacota.
Contudo, o que muitos ainda não conhecem e não conseguem identificar na solutide é justamente a liberdade de estar consigo e o quão completo o indivíduo se descobre justamente na solidão da solitude.
Aprender os prazeres solitários da vida nos liberta da obrigação de estarmos na companhia de alguém que por vezes não nos deixa confortável, não sendo ao fim, saudável, edificante.
Nas interações sociais e familiares, de um modo geral, o ser humano se vê compulsoriamente na obrigação de abrir mão de si mesmo para entregar-se ao outro, o que também é natural e saudável.
Entretanto, desobrigar-se também deve ser postura considerada quando não se está muito favorável ao momento social.
Dizer não e manter-se em solitude é, acima de tudo, autorespeito e autoconhecimento.
A solitude é, portanto, uma oportunidade. Uma oportunidade de liberdade e de silêncio.
É importante não confundir a solitude com o afastamento social total, pois a a solitude é ótima desde que você tenha alguém para contar que a solitude é ótima.
Este é ponto. Ser feliz sozinho é a comprovação de que se é capaz de ser independente, ainda que por momentos.
Para finalizar, fiquemos com o grande filósofo Schopenhauer: “Um homem pode ser ele mesmo apenas se está sozinho; e se ele não ama a solitude, ele não vai amar a liberdade; pois é apenas quando ele está sozinho que pode ser verdadeiramente livre”.
Referencias:
FRANCO, Divaldo Pereira. O Despertar do Espirito – Série Psicológica Joana de Ângelis (Livro 10). Ed. LEAL. 2014.
JUNIOR. Aldeniz Leite da Silva. “Da Obsessão à Liberdade Espiritual”. Ed. BARAUNA. 2011.
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