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Reencarnação: considerações Espíritas


Lívia Couto


"Já vivemos muitas vezes, estamos com as pessoas certas para ajustarmos os nossos corações e resolvermos os nossos problemas. Na reencarnação ninguém erra de endereço" (Chico Xavier).


A reencarnação é um conceito profundamente enraizado na perspectiva espiritual, ela é a crença de que a alma passa por uma série de vidas sucessivas em diferentes corpos físicos. Esta ideia transcende as fronteiras de várias religiões e tradições espirituais, sendo mais proeminente nas filosofias orientais e nas doutrinas espiritualistas, como o Espiritismo.


Allan Kardec, um dos principais estudiosos do Espiritismo, discutiu a reencarnação extensivamente em suas obras, como por exemplo, em “O Livro dos Espíritos”, “O Livro dos Médiuns” e “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, onde ele explora a reencarnação em detalhes, discutindo suas implicações éticas e filosóficas. Kardec enfatizou que a reencarnação é uma oportunidade para o crescimento espiritual contínuo, permitindo que a alma aprenda lições e evolua ao longo do tempo, argumentando que cada encarnação oferece uma chance de aprimorar virtudes, superar fraquezas e progredir em direção à perfeição espiritual (KARDEC, 2013). Logo, passamos por uma série de aprendizados em busca da evolução.


Outro autor influente e que precisamos destacar é Francisco Cândido Xavier, ou melhor, Chico Xavier, que por meio de suas comunicações mediúnicas trouxe mensagens de Espíritos que corroboravam a ideia da reencarnação como um processo educativo e regenerador. Ele defendia que as experiências passadas e a relação de causa e efeito entre as vidas são cruciais para o entendimento das adversidades enfrentadas em cada existência.


Assim, a visão espiritual sobre a reencarnação também se conecta com a referida Lei de Causa e Efeito, que sugere que as ações de uma vida têm consequências nas existências futuras. Este princípio reforça a ideia de que cada existência é uma oportunidade de equilibrar e purificar as ações passadas por meio do crescimento espiritual e da busca pela sabedoria (BACCELLI, 2000).


É preciso tratar a reencarnação não como um dogma, ou seja, aquilo que não deve ser discutido, mas devemos falar sobre a temática tanto em meio familiar, como social, já que se trata de uma Lei. Jesus deixou claro suas intenções com relação às Leis: “eu não vim derrubar as leis e sim fazê-las cumprir” (KARDEC, 2013, p. 44). Então, pelo Espiritismo, lembrando que esta é uma Doutrina que possui menos de 200 anos, podemos abordar o assunto e nos esclarecer, sanando nossas dúvidas. Não foi a Doutrina Espírita quem inventou, ou quem descobriu a reencarnação, mas foi ela que nos permitiu discutir e estudar sobre o assunto sem paradigmas e com auxílio fraterno.


A Doutrina Espírita faz crescer a importância de se falar sobre o tema, não apenas para compreensão prática, mas porque existe um motivo, uma justificativa. Reencarnar para que? Reencarnar por quê? Sabemos que é necessário para o processo evolutivo do Espírito, pois não conseguiremos atingir a plenitude que nós precisamos atingir em uma única encarnação, já que o nosso processo de desenvolvimento é lento. Assim, a discussão sobre o assunto nos ajuda também na compreensão da prática divina e no entendimento de graves problemas da humanidade.


Na perspectiva espiritual, a reencarnação oferece um contexto mais amplo para compreender a diversidade de situações e experiências humanas (KARDEC, 2013). Ela ajuda a explicar por que algumas pessoas parecem nascer em circunstâncias privilegiadas, enquanto outras enfrentam desafios significativos desde o início. Esta compreensão mais abrangente promove a empatia, a compaixão e a paciência diante das adversidades, considerando que cada indivíduo está em sua jornada única de aprendizado e crescimento espiritual.


Deste modo, a reencarnação é vista como um processo natural e contínuo, em que a alma passa por sucessivas encarnações em diferentes corpos físicos. Essas encarnações são vistas como oportunidades para o aprimoramento moral, intelectual e espiritual, permitindo que a alma aprenda com as experiências e evolua ao longo do tempo (KARDEC, 2013).


No contexto espírita, a reencarnação está intimamente ligada à Lei do Progresso e do livre-arbítrio, pois, com as múltiplas encarnações, a alma tem a oportunidade de aprender com suas ações passadas, redimir-se de erros e avançar em direção à perfeição espiritual. O livre-arbítrio é visto como uma ferramenta essencial neste processo, porque cada indivíduo tem a responsabilidade de fazer escolhas morais e éticas que influenciarão suas vidas futuras (BACCELLI, 2000).


Kardec nos demonstra que para nossa evolução é necessário nascer – morrer – renascer, sempre progredindo, assim é a Lei (KARDEC, 2022). Neste sentido, a Lei de Reencarnação possui duas bases imutáveis, uma seria a Misericórdia Divina com sua bondade e acolhimento, e cuja base principal é a justiça divina. Esta última explicaria o fato de estarmos na Terra e não em um mundo mais elevado, por exemplo. Com ela, descobrimos que ainda nos encontramos em um grau evolutivo no qual precisamos desta oportunidade que foi dada para nosso crescimento espiritual.


E para que possamos compreender esta jornada é preciso realizar nossa reforma íntima. Assim, não podemos fugir da “Lei de Amor”, ou seja, uma das principais lições que devemos aprender em nossa jornada é amar. Qual foi a lição que Jesus Cristo nos trouxe? A lição do perdão. É uma tarefa fácil? Não! Mas não é impossível e é necessária, mas só conseguiremos realizar essa tarefa agindo com amor. Para aprendermos a amar nós vamos precisar exercitar as nossas virtudes e com este exercício, conseguiremos alcançar o amor. Tais virtudes seriam a tolerância, a paciência, a benevolência, a humildade, a caridade, a capacidade de perdoar, por exemplo, e só as conseguimos praticando a reforma íntima.


Geralmente exercitamos estas virtudes no seio familiar, local que é a nossa base para aprendizagem, evolução e resgate de experiências passadas. Por muitas vezes, a família oferece um ambiente onde as almas se reúnem para cumprir compromissos e aprender lições necessárias para nossa evolução espiritual. Os familiares frequentemente desencadeiam situações que desafiam os membros a praticar a paciência, a compreensão, o perdão e a humildade, podendo também incentivar a prática de virtudes como o amor, a caridade, a solidariedade e o respeito mútuo, já que as dificuldades enfrentadas dentro da família oferecem oportunidades para cultivar a empatia e a compaixão.


A dinâmica familiar oferece ainda a chance de membros diferentes ajudarem uns aos outros em seus desafios pessoais, promovendo um conjunto de crescimento, já que cada membro tem a oportunidade de escolher suas ações, pensamentos e reações diante das situações cotidianas. Logo, as relações familiares oferecem oportunidades para aprender, evoluir, superar desafios passados ​​e presentes, além de cultivar o amor, a compaixão e a moralidade. Ao enfrentar as situações da vida em família, os indivíduos têm a chance de progredir espiritualmente em sua jornada rumo ao crescimento espiritual.


Com base em tudo que foi dito, percebemos que a reencarnação é um princípio central que fornece uma estrutura para compreender a jornada contínua da alma, suas experiências variadas e a busca pela evolução espiritual (KARDEC, 2022). Ela oferece uma visão otimista e esperançosa, enfatizando o poder do livre-arbítrio e da responsabilidade pessoal na busca pelo progresso moral e espiritual.


Em suma, a visão que o Espiritismo nos traz sobre a reencarnação é uma reflexão profunda sobre a jornada da alma através do tempo e das diferentes formas de vida. Ela ressalta a importância de aproveitar as oportunidades de crescimento, enquanto reconhece que cada vida é uma página em um livro maior do desenvolvimento espiritual. E como nos dizia Chico Xavier, e podemos assistir e ouvi-lo falar no documentário “Chico para Sempre”, a vida é muito mais do que uma simples contagem regressiva, por isso precisamos “amar sem esperar ser amado, sem esperar recompensa alguma, amar sempre” e fazer a caridade, pois assim alcançaremos nossa evolução.


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Referências:


BACCELLI, Carlos A. Evangelho de Chico Xavier. Votuporanga, São Paulo: Editora Espírita “Pierre-Paul Didier”, 2000.


CHICO PARA SEMPRE. Direção: Wagner de Assis. Produção Documentários Cinética. Ancine: Agência Nacional do Cinema, Brasília, 2022. Disponível na Star+. (120 min.).


KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, tradução de Guillon Ribeiro. 2013. Brasília/DF: Editora FEB.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, tradução de Guillon Ribeiro. 2022. Campos dos Goytacazes/RJ: Editora Letra Espírita.



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